segunda-feira, julho 29, 2013

X-Men Origens: Wolverine

Dia 210, Felipe Pereira 196

X-Men Origins: Wolverine - 2009
Dir: Gavin Hood.
Elenco: Hugh Jackman, Liev Schreiber, Danny Huston.


X-Men Origens: Wolverine é o que eu chamo carinhosamente de uma obra prima de merda. Desculpem começar agredindo desse jeito logo de cara, mas é que esse filme me tira do sério. Ainda mais agora que estreou nos cinemas nacionais Wolverine – Imortal, o segundo longa solo do carcaju. Segundo longa este que eu não vi, não sei se verei e, sinceramente com toda a divisão que ele tem causado ao público, não estou nem mesmo muito empolgado em ver.
Explico. O primeiro Wolverine foi um acontecimento histórico. Ele dava início a uma nova franquia mutante nos cinemas. Baseado no sucesso que o longa fizesse a FOX levaria às telas uma aventura solo do Magneto e, baseado no sucesso desse, continuaria com isso para cada mutante relevante que tivesse uma boa história a ser contada. Wolverine foi tão inegavelmente e tão imediatamente ruim (foi um headshot no meio dos olhos logo de primeira, raramente acontece de o primeiro de uma série de filmes ser tão ruim e questionável) que sufocou toda e qualquer possibilidade de a FOX lançar uma franquia só de biografias de grandes personagens e, não bastasse desistir dos projetos que viessem a seguir, rebootar a coisa toda, esquecer tudo o que já foi feito, no melhor estilo pinguins de Madagascar.


A história é ridícula, apenas os cinco primeiros minutos iniciais dela se baseiam na verdadeira origem do herói nas HQs. Não que eu me importe com fidelidade, eu costumo dizer que fidelidade é descartável em todos os aspectos da vida se há qualidade no resultado final. Entenda isso como quiser. O fato é que em X-Men Origens não há qualidade alguma, só lixo, só porcaria, é como ir num zoológico e ser atingido por macacos atirando cocô no público.
Na trama, ridícula (eu quero enfatizar o quão ridículo é o roteiro desse troço), durante os cinco minutos iniciais descobrimos que, em sua infância, o desmemoriado Logan era um menino doente, filho de pais ricos que são assassinados de uma forma que só a interpretação do expectador são capazes de explicar. O garoto cresce, sem razão alguma vira um mercenário mutante em um seleto grupo de assassinos liderados por William Stryker (Danny Huston), lutando ao lado de seu irmão Victor Creed (sim, você leu corretamente. De uma hora pra outra decidiram que o Dentes de Sabre era irmão do Wolverine) e de um bando de mutantezinhos qualquer nota (entre eles o rapper Will.I.Am, para você ter noção do nível de escrotidão ao qual chegou-se por aqui).


Mas Logan cansou-se disso, cansou-se dessa vida e casou-se com uma mulher genérica aí, por que as pessoas casam quando querem mudar de vida, afinal ninguém irá atrás delas, ninguém matará sua família inteira por razão nenhuma e elas não precisarão iniciar uma jornada de vingança sem sentido matando metade do mundo para, no final, chegar ao vilão e dizer, olhando nos olhos dele “Eu não sou como você, eu tenho honra!”, dar as costas e ir embora.
Mas é exatamente isso que acontece.


A Origem em si dura os minutos iniciais e o que vem a seguir é uma série de lutas sem sentido (tenho garras feitas do metal mais poderoso da Terra, mas vou lutar contra esse gordo usando luvas de boxe), Hugh Jackman andando sem camisa ou sem calça ou sem nada pela tela sem nenhuma razão aparente e uma série de mutantes que vem de lugar nenhum, rouba a cena e some dela (há espaço para todos nessa porra, menos para o astro).


Origens foi como uma rasteira, como dizem alguns aqui no Ceará, “uma vuadora no mei dos peito”.
Isso por que o resultado final do trabalho e do empenho do oscarizado cineasta Gavin Hood foi tão inacreditavelmente ruim que eu tenho dificuldades em concluir essa frase. Acho que H.P. Lovecraft em seus contos mais mórbidos seria incapaz de conceber uma descrição para essa aberração cinematográfica.
A justificativa de toda minha revolta é que metade das situações que no filme são resolvidas na base da porrada e do tiroteio em rocambolescas e totalmente inverossímeis sequências de ação poderia ser simplesmente resolvida com um bom e velho suborno. Quer um exemplo? A primeira sequência de luta, com todo o esquadrão do Stryker em ação. Temos lá Logan, Deadpool, Dentes de Sabre e a patota inteira invadindo um QG africano, matando todo mundo, tooodo mundo mesmo, para, no final, com centenas de mortos no chão, pedaços espalhados por aí (nada de sangue para manter o PG13), William Stryker vai até a mesa do chefe do cartel de qualquer coisa e apanha o peso de papel do cara. Uma pedra de adamantium do tamanho de um punho que o cara usava pra impedir que as revistas Veja dele saíssem voando por aí.
Em outra cena, essa voltada para o “humor” (nossa, engraçadaça, LOL), Logan e o recém introduzido Remy LeBeau (o mestre do fracasso Taylor Kitsch (eu tenho uma teoria sobre esse cara, qualquer hora dessas eu falo sobre ela)) travam um dos embates mais bacanas do filme (esse é realmente legal). Logan sua pra derrotar o cara, os dois destroem um quarteirão inteiro na luta e, no final, Logan vira de costas e dá um soquinho na cara do sujeito, no melhor estilo Tom e Jerry, acabando a luta de um jeito engraçadão.
Só para depois unir forças com o cara.


O que mais me incomoda em XMO:W é... difícil dizer, eu vou fazer uma lista, ok?

* Ritmo deficiente: nada se conecta no roteiro, uma sequência de coisas acontecendo sem ligação, uma montanha russa de correria, explosões e Hugh Jackman correndo sem roupa.
* Uso excessivo de CGI: o último ato do longa é inteiramente construído digitalmente. Nada de errado com isso, quando bem feito, CGI acaba por render verdadeiras obras primas como O Curioso Caso de Benjamin Button e Avatar. Mas aqui isso fica bizarro porque é tudo irreal demais e mirabolante demais e o cenário final é a chaminé de uma usina nuclear ou alguma coisa do tipo, nem lembro direito.
* Mutantes, mutantes e mais mutantes: se você parar pra ver, ficar dando pause, tiver paciência e tempo livre, vai perceber que TODOS OS MUTANTES DA FRANQUIA DO CINEMA E UMA CACETADA DE MUTANTES DOS QUADRINHOS foram inseridos no decorrer do longa. Em certo momento aparece Mercúrio dentro de uma jaula se sacudindo feito um maluco, o que não dura 2 segundos em tela. O que me leva a pensar: contrataram um ator para fazer isso.
* Passagem temporal bizarra, grandes atores jogados por aí, atores medíocres com muito tempo em cena, Wolverine? Cadê? O que é que o Ryan Reynolds quer aqui mesmo? Deadpool? Onde? Respeito aos fãs? E X-Men tem fãs? (pensamento dos produtores, não o meu), caras e bocas do Jackman (ser selvagem é mostrar os dentes), justificativa medonha para a falta de memória, deus ex...

Quando eu vi Origens anos atrás eu falei algo como “Não é tão ruim, só não é tão bom quanto queríamos”. Retiro o que disse. É ruim. É trash. Não é nem divertido.


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