Dia 22 - Felipe P. 22
The Man From Earth - 2007
Dir: Richard Schenkman
David Lee Smith, Tony Todd e John Billingsley.
John Oldman (David Lee Smith), professor de história numa
faculdade há dez anos, popular, bem quisto por colegas de trabalho e por seus
alunos, mora sozinho numa bela casa, sempre rodeado por bons amigos. Um dia
John, exatamente dez anos após chegar à cidade, decide ir embora. Da noite para
o dia, sem explicação e sem se despedir dos amigos e conhecidos.
Quando eles o encontram, quase indo embora, John havia
colocado as malas no carro e doado a mobília da casa, restando apenas um sofá e
o fogo da lareira. Esse é o cenário de O Homem da Terra: uma sala de estar
quase vazia, iluminada apenas por uma lareira.
Quando o perguntam o por que da mudança repentina, John
se esquiva e dá respostas evasivas, tenta a todo custo apenas ir embora, mas
por fim decide contar a eles uma última história. Segundo ele o roteiro de um
livro de ficção científica que estaria escrevendo. John fala sobre um homem que
teria vivido pelo menos 14 milhões de anos, um cro-magnon que teria vivido e
seguido a evolução humana até os dias atuais, se adaptando ao clima, à
tecnologia e aos novos hábitos da humanidade. Um homem que não envelhece, não
morre e não fica no mesmo lugar por mais de dez anos. Um cara que acompanhou a
evolução do mundo e do ser humano em tempo real. Conheceu de perto Buda,
Hamurabi e Van Ghogh.
Quando os amigos começam a se interessar e comprar a
história, John faz uma revelação: aquela é a história da sua vida e o cara de
14 milhões de anos é ele.
Existem filmes que são verdadeiros ritos de passagem. São
raros, são pouco conhecidos, pouco divulgados e te dão orgulho de ter
conhecido, de ter visto. São filmes que transformam aqueles que os assistem, os
viram do avesso, destroem seus conceitos, seus preconceitos, suas crenças... Que
te abrem os olhos, a mente.
Filmes assim não devem ser vistos por todos, nem todos
tem cabeça aberta para tanto e tão pouco.
Tanto e tão pouco.
É assim que eu costumo descrever O Homem Da Terra para os
meus amigos. Pra começo de conversa, se você é meu amigo, eu já te emprestei,
ou ao menos falei dele pra você. Salvo exceções de amigos por quem eu realmente
prezo e não empresto por medo de perder a amizade. Sim, eu já perdi amizades
por conta desta obra.
Algumas histórias tem poder. Poder tão grande que
transpõe a tela (ou as páginas) e afeta no lado de fora.
Você já deve ter visto um desses e sabe que, quando ele
acaba, você tá tão arrebentado que sequer tem forças pra desligar a TV. São
experiências únicas, ímpares e totalmente inesperadas. Principalmente se você
fizer uma pesquisa rápida nos filmes anteriores do diretor Richard Schenkman. O
cara tem no portfólio nada menos que as obras primas: Angel 4: Undercover, De Mal Com o Natal e Abraham Lincoln vs. Zombies, seu trabalho mais atual. Schenkman
é um daqueles diretores do nível do Uwe Bow, que dirige paródias de
blockbusters pra Asylum, é um ser humano tão notável quanto o nada. É simplesmente
impensável que algo do nível de complexidade e qualidade de The Man From Earth
tenha vindo das mãos do sujeito.
Inexplicável.
TMFE é baseado em um livro de Jerome Bixby, um escritor
de Sci Fi que já contribuiu para séries como Twilight Zone e Star Trek além de
se aventurar por trilhas sonoras e roteiros de produções B, aparentemente seu
trabalho (salvo as duas séries citadas) é tão notável quanto o do diretor e O
Homem da Terra, assim como para Schenkman, é o trabalho de sua vida.
A história de John Oldman percorre por vários períodos de
várias civilizações. Segundo o próprio, ele já fez amigos influentes, conheceu
de perto pessoas importantes e, uma vez encontrou por alguns minutos um homem
que se via na mesma situação que ele: a imortalidade. Mas o que há de tão
poderoso nessa história tão simples? Ah, isso você teria de assistir o filme
para descobrir. Eu só espero que você não seja um fanático religioso lunático
que ponha minha vida em risco, mas fora isso...
O Homem da Terra é uma produção independente, rodada
inteiramente num único cenário, totalmente baseado em diálogos, nas discussões
entre John e os seus amigos (todos interpretados por atores de produções B, se
revelando, salvo exceções, atores verdadeiramente talentosos), mas é uma
história que faz tanto sentido, contada com tanta coerência, que é difícil não
ficar com a cabeça bagunçada, é difícil até não querer que ela seja verdadeira.
Rodado com um orçamento baixíssimo, sequer chegou a conhecer uma sala de cinema
e chegou a se liberado gratuitamente na internet por seus realizadores,
praticamente implorando para ser visto.
E esse merece ser visto.
Por favor, VEJA ESSE FILME!
~
Porra, onde estava escondido esse filme! tenho que vê-lo também. Tem ele ai ouo um link pra baixa-lo?
ResponderExcluirTenho aqui e no final do texto tem o link para baixar:)
ResponderExcluirSe os produtores disseram que é permitido, é permitido!
http://filmescomlegenda.tv/fcl/770
O que o leitor pensaria se conhecesse alguém que dissesse ter 14 mil anos. Certamente duas opções viriam à mente: ou essa pessoa teria sérios problemas mentais ao acreditar na própria mentira ou pensaria estar diante de uma criatura que deteria potencialmente todo o conhecimento humano e universal, um ser de imensa sabedoria. Quase uma divindade.
ResponderExcluirMas o filme “The Man from Earth” (2007) não vai por nenhum desses caminhos. Em um roteiro instigante de Jerome Bixby (roteirista e escritor de episódios de séries clássicas de sci fi como “Jornada nas Estrelas” e “Além da Imaginação”), o filme surpreende ao narrar a reação de um grupo de cientistas ao se deparar com um ser imortal destituído de qualquer preocupação metafísica ou teológica sobre sua condição. Ele apenas passou 14 mil anos sobrevivendo.
Além do brilhante roteiro, o filme “The Man From Earth” ganhou fama também pela permissão pública do seu produtor para que qualquer cinéfilo fizesse download da Internet. Ou seja, o filme é uma daquelas pequenas pérolas independentes que surge na indústria do entretenimento e que rapidamente se transforma numa obra cultuada.
Obrigado felipe. eu certamente não poderia morrer sem ver esse.