sexta-feira, fevereiro 08, 2013

Mudam Os Leitores, Mudam Os X-Men - Parte 2


Por Lucas Santhyago Brandão:
Os X-Men num vendiam muito bem, sabe? Foram cancelados, e voltaram em republicações. Até que um dia, Len Wein resolveu retomar a equipe, e colocou em suas fileiras alguns dos personagens mais adorados pelos fãs: Tempestade, Colossus, Noturno, Solaris, Banshee, Wolverine e Pássaro Trovejante, cada qual de um canto do mundo! Tudo isso em uma edição, Giant Size X-Men 1, de 1975, tendo como vilã Krakoa, a ilha viva! A trama é bem simples, os X-Men foram pegos pela ilha e somente Scott Summers conseguiu escapar para contar tudo ao Professor Xavier, que precisou recrutar novos mutantes para resgatar os antigos. Estes novos mutantes ele encontrou por meio da tecnologia rastreadora que todos conhecemos, o Cérebro. O que chama atenção mesmo é a originalidade e diversidade dos personagens.

O primeiro recrutado é Noturno, em Winzeldorf, na Alemanha, nos Alpes da Baviera, um "pequeno vilarejo que pouco mudou nos últimos séculos". O jovem estava sendo perseguido por fanáticos religiosos por sua aparência demoníaca, especificamente, azul com cauda e orelhas pontiagudas. E dentes pontiagudos, e não esqueçamos dos olhos amarelos. Sua história é brevemente explicada, fugiu de um circo onde era atração e tornou-se alvo de perseguição. A única coisa que ele queria era ser livre. Quando tenta combater seus perseguidores, leva um pequena surra e é interrompido pelo Professor Xavier, que para todos ali como no filme "X-Men 2". De início, Kurt Wagner quer que o Professor o torne um homem normal, mas diante do caos que o homem normal lhe causou, Noturno decide: "Tudo que desejo é ser eu mesmo!" Uma representação muito legal do primeiro mutante que não consegue se passar por normal que entra para os X-Men. Por um tempo usou um adaptador holográfico pra aparecer em público, mas depois de perder uma aposta com o Wolverine (risos) passou a sair por aí azulão numa boa!

Depois de Noturno, é a vez do carcaju Wolverine, no Canadá, em bases militares do Programa Arma X. O personagem já havia aparecido numa memorável luta contra o Hulk em uma revista também escrita por Len Wein. Nessa mesma revista do Hulk o Wendigo fazia participação, um outro personagem de certa importância no universo mutante, criado na revista do Hulk por Steve Englehart. De cara, Logan tem um jeito de agir e de falar muito próprio, o típico grosseirão, está pouco se lixando pro Professor Xavier mas se lixa menos ainda pro trabalho como espião canadense. Ameaça seu chefe e vai embora com o careca da cadeira de rodas, sem nem pensar muito sobre. Simplesmente tinha cansado do "jogo sujo de espionagem". Quem diria que esse personagem se tornaria peça central na Marvel, hein?

No sul dos EUA, Banshee, numa cena rápida e clara. O personagem com poderes ultrassônicos estava a assistir um show musical (risos). Isso foi interessante no trabalho do Wein, o personagem de cultura mais similar aos X-Men originais não precisava ser tão apresentado como foram os outros.

No Quênia, uma jovem Tempestade era glorificada como deusa por nativos por conta de seus poderes. As primeiras cenas da personagem são cheias de sensualidade, com ela pouco vestida em meio a todo um ritual de harmonia entre ela e o céu. A personagem vai com o Professor Xavier por pura confiança.

