Por Lucas Santhyago Brandão:
Os X-Men num vendiam muito bem, sabe? Foram cancelados, e
voltaram em republicações. Até que um dia, Len Wein resolveu retomar a equipe,
e colocou em suas fileiras alguns dos personagens mais adorados pelos fãs:
Tempestade, Colossus, Noturno, Solaris, Banshee, Wolverine e Pássaro
Trovejante, cada qual de um canto do mundo! Tudo isso em uma edição, Giant Size
X-Men 1, de 1975, tendo como vilã Krakoa, a ilha viva! A trama é bem simples,
os X-Men foram pegos pela ilha e somente Scott Summers conseguiu escapar para
contar tudo ao Professor Xavier, que precisou recrutar novos mutantes para
resgatar os antigos. Estes novos mutantes ele encontrou por meio da tecnologia
rastreadora que todos conhecemos, o Cérebro. O que chama atenção mesmo é a
originalidade e diversidade dos personagens.
O primeiro recrutado é
Noturno, em Winzeldorf, na Alemanha, nos Alpes da Baviera, um "pequeno
vilarejo que pouco mudou nos últimos séculos". O jovem estava sendo
perseguido por fanáticos religiosos por sua aparência demoníaca,
especificamente, azul com cauda e orelhas pontiagudas. E dentes pontiagudos, e
não esqueçamos dos olhos amarelos. Sua história é brevemente explicada, fugiu
de um circo onde era atração e tornou-se alvo de perseguição. A única coisa que
ele queria era ser livre. Quando tenta combater seus perseguidores, leva um
pequena surra e é interrompido pelo Professor Xavier, que para todos ali como
no filme "X-Men 2". De início, Kurt Wagner quer que o Professor o
torne um homem normal, mas diante do caos que o homem normal lhe causou,
Noturno decide: "Tudo que desejo é ser eu mesmo!" Uma representação
muito legal do primeiro mutante que não consegue se passar por normal que entra
para os X-Men. Por um tempo usou um adaptador holográfico pra aparecer em
público, mas depois de perder uma aposta com o Wolverine (risos) passou a sair
por aí azulão numa boa!
Depois de Noturno, é a vez do
carcaju Wolverine, no Canadá, em bases militares do Programa Arma X. O
personagem já havia aparecido numa memorável luta contra o Hulk em uma revista
também escrita por Len Wein. Nessa mesma revista do Hulk o Wendigo fazia
participação, um outro personagem de certa importância no universo mutante,
criado na revista do Hulk por Steve Englehart. De cara, Logan tem um jeito de
agir e de falar muito próprio, o típico grosseirão, está pouco se lixando pro
Professor Xavier mas se lixa menos ainda pro trabalho como espião canadense.
Ameaça seu chefe e vai embora com o careca da cadeira de rodas, sem nem pensar
muito sobre. Simplesmente tinha cansado do "jogo sujo de espionagem".
Quem diria que esse personagem se tornaria peça central na Marvel, hein?
No sul dos EUA, Banshee, numa
cena rápida e clara. O personagem com poderes ultrassônicos estava a assistir
um show musical (risos). Isso foi interessante no trabalho do Wein, o personagem
de cultura mais similar aos X-Men originais não precisava ser tão apresentado
como foram os outros.
No Quênia, uma jovem
Tempestade era glorificada como deusa por nativos por conta de seus poderes. As
primeiras cenas da personagem são cheias de sensualidade, com ela pouco vestida
em meio a todo um ritual de harmonia entre ela e o céu. A personagem vai com o
Professor Xavier por pura confiança.
