quinta-feira, março 07, 2013

O Grande Truque

Dia 66 - Felipe P. 64
The Prestige - 2006
Dir Christopher Nolan
Elenco: Christian Bale, Hugh Jackman, David Bowie

Pensa rápido: quais são seus 3 diretores de cinema favoritos? Se me fizessem essa pergunta, eu responderia sem pensar duas vezes: Quentin Tarantino, David Fincher e Christopher Nolan.
Sim, sei que faltou aí um Scorcese, sei que vão me matar se eu disser que nunca vi um filme do Kurosawa (oh, Deus, que alma perdida!), deveria ter um diretor iraniano nessa lista, ok, ok, entendi. Mas a lista é minha, meninos e meninas. Só minha.
E hoje nós vamos falar de Christopher Nolan, mais precisamente daquele que considero seu melhor filme: O Grande Truque.
Sério? Aquele dos mágicos? Aquele que ninguém viu e que ninguém lembra?
Sério. Esse mesmo.
Passado na virada do século XIX para o século XX O Grande Truque conta a história de dois amigos, assistentes de palco de um mágico famoso que decidem seguir suas próprias carreiras como ilusionistas após a morte supostamente acidental da namorada de um deles durante uma apresentação. Eles são Robert Angier e Alfred Borden, respectivamente Hugh Jackman e Christian Bale.
Assim como em Amnésia, The Prestige é narrado de uma forma totalmente não linear, mas aqui a fórmula usada por Nolan anteriormente é aprimorada: não é só ir e voltar no tempo para atribuir complexidade a uma trama aparentemente simples. É contar a mesma história em vários tempos diferentes ao mesmo tempo. Não é que The Prestige não tenha uma linearidade. E sim que ele tem umas três ou quatro linearidades diferentes, sendo exibidas paralelamente.
E assim o filme mostra ascensão e queda, de Angier e Borden, desde os tempos em que dividiam palcos aos tempos em que não podiam se encontrar no mesmo raio de cem metros sem que um deles tomasse um tiro ou perdesse pedaços.
É o passo a passo de uma amizade que se tornou uma rivalidade sanguinária.
O Grande Truque é o filme do Nolan que mais se equilibra entre a arte e o blockbuster. Rodado imediatamente entre as gravações de Batman Begins e O Cavaleiro das Trevas, The Prestige foi escrito pelo próprio Nolan e por seu irmão e antigo operador de câmera, Jonathan Nolan, baseado num livro de mesmo nome do novelista Christopher Priest.
É um filme belíssimo, tanto como conceito quanto como visual. A fotografia de Wally Pfister, que acompanha Nolan por grande parte de sua carreira, confere ao filme um visual deslumbrante, misturando noite, névoa e luz como pouco se vê. Em 2010, Pfister recebeu o Oscar por seu trabalho em Inception, e costuma ser indicado em todas as vezes que trabalha com Nolan, inclusive por O Grande Truque.
A trama vai mais longe ainda quando se permite misturar-se a personagens históricos, quando ocorre a primeira grande reviravolta da trama e entra em cena ninguém menos que Nikola tesla, interpretado por David Bowie.
O personagem de Tesla surge com o objetivo de ajudar Angier a desenvolver o truque que vai fazer com que sua carreira seja alçada definitivamente ao sucesso e que seu nome seja conhecido por todos, mas algo dá errado e, ao mesmo tempo, inesperada e terrivelmente certo, fazendo com que tudo o que aconteça em seguida seja totalmente imprevisível.
Mesmo que pra isso seja necessário dar uma leve (nem tão leve assim) forçada de barra no roteiro, que se justifica quase que totalmente com o desenrolar da trama.
A inimizade de Angier e Borden os leva a atos impensáveis. Os levam a matar e mutilar um ao outro, a trair-se mutuamente, e a tentar superar-se das formas mais violentas, brutais e desonestas.
Não há heróis e vilões em O grande Truque, há apenas interesse e trapaça, mal se pode escolher um lado para qual torcer.
É um filme sobre amor e ódio, intenso e violento em cada uma de suas nuances. A magia aqui nada tem de “mágica”, mas de ciência. É uma magia metálica e sombria, forjada por máquinas malditas que são capazes de mudar e de manipular destinos.
Isso tudo e um elenco de apoio excelente, formado por Michael Caine, Andy Serkis, Rebecca Hall e a sempre espetacular Scarlett Johansson, com uma personagem vital à trama.
É um filme complexo, mas no final tudo, ou quase tudo é explicado, deixando ainda espaço para que o expectador mais empenhado formule suas teorias, interprete e crie seus próprios finais.
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