Em Osaka, no Japão, Xavier parte para encontrar alguém que já conhecia, o rico Solaris, que não gosta do mundo ocidental, é um pouco arrogante sim, mas aceita a proposta do careca do X. Na União Soviética, o forte Colossus ajudava sua família numa fazenda. Piotr aparece salvando sua irmã, Illyana, de ser atropelada por um trator desgovernado. Ah se ele soubesse o trabalho que essa irmã daria depois... Então o Professor Xavier chega, e rola uma cena geopolítica:
Por último, Pássaro Trovejante, um apache do Arizona, nos EUA. Está cansado da decadência de sua tribo, que não é mais de guerreiros, mas de anciões que sentam-se dia após dia para lamentar e recordar do passado. Quando John Proudstar caçava um búfalo, o Professor o apareceu:
Relutante, John aceitou. Bom pensar como a ideia do apache forte faz lembrar a um dos Superamigos da Hannah Barbera adaptando a DC. Enfim, lá estavam os novos X-Men. Noturno interage bem com o time, Solaris não, Colossus não se preocupa com seus limites, e assim vai. Polaris e o Professor Xavier são mostrados no ápice de seus poderes até então, Tempestade se equipara aos dois poderosos, junto de Solaris, este mais ofuscado por sua arrogância característica. Krakoa é vencida num conflito complicado, e o Anjo então joga a dúvida: "O que vamos fazer com treze X-Men?"

Bem, se eles achavam que não sabiam, se assustariam com o número de X-Men nos dias atuais, é mutante que não acaba mais.

Antes de mais nada, um factóide que esqueci de comentar sobre os anos 60, a saída do Fera dos X-Men, quando deixa de ser um adolescente do X e cansa de se esconder, vai viver por aí com seus conhecimentos científicos, passa até por outras equipes. Numa dessas aventuras, trabalhando com sua assistente/namorada na Corporação Brand numa divisão de pesquisa genética, ele acaba se auto-infligindo um processo de mutações constantes irreversível e se torna o Fera azul e peludo que conhecemos. Nos anos 70, passou um tempo nos Vingadores, depois nos Defensores junto de Anjo e Homem de Gelo, e depois os três, junto a Ciclope e Jean Grey, formam o X-Factor, reunindo mais uma vez os cinco X-Men originais, em 1986. Desse time falaremos em outro texto. Fera nunca esqueceu os X-Men, apesar do tempo lá e cá, sempre rolava umas aparições esporádicas.

Mas podemos adiantar que o X-Factor surgiu justamente pra recuperar o auge dos X-Men originais depois que os anos 70 muito focaram no time diversidade. Porque tanto foco no time diversidade? Porque apesar da fofa piada do Anjo quanto a lidar com treze X-Men, a Marvel não pensava bem nisso. Os novos mutantes eram um jeito de restaurar a equipe mesmo, porque o passado não tinha dado certo, em números de vendas. E o time diversidade e as histórias subsequentes enriqueceram muito o universo mutante, descentralizando a picuinha Xavier-Magneto e abrindo oportunidade para histórias cada vez mais novas e diferentes.

O primeiro passo de Chris Claremont em Uncanny X-Men 94 foi a despedida dos X-Men originais, que queriam ir viver uma vida normal, deixando somente Ciclope para liderar a nova equipe. Ele queria ter ido com Jean, mas não tinha fé numa vida comum com seus olhos disparando rajadas não muito fáceis de controlar. A despedida dos dois foi uma bela cena. Os únicos personagens não muito bem aproveitados de início por Claremont foram Solaris, que abandonou o time, e Pássaro Trovejante, que morreu. Claremont escreveu os X-Men por dezesseis anos e acrescentou elementos diversos a sua mitologia, sob artes incríveis de gente até como John Byrne. Comentarei tudo isso no próximo artigo. Até a próxima.

Nota de rodapé: Giant Size X-Men 1 consagrou a Krakoa como um ritual de renovação dos mutunas. Em Wolverine & The X-Men, recente ritual de renovação que ainda será comentado, olha só quem aparece pra atazanar os filhos do átomo:

E não se esqueçam de visitar o http://contos-escrotos2.blogspot.com.br/

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