sábado, fevereiro 16, 2013

Jumanji

Dia 47 - Felipe P. 45
Jumanji - 1995
Dir: Joe Johnston
Elenco: Robin Williams, Kirsten Dunst, Bradley Pierce, James Handy.

Alguns filmes resistem ao tempo bravamente, a despeito da defasagem tecnológica, indiferente à evolução frenética de técnicas de filmagem e de concepção de efeitos especiais. Alguns deles são tão bem concebidos em seu tempo que chegam aos dias atuais mais bem feitos que alguns filmes mais recentes. É o caso de Jumanji, do qual falaremos hoje.
Jumanji conta a história de um casal de irmãos, Judy (Kirsten Dunst) e Peter (Bradley Pierce), que encontram em sua nova casa um jogo de tabuleiro misterioso e começam a jogar o tal Jumanji que dá título ao filme. No decorrer da partida coisas estranhas vão acontecendo e, ao final da segunda rodada de jogo, o mais longe que os dois conseguem ir, dentro da casa já tem um leão, um bando de macacos selvagens e o Robin Williams.
O lance é que o jogo é enfeitiçado, ou amaldiçoado, e transforma completamente a realidade de quem começa a jogá-lo e o único jeito de fazer tudo voltar ao normal é chegando ao fim do jogo com vida. Além de tudo, há uma grande possibilidade de você ser tragado para uma realidade paralela dentro do próprio Jumanji, sumindo para sempre no seu próprio mundo, exatamente o que aconteceu com Alan, personagem de Robin Williams, trancado por vinte e seis anos num mundo completamente selvagem, sendo caçado por um lunático que o persegue até o inferno, se necessário e acaba no nosso mundo quando Alan retorna.
Jumanji tem uma história rica e inteligente, que poderia facilmente se desdobrar numa trilogia de sucesso. Isso por que o começo do filme, passado em 1869, mostra dois garotos numa floresta, no meio da noite, num climão assustador, se livrando do tal jogo, aos sussurros, como se quisessem não acordar alguma coisa. A história dos dois, mostrada em pouquíssimos minutos, por si só daria uma primeira parte de trilogia bacaníssima, podia até ter um clima mais pesado, tranquilamente. A segunda parte mostraria o exílio de Alan na floresta do jogo, logo após ser tragado para dentro dele e, a terceira, mostraria os dias atuais, o filme em si. Fica a dica para os produtores que decidiram rebotar o bagulho.
Já nos dias atuais, depois de muito sofre para convencer Alan a jogar novamente, os dois irmãos, órfãos que vivem com uma tia, passam por maus bocados. Conforme o tempo vai passando e os dados vão sendo rolados, a situação que se resumia a macacos, leões e insetos gigantes, vai tomando proporções inimagináveis. Se antes a casa estava em perigo, quando se aproxima do final, a cidade inteira está envolta em caos e destruição: elefantes caminham na rua, insetos gigantes atacam pessoas, macacos causam acidentes, o tal caçador psicopata chega a roubar lojas de armas para pegar Alan, O Horror! O Horror!
E conforme vai passando, as coisas vão ficando mais divertidas e mais absurdas.
E Joe Johnston, o diretor, um sujeito capaz de ir do céu ao inferno no mesmo trabalho, é um tremendo cara de pau. O sujeito abre mão de qualquer coisa em prol da aventura e da ação, qualquer coisa mesmo. Você assiste Jumanji e, em certos momentos, não acredita no que tá vendo, coisas que fora de contexto acabariam com qualquer obra. Em certo ponto, com o público já imerso naquela maluquice toda, o cara chuta o balde, investe em comédia pastelão, humor físico, caretas bizarras e você tá tão afundado naquela coisa que nem se incomoda. É o mesmo cara que fez um celular tocar dentro da barriga de um T-Rex em Jurassic Park 3, o mesmo sujeito que meteu raios laser em Capitão América, o mesmo cara que fez Antony Hopkins bombado em O Lobisomem... Para Johnston o filme tem que divertir a qualquer custo e, por essa coragem/loucura/cara de pau, eu admiro demais esse sujeito. Por pior que seja o roteiro, se Johnston estiver envolvido, a coisa vai ao menos divertir.
E é sempre bom lembrar que esse é o mesmo sujeito que dirigiu um dos primeiros filmes de herói do qual se tem notícia: Rocketeer, que tinha Timothy Dalton (!!!) como vilão e um herói que voava graças a uma mochila.
Se você pegar Jumanji hoje em dia e coloca-lo lado a lado com um Star Wars – A Ameaça Fantasma, por exemplo, você percebe a superioridade técnica do mais antigo. Esse é um daqueles que você senta e assiste e nem se incomoda, não dói nada. Os efeitos são competentes, cumprem seu propósito, as atuações são convincentes, assusta quando quer, diverte o tempo todo e quase não envelheceu.
Só peca no ritmo de montanha russa que me incomoda um bocado, mas nem isso te tira do filme.
Jumanji, baseado na obra de Chris Van Allsburg (autor de Expresso Polar), ganhou uma refilmagem não assumida em 2005, Zathura, que rendeu ao diretor Jon Favreau, o comando de Homem de Ferro  em 2008. E há rumores de que em breve será rebotado como uma franquia e, se os produtores forem espertos, eles seguirão meu conselho.
;)
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