Em Osaka, no Japão, Xavier
parte para encontrar alguém que já conhecia, o rico Solaris, que não gosta do
mundo ocidental, é um pouco arrogante sim, mas aceita a proposta do careca do
X. Na União Soviética, o forte Colossus ajudava sua família numa fazenda. Piotr
aparece salvando sua irmã, Illyana, de ser atropelada por um trator
desgovernado. Ah se ele soubesse o trabalho que essa irmã daria depois... Então
o Professor Xavier chega, e rola uma cena geopolítica:
Por último, Pássaro Trovejante, um apache do Arizona, nos
EUA. Está cansado da decadência de sua tribo, que não é mais de guerreiros, mas
de anciões que sentam-se dia após dia para lamentar e recordar do passado.
Quando John Proudstar caçava um búfalo, o Professor o apareceu:
Relutante, John aceitou. Bom pensar como a ideia do
apache forte faz lembrar a um dos Superamigos da Hannah Barbera adaptando a DC.
Enfim, lá estavam os novos X-Men. Noturno interage bem com o time, Solaris não,
Colossus não se preocupa com seus limites, e assim vai. Polaris e o Professor
Xavier são mostrados no ápice de seus poderes até então, Tempestade se equipara
aos dois poderosos, junto de Solaris, este mais ofuscado por sua arrogância
característica. Krakoa é vencida num conflito complicado, e o Anjo então joga a
dúvida: "O que vamos fazer com treze X-Men?"
Bem, se eles achavam que não
sabiam, se assustariam com o número de X-Men nos dias atuais, é mutante que não
acaba mais.
Antes de mais nada, um
factóide que esqueci de comentar sobre os anos 60, a saída do Fera dos X-Men,
quando deixa de ser um adolescente do X e cansa de se esconder, vai viver por
aí com seus conhecimentos científicos, passa até por outras equipes. Numa
dessas aventuras, trabalhando com sua assistente/namorada na Corporação Brand
numa divisão de pesquisa genética, ele acaba se auto-infligindo um processo de
mutações constantes irreversível e se torna o Fera azul e peludo que
conhecemos. Nos anos 70, passou um tempo nos Vingadores, depois nos Defensores
junto de Anjo e Homem de Gelo, e depois os três, junto a Ciclope e Jean Grey,
formam o X-Factor, reunindo mais uma vez os cinco X-Men originais, em 1986.
Desse time falaremos em outro texto. Fera nunca esqueceu os X-Men, apesar do
tempo lá e cá, sempre rolava umas aparições esporádicas.
Mas podemos adiantar que o
X-Factor surgiu justamente pra recuperar o auge dos X-Men originais depois que
os anos 70 muito focaram no time diversidade. Porque tanto foco no time
diversidade? Porque apesar da fofa piada do Anjo quanto a lidar com treze
X-Men, a Marvel não pensava bem nisso. Os novos mutantes eram um jeito de
restaurar a equipe mesmo, porque o passado não tinha dado certo, em números de
vendas. E o time diversidade e as histórias subsequentes enriqueceram muito o
universo mutante, descentralizando a picuinha Xavier-Magneto e abrindo
oportunidade para histórias cada vez mais novas e diferentes.
O primeiro passo de Chris
Claremont em Uncanny X-Men 94 foi a despedida dos X-Men originais, que queriam
ir viver uma vida normal, deixando somente Ciclope para liderar a nova equipe.
Ele queria ter ido com Jean, mas não tinha fé numa vida comum com seus olhos
disparando rajadas não muito fáceis de controlar. A despedida dos dois foi uma
bela cena. Os únicos personagens não muito bem aproveitados de início por
Claremont foram Solaris, que abandonou o time, e Pássaro Trovejante, que morreu.
Claremont escreveu os X-Men por dezesseis anos e acrescentou elementos diversos
a sua mitologia, sob artes incríveis de gente até como John Byrne. Comentarei
tudo isso no próximo artigo. Até a próxima.
Nota de rodapé: Giant Size
X-Men 1 consagrou a Krakoa como um ritual de renovação dos mutunas. Em
Wolverine & The X-Men, recente ritual de renovação que ainda será
comentado, olha só quem aparece pra atazanar os filhos do átomo:
E não se esqueçam de visitar o http://contos-escrotos2.blogspot.com.br/
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