quarta-feira, março 20, 2013

Hybrid Theory - Linkin Park, ou: Um pulsar de chamas auditivas

Michel 75. Dia 79.

Pulsar de chamas auditivas.

Escutar Linkin Park e seu "Hybrid Theory" (2000) é como mergulhar numa correnteza de lava, ou navegar numa onda sonora. Você vê e sente ressonâncias, harmonias impossíveis, o casamento improvável entre música analógica e eletrônica, e a voz de um mesmo cara - Chester Bennington - soar suave e completamente visceral e agressiva na mesma música.


Linkin Park foi uma revolução na minha vida aos dezoito anos. Minha primeira camisa de banda, e eu escutava o "Hybrid Theory" no meu discman no máximo não importava onde eu estivesse, às vezes cantarolando baixo - ou alto - e todo mundo olhando para "aquele cara estranho com a camisa do Linkin Park".

Fuck you all, bastards.


Guitarras violentas, o Shinoda completamente insano, os vocais inacreditáveis do Chester... aquilo era demais para o cara certinho do subúrbio que ainda ia à igreja aos domingos.

Eu pirei. E como foi bom aquele gostinho de rebeldia, de saber que junto com meu sangue corriam rios de lava sonora. E eu, que começava a curtir Rock, tive o Linkin Park como Mestre de Cerimônia.

Non, je ne regrette rien.

Não era uma banda de bad boys. Eles não tinham uma ideologia formada, nem agiam contra o sistema. Só queriam fazer Rock de uma maneira diferente e original, e fazer a turma pensar um pouco com suas letras intimistas. Parafraseando Transformers, "mais do que os olhos podem ver/mais do que os ouvidos podem ouvir". Camadas e camadas de metal líquido em altas temperaturas descendo a uma velocidade estonteante em direção ao teu cérebro através do som surtado daqueles caras que surgiam ali como novidade.


Falar dos rumos que a banda tomou depois me deixa nostálgico e um pouco desapontado. Eles se acomodaram depois de "Meteora" (2003) - e eu voltarei a falar deste disco aqui no 01PD -, e começaram a fazer um som mais burocrático, mais genérico, mais popular. 

Pena. Mas isso acaba dando um valor de raridade aos dois primeiros, em especial ao "Hybrid Theory".

Cara, o disco inteiro é pancada, sem cansar, sem parar, não sei como o Chester não estoura a garganta. Mas vale cada grito, cada sussurro, cada violência das guitarras e da pickup do Shinoda.


Um retrato da juventude sem face do início do século XXI. Um grito diante do espelho, um murro e estilhaços que refletem um rosto sem identidade. Cansaço, tensão, desesperança: o mal do século é a hipocrisia.

"Hybrid Theory" é, com certeza, um dos melhores álbuns deste milênio. Um rock honesto, sujo e cansado. Um grito de socorro, uma promessa e uma maldição dita em voz alta.

Isso é Linkin Park.








Boa noite e até mais.

P.S.: Passei o dia pensando em postar este disco, e só agora a pouco fiquei sabendo que hoje é o aniversário do Chester Bennington. Então, parabéns, cara. Pela história do grupo, pela voz e pela entrega à música e ao Rock.

Live Long And Prosper.

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