The Lookout - 2007 (não confundir com Lockout de 2012)
Dir: Scott Frank
Elenco: Joseph Gordon-Levitt, Matthew Goode, Jeff Daniels, Isla Fisher, Carla Gugino, Bruce McGill.
Uma vez ou outra a gente encontra aquele filme que
surpreende. Aquele do qual você nunca ouviu falar, apesar do bom elenco e da
boa recepção do pouco público que conhece. O Vigia é um desses casos.
The Lookout de 2007 conta a história de Chris Pratt (Joseph
Gordon-Levitt before it was cool), um ex-jogador de hockey que se envolveu num
acidente estúpido que custou a vida de dois amigos, o fim de seu namoro e causou
um dano permanente a seu cérebro. Seis anos após o acidente, Chris, que antes
tinha um futuro promissor, agora trabalha como zelador noturno de um banco no
Kansas, um daqueles bancos pequenos de esquina de bairro. Sua vida desmoronou:
ele sofre de perda constante de memória, oscilações de humor, por vezes
simplesmente apaga não importa o que esteja fazendo e passou a frequentar
psicólogos e encontros de pessoas com deficiência. Além disso divide uma casa
com Lewis (Jeff Daniels, clichê dizer que ele está excelente???), um cara que
perdeu a visão por fabricar anfetamina durante a juventude, o que o dá uma
falsa sensação de independência. Os pais ricos o bancam e pagam seu aluguel e
tudo parece estar muito certo e muito bem, apesar de seus problemas acima
citados, sua vida parece estar finalmente entrando nos trilhos, depois de seis
anos de recuperação.
É quando Chris conhece Gary(Matthew Goode), um cara
bonitão e confiante que qualquer pessoa com todos os parafusos na cabeça perceberia
que não é flor que se cheire. O que obviamente não é o caso de Chris. Gary se
aproxima de Chris falando sobre seus problemas, seu acidente e seu passado como
jogador, usa uma garota, Luvlee (Isla Fisher, belíssima), para seduzir o cara,
forçar a aproximação e, quando conquista sua confiança, decide jogar na cara de
Chris o quanto sua vida se afundou em mediocridade depois do acidente. O quanto
sua família não confia nele e todos ao seu redor apenas sentem pena dele.
Por que? Porque ele tem um objetivo: usar Chris para
roubar o banco do qual o cara toma conta à noite.
O Vigia é um filme pequeno, daqueles, não tem potencial
de sucesso estrondoso. É o primeiro longa metragem dirigido por Scott Frank (o
segundo está em produção e se chama “A Walk Among the Tombstones” e tem Liam
Neeson no elenco) que também escreve a história. É um daqueles filmes que não
faz barulho, mas tem bastante pra contar. O drama de Chris, o suspense de Gary,
o romance que se desenvolve sem querer entre o cara e a garota... É uma trama
de camadas.
É o típico roteiro de clímax: uma trama que se desenvolve
sem grandes surpresas e que culmina numa situação extremamente tensa e
gigantesca em comparação ao que foi mostrado até então. E quando isso acontece,
com todas as suas variáveis, todas as suas possibilidades de dar errado, que o
espectador percebe o quanto tudo estava amarrado. Pequenas inserções durante
toda a trama, coisas aparentemente sem importância, detalhes que passam
despercebidos até o momento crítico... É uma história pensada peça por peça.
Um ponto forte de Scott Frank são seus personagens,
cheios de detalhezinhos, cheios de peculiaridades, até o menor deles, o que tem
menos falas consegue causar a impressão desejada. É o caso de Bone, um parceiro
de crime de Gary. O cara aparece em cena sempre nos cantos, sempre fora de
vista, com seus cabelos grandes e seus óculos escuros, mais parece um
personagem de Anjos Rebeldes, exalando perigo. O próprio Gary parece uma bomba
relógio ambulante, você percebe que o cara tá se segurando pra não fazer uma
besteira antes da hora, você nota que ele tá sendo muito paciente, muito
compreensivo, tolerante... Simplesmente bom demais pra ser verdade... Os vilões
do filme, esses dois em especial, já valem.
Apesar de tudo, O Vigia não é um para ver e rever, o
momento final é aquilo pelo que se espera e, quando se resolve e você sabe como
acaba, não adianta ver outra vez, não vai ter a mesma sensação. Dá pra fazer
uma lista de filmes assim: Identidade, Paranoia, O terminal... Todos ótimos
filmes, mas você dificilmente os verá outra vez.
Não que isso os diminua em alguma coisa.
Mas é sempre bom rever bons filmes e ver que eles
resistem bem a isso.
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