segunda-feira, fevereiro 25, 2013

O Deus da Carnificina

Dia 56 - Felipe P. 54
Carnage - 2011
Dir:  Roman Polanski
Elenco:  Jodie Foster, Kate Winslet, Christoph Waltz e John C. Reilly

Dois garotos de colégio se metem numa briga e um deles acaba levando uma pancada na cabeça que causa um ferimento relativamente grave. Os pais dos dois se reúnem para tirar a situação a limpo de uma forma compreensiva e amistosa, cada um levando em consideração o lado do outro, tendo em mente que crianças fazem dessas coisas e eles, como adultos maduros, saberão resolver a situação da forma mais apropriada possível.
De um lado temos Kate Winslet e Christoph Waltz como os pais do agressor, do outro lado temos Jodie Foster e John C Reiliy, pais do outro garoto.
Apesar de todos concordarem em agir civilizadamente, pequenos desentendimentos surgem logo de início. Como qual o melhor termo empregar ao dizer que um dos garotos atingiu o outro com um pedaço de madeira: “armado” com um galho ou “portando” um galho.
Aos poucos, por conta de pequenos desentendimentos, os ânimos vão se alterando, as vozes vão se elevando e não demora até que o álcool entre na jogada e de repente, os quatro adultos maduros e cordiais estão se enfrentando totalmente fora de controle dentro de um apartamento minúsculo.
Verdades duras vão sendo ditas, detalhes omitidos vão sendo revelados, disfarces vão sendo desfeitos e, no fim das contas, cordialidade e civilidade dão lugar a agressões verbais e acusações, e os dois casais por muito pouco não saem no braço.
Dirigido por Roman Polanski, Carnage é uma comédia dramática que se passa inteiramente no mesmo cenário: o apartamento do casal cujo filho foi agredido.  Baseado em uma peça de mesmo nome, o filme segue a formula do teatro e, além do cenário único, se apoia principalmente e quase que totalmente nas atuações do quarteto principal.
Os quatro personagens centrais possuem personalidades distintas e conflitantes, cada um fingindo ser o mais normal possível, ou pelo menos se contendo ao máximo para não deixar escapar alguma coisa comprometedora, mas obviamente, algo sempre escapa.
Em certo ponto estão todos fora de si, as mulheres se agridem, John C Reilly se revela um sujeito agressivo, bem diferente do homem bondoso que demonstrava ser no começo da história, mas no fim das contas, com tudo o que acontece, eles acabam revelando quem são.
Como era de se esperar, Christoph Waltz rouba a cena com seu cinismo. O cara passa pelo menos 75% do filme falando ao celular, atrasando o andar das negociações e quando finalmente, nos poucos minutos em que se dispõe a conversar, acaba causando ainda mais desentendimento.
Carnage é um filme curto, porém irregular. Em momentos é extremamente ágil, ácido e prazeroso de ser visto, em outros é exagerado e arrastado, chegando a ser tedioso. As atuações oscilam no mesmo ritmo, ganhando uma cara muito exagerada de produção teatral.
É a pura arte de gritar, bater e espernear e não chegar a lugar nenhum. Se a diplomacia por si só parece não levar a nada, a agressão acaba por levar a algum lugar, mesmo que não seja agradável.
Não é uma comédia pra dar risadas e ver com a galera, é algo que tem uma densidade maior e não deve agradar a todos, exatamente por isso. Mesmo com seus altos e baixos, é um tipo de humor diferente do que estamos acostumados a ver por aí e conta com um elenco excelente e um roteiro excepcional.
Uma verdadeira carnificina.
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3 comentários:

  1. Oi. Não entendo como um filme tão bem referenciado no artigo como “O Deus da Carnificina” recebeu só 3 luas e meia de nota, e um filme tão recriminado em suas falhas como “Valente” tenha recebido 3 luas.

    Pode completar a avaliação para conseguirmos diferenciar onde Carnage deixou a desejar e onde Brave se salvou, para as notas serem tão próximas? Ou uma das notas que está em desacordo com a crítica? (meu, como é difícil definir critérios objetivos em algo tão subjetivo quanto um artigo opinativo!!!! Independente de tudo, parabéns pelos artigos, Felipe!)

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  2. Opa, eu não havia lido direito a parte onde se comenta "tedioso" e irregular aqui no Carnage (maldita leitura seletiva!) por favor Felipe, ignore meu comentário anterior

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    1. Sem problemas!
      Mesmo assim o comentário anterior é válido por que, se tratando de filmes tão diferentes como Carnage e Brave, é muito difícil comparar méritos.
      Ou seja, eu posso dar 3 luas para um filme que não gostei tanto e dar as mesmas três luas para um filme do qual gostei bastante, o que vai contar mesmo é o que está no texto, a classificação é meramente ilustrativa, entende?
      :)

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