Dia 48 - Felipe P. 46
The raven - 2012
Dir: James McTeigue
Elenco: John Cusack, Alice Eve, Luke Evans.
James McTeigue cometeu Ninja Assassino e disso eu jamais
o perdoarei. E foi com o coração cheio de rancor que fui ver seu mais recente
trabalho, O Corvo, esperando que fosse ser mais uma atrocidade cinematográfica
vagabunda e, admito que estava tomando como referência as fontes erradas e a
opinião de gente que já me desapontou bastante, mas...
Deixemos de lado os ovos podres, né?
O que posso adiantar é que The Raven foi uma boa
surpresa.
A história diz que no dia 3 de outubro de 1849 Edgar
Allan Poe, um dos mais importantes escritores de literatura gótica da história,
foi encontrado em uma rua de Baltimore, Maryland, delirando e à beira da morte,
vestindo roupas que não eram suas e dizendo apenas
“It's all over now: write Eddy is no more”
O que aconteceu antes disso, ninguém sabe ao certo, mas o
que se conta é que aquelas foram suas últimas palavras antes de morrer por
razões desconhecidas. Sempre houve teorias sobre as razões de sua morte, mas
nunca se chegou a uma conclusão, o que por si só daria uma boa história. Logo é
mais que esperado que um diretor de reputação duvidosa (e competência idem)
viesse a inventar um monte de sandices sobre o caso e lançar nos cinemas.
Natural.
Aí era só pegar um enredo batido sobre um assassino que
copia os crimes descritos por um autor famoso, colocar o John Cusack no papel
principal e voilá! Temos um filme, bastante básico, admito, bastante primitivo
e até um tanto preguiçoso.
Tudo começa quando mãe e filha são assassinadas dentro de
casa. A porta está trancada, a janela está lacrada com pregos e não há saída,
exceto a chaminé, mas a filha já havia sido enfiada lá dentro, então realmente
não há por onde fugir. Mas mesmo assim, o assassino fugiu. A morte brutal choca
os policiais que investigam o caso, a fuga do assassino, enganando a todos, os
confunde e os deixa sem norte. Até o momento em que entra em cena o Detetive
Fields, interpretado por Luke Evans e todas as vezes que ele aparece em cena eu
sinto vergonha por me lembrar que ele foi Zeus na versão GLBT da mitologia
grega “Imortais”. O detetive, jovem e destemido, obviamente destemido, percebe
logo de cara algo de familiar no crime e descobre como e por onde o assassino
fugiu. Tudo por que ele havia lido isso no livro de um autor chamado Edgar
Allan Poe.
Poe logo de cara se torna suspeito e acaba por ser
inocentado por que não tem mãos grandes (assista o filme e isso vai soar bem
menos ridículo, mas ainda assim, simples demais), mas se torna o consultor
criminal do detetive. Isso por que o assassino passa a cometer outros crimes,
mais e mais crimes, cada um mais macabro e elaborado, cada um mais fiel à obra
do homem que o inspirou.
O Corvo toma um rumo bastante previsível, na verdade,
todas as decisões tomadas são bastante previsíveis, mas no momento exato em que
a personagem de Alice Eve é apresentada, a doce e linda (não sei como ela ficou
bonita, eu acho a Alice Eve muito esquisita, cara) Emily Hamilton. Aliás, eu
vou falar aqui sobre a Alice Eve...
A Alice Eve tem uma cara de louca, no sentido clínico da
coisa.
O sorriso dela me dá arrepios, ela te olha de um jeito
assustador, parece que vai te matar... Ela é bonita e tudo, mas tem uma cara de
psicopata...
Pra deixar as coisas mais assustadoras, ela tem
heterocromia, ou seja, ela é mutante (e com orgulho) e imune ao vírus zumbi.
Se bem que ela já tem cara de quem vai te morder, mas
mesmo assim, ela ficou bonita no filme, principalmente por que ela sorri de
boca fechada, aí me intimida menos.
Enfim, logo na cena em que ela aparece, você percebe que
ela é linda e doce demais pra ser uma personagem interessante à trama, logo das
duas uma, ou ela vai morrer ou vai ser raptada pelo assassino e servir ao seus
jogos mortais e, That’s a Bingo! Segunda opção.
Seria mais bacana se Poe e Fields tivessem um background
mais antigo, se tivessem uma história passada que desenvolvesse melhor sua
relação, por que a empatia que o detetive demonstra por Poe é meio
inexplicável, ele começa esculachando o cara e dez minutos depois passa a tratá-lo
como o melhor amigo, sem sentido nenhum, o que é diminuído e nem chega a
incomodar tanto. Graças à boa atuação de Cusack e Evans, os dois funcionam
muito bem juntos, Cusack faz o seu habitual, ligeiramente mais surtado e muito
mais tagarela, papel e Evans é um ator bastante confiante, levaria um filme
como protagonista na boa.
O clima de tensão, de suspense é bem desenvolvido, a cada
assassinato e a cada pista deixada pelo assassino, as coisas vão ficando mais
pesadas, as mortes vão ficando mais elaboradas, o ritmo vai ficando mais
corrido.
A motivação do assassino, quando revelada, é extremamente
óbvia, na verdade, logo nos primeiros minutos, ela é esfregada na cara do
expectador de um modo que, quando Poe e o assassino estabelecem contato pela
primeira vez, você saca logo qual é a dele e é impossível não ficar
decepcionado com ela, facepalm, facepalm nível de quebrar o nariz da pancada.
Mesmo assim, quando o assassino se revela, a mudança de
atitude e de expressão do ator que o interpreta (apesar de exagerada) é
notável. O cara é bem competente, tem um sorriso maníaco tão assustador quanto
o da Alice Eve.
Tirando alguns defeitos, eu admito que fiquei surpreso
com a qualidade do longa, McTheigue não reconquistou meu respeito, mas está
próximo de conseguir meu perdão, apesar de eu não compreender como um sujeito
que dirigiu V de Vingança seja capaz de defecar Ninja Assassino, eu admito que
ele mandou bem aqui e que estou disposto a ver seus próximos trabalhos sem
tanto peso no coração.
PS: Burn My Shadow no final torna qualquer filme uma obra prima.
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Você se supera a cada novo post...
ResponderExcluirVindo de você, significa muito, cara.
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