domingo, janeiro 20, 2013

O Vigia

Dia 20 (!!!!) - Felipe P. 20

The Lookout - 2007 (não confundir com Lockout de 2012)
Dir: Scott Frank
Elenco: Joseph Gordon-Levitt, Matthew Goode, Jeff Daniels, Isla Fisher, Carla Gugino, Bruce McGill.

Uma vez ou outra a gente encontra aquele filme que surpreende. Aquele do qual você nunca ouviu falar, apesar do bom elenco e da boa recepção do pouco público que conhece. O Vigia é um desses casos.
The Lookout de 2007 conta a história de Chris Pratt (Joseph Gordon-Levitt before it was cool), um ex-jogador de hockey que se envolveu num acidente estúpido que custou a vida de dois amigos, o fim de seu namoro e causou um dano permanente a seu cérebro. Seis anos após o acidente, Chris, que antes tinha um futuro promissor, agora trabalha como zelador noturno de um banco no Kansas, um daqueles bancos pequenos de esquina de bairro. Sua vida desmoronou: ele sofre de perda constante de memória, oscilações de humor, por vezes simplesmente apaga não importa o que esteja fazendo e passou a frequentar psicólogos e encontros de pessoas com deficiência. Além disso divide uma casa com Lewis (Jeff Daniels, clichê dizer que ele está excelente???), um cara que perdeu a visão por fabricar anfetamina durante a juventude, o que o dá uma falsa sensação de independência. Os pais ricos o bancam e pagam seu aluguel e tudo parece estar muito certo e muito bem, apesar de seus problemas acima citados, sua vida parece estar finalmente entrando nos trilhos, depois de seis anos de recuperação.
É quando Chris conhece Gary(Matthew Goode), um cara bonitão e confiante que qualquer pessoa com todos os parafusos na cabeça perceberia que não é flor que se cheire. O que obviamente não é o caso de Chris. Gary se aproxima de Chris falando sobre seus problemas, seu acidente e seu passado como jogador, usa uma garota, Luvlee (Isla Fisher, belíssima), para seduzir o cara, forçar a aproximação e, quando conquista sua confiança, decide jogar na cara de Chris o quanto sua vida se afundou em mediocridade depois do acidente. O quanto sua família não confia nele e todos ao seu redor apenas sentem pena dele.
Por que? Porque ele tem um objetivo: usar Chris para roubar o banco do qual o cara toma conta à noite.
O Vigia é um filme pequeno, daqueles, não tem potencial de sucesso estrondoso. É o primeiro longa metragem dirigido por Scott Frank (o segundo está em produção e se chama “A Walk Among the Tombstones” e tem Liam Neeson no elenco) que também escreve a história. É um daqueles filmes que não faz barulho, mas tem bastante pra contar. O drama de Chris, o suspense de Gary, o romance que se desenvolve sem querer entre o cara e a garota... É uma trama de camadas.
É o típico roteiro de clímax: uma trama que se desenvolve sem grandes surpresas e que culmina numa situação extremamente tensa e gigantesca em comparação ao que foi mostrado até então. E quando isso acontece, com todas as suas variáveis, todas as suas possibilidades de dar errado, que o espectador percebe o quanto tudo estava amarrado. Pequenas inserções durante toda a trama, coisas aparentemente sem importância, detalhes que passam despercebidos até o momento crítico... É uma história pensada peça por peça.
Um ponto forte de Scott Frank são seus personagens, cheios de detalhezinhos, cheios de peculiaridades, até o menor deles, o que tem menos falas consegue causar a impressão desejada. É o caso de Bone, um parceiro de crime de Gary. O cara aparece em cena sempre nos cantos, sempre fora de vista, com seus cabelos grandes e seus óculos escuros, mais parece um personagem de Anjos Rebeldes, exalando perigo. O próprio Gary parece uma bomba relógio ambulante, você percebe que o cara tá se segurando pra não fazer uma besteira antes da hora, você nota que ele tá sendo muito paciente, muito compreensivo, tolerante... Simplesmente bom demais pra ser verdade... Os vilões do filme, esses dois em especial, já valem.
Apesar de tudo, O Vigia não é um para ver e rever, o momento final é aquilo pelo que se espera e, quando se resolve e você sabe como acaba, não adianta ver outra vez, não vai ter a mesma sensação. Dá pra fazer uma lista de filmes assim: Identidade, Paranoia, O terminal... Todos ótimos filmes, mas você dificilmente os verá outra vez.
Não que isso os diminua em alguma coisa.
Mas é sempre bom rever bons filmes e ver que eles resistem bem a isso.

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