Dia 45 - Felipe P. 43
Scott Pilgrim Vs. The World - 2010
Dir: Edgar Wright
Elenco: Michael Cera, Mary Elizabeth Winstead, Kieran Culkin
Scott Pilgrim Contra o Mundo é o Laranja Mecânica da nova
geração.
Pronto, cheguei chutando portas e levantando polêmicas e
eu sei que você vai me odiar por isso, mas essa é a mais pura verdade. Duvida?
Ok.
Scott Pilgrim (Michael Cera no papel de sua vida) é um
cara normal que vive no Canadá, um lugar gelado e sem graça numa galáxia não
muito distante. Ele divide um quarto com Wallace, seu amigo gay, toca baixo numa
banda de garagem chamada Sex Bob-Omb e namora uma colegial por que é mais
simples. Sua vida parece caminhar bem e dentro do planejado até o dia em que
ele conhece Ramona Flowers (mary Elizabeth Winstead, alçada ao status de
Musa-Nerd), uma americana ‘exilada’ em Toronto e tudo o que ele conhece por ‘vida’
perde sentido.
Sua simples e preciosa vidinha vira de cabeça pra baixo e
seu mundo passa a girar em torno da americana e de como chamar sua atenção. Até
o dia em que ele finalmente consegue convencê-la a sair e tudo foge ao controle
de vez.
Isso por que para ficar com Ramona, Scott precisará
enfrentar seus sete ex-namorados (dentre eles uma garota e dois irmãos gêmeos),
a sinistra Liga dos Ex-Namorados da Ramona.
O filme é permeado por referências e citações a games, músicas
e cultura nerd em geral, com uma trilha sonora incrível totalmente composta por
música independente, muitas das quais exclusivamente escritas para o filme por
bandas como Beck e Metric, algumas regravações inusitadas (como o cover
esquisitaço da música da Sade) e muita, mas muita trilha sonora de game. Personagens
carismáticos, vilões malucos e totalmente caricatos, história elétrica, o filme
não perde o ritmo nem a piada, não dá tempo de respirar.
Scott enfrenta os ex-namorados em lutas dignas de Dragon
Ball-Z e afins, com direito a voos, rajadas de energia e acrobacias típicas de
obras do gênero, todas bem coreografadas e totalmente frenéticas. Tudo isso
para enfeitar uma trama simples, porém complicada de um cara que teve o coração
partido por uma garota e desde então passou a buscar a simplicidade em relacionamentos
superficiais. Um drama digno de Closer – Perto Demais, com tudo o que tem de
dar errado dando errado, cheio de encontros e desencontros e de feridas
profundas, de passados assombrosos e paixões violentas. Há quem vá ser atingido
pela comédia avacalhada, há quem vá se identificar com o romance e há quem vá
achar uma babaquice sem precedentes, eu particularmente prefiro acreditar que seja
o próximo passo da evolução do cinema. Se todas as comédias românticas fossem
inteligentes e divertidas como Scott Pilgrim, o mundo seria um lugar melhor.
O tempo todo saltam etiquetas e onomatopeias na tela,
dando características aos personagens e desenvolvendo a história como um todo.
Flashbacks em forma de histórias em quadrinhos, meta linguagem pura e despreocupada,
o filme é quase interativo.
Scott Pilgrim Vs. The World conta com as participações de
atoes como Chris Evans, Brandon Routh e até uma micro aparição do Justiceiro Thomas
Jane como um policial da força especial vegan, que julga e executa os
infratores das leis do veganismo. Bom lembrar disso, por que a história
aproveita pra tirar um sarro bonito da geração saúde, um desserviço hilário,
aliás.
Vale lembrar que Scott Pilgrim adapta para as telas a HQ
independente de mesmo nome escrita pelo canadense Bryan Lee O'Malley que se
sustenta do sucesso de sua obra até hoje e dirigido por Edgar “The Dude” Wright.
Quanto à comparação a Laranja Mecânica no começo da postagem
(não deixe de frequentar o 01PD por isso, por favor), eu esclareço aqui: Os
dois narram histórias sobre jovens de uma forma bem diferenciada, cada um em
sua época, fazem uso de linguagens e meta linguagens próprias e dividem
opiniões. Alguns amam, outros odeiam, não existe meio termo e, entre outros
motivos que eu tinha bem vivos em minha cabeça antes de começar a escrever esse
texto, ambos conquistaram legiões de fãs e legiões de haters.
Você pode até não gostar de Scott Pilgrim, meu camarada.
Mas tenha em mente que em sua época, os velhos também odiaram Laranja Mecânica.
Outra coisa: Assim como Malcolm McDowell, Michael Cera
nunca mais fez nada bom em sua carreira... e os dois tem as iniciais MC, o que
não quer dizer absolutamente nada. NADA.
Ou é isso que eles querem que você pense...
-
Assista "Uma noite de amor e música", com o Cera e a Kat Dennings, e reveja isso dele não ter feito outros bons filmes.
ResponderExcluirFoi uma piada, cara...
ExcluirBazinga, né?
ResponderExcluir