Dia 209, Felipe Pereira 195
Todo mundo sabe que o Sean Penn é um dos maiores e mais
excelentes atores em atividade, correto? Mas nem todo mundo sabe que ele, além
disso, é um diretor fantástico e extremamente sensível que sabe retratar como
poucos a inquietação e a necessidade de libertação do espírito humano, a
necessidade de se libertar das correntes da sociedade, dos dogmas sem sentido
que impedem o homem de ser homem. Toda essa inquietação e essa necessidade de
libertação foi retratada em um dos filmes mais fantásticos e impactantes que eu
vi na vida, um drama real chamado Na Natureza Selvagem, dirigido por Penn e
estrelado pelo subaproveitado Emile Hirsch (em uma atuação espetacular,
totalmente entregue ao personagem).
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| O verdadeiro Christopher McCandless. |
Na trama, baseada em fatos, o jovem
Christopher McCandless, recém formado na faculdade, decide abrir mão de tudo o
que tem, amigos, família, carro, dinheiro, documentos, carreira, universidade,
e partir em uma jornada rumo ao Alaska. Uma jornada de exílio e
autoconhecimento, na qual acaba passando e mudando a vida de várias pessoas, e
a sua própria. A cada novo personagem que cruza seu caminho, Chris aprende uma
nova lição, se apega a um novo rosto, adquire um novo conhecimento e... Um dia
eu escrevo sobre esse filme, eu quero viajar nessa resenha, quero fazer um post
daqueles, se é que vocês me entendem. Hoje eu vou falar sobre um dos mais
notáveis e tocantes elementos de Into The Wild: sua trilha sonora.
A trilha sonora de ITW é composta de dois discos.
O primeiro deles conta com 36 faixas compostas por
Michael Brook (O Vencedor, As Vantagens de Ser Invisível). É um exercício de
sentimento. O disco alterna entre angústia e plenitude, dor e superação, entre
se encontrar em uma sociedade doente na qual não há lugar para si ou se perder
em uma natureza selvagem, da qual você sente que faz parte. Cada faixa marca um
momento específico do filme, cada uma dela traz em seu título uma cena em
questão, cada uma com um feeling diferente, encaixando-se num contexto maior. Ouvir
esse primeiro disco sem ter experimentado o filme é algo surreal, mas fica uma
sensação de que algo está faltando, que algo não está completo.
E o título das faixas é entupido de spoilers agressivos,
eu só recomendo ouvi-lo após ver a película.
Por outro lado há o segundo disco, completamente composto
e executado pelo espetacular Eddie Vedder, vocalista do Pearl Jam. E, para mim,
essa é a joia da coroa. Vedder explora todo seu potencial artístico aqui. Todo
o poder da sua voz em músicas escritas com a alma.
E por falar em alma, em sentimento, isso é o que mais
marca o cd, o que mais toca quem o escuta. É impossível não chegar ao fim das
músicas (ao menos para quem viu o filme) sem estar de olhos molhados, é
impossível não ouvir essas canções sem querer largar tudo o que se está fazendo
e iniciar você mesmo uma jornada na qual você descobrirá quem você é.
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| Emile Hirsch como Christopher McCandless |
Há rock, há melancolia, há reflexão, amor, desespero, desapego...
Um disco maravilhoso na voz de um dos maiores (eu sempre digo isso) artistas
que a música já conheceu. E o mais bacana, por aqui Vedder deixa um pouco de
lado o militarismo que impregna os discos do Jam, assume uma postura mais
íntima.
Destaques para Hard Sun, Society, Long Nights e o disco
inteiro, um trabalho inspiradíssimo de Vedder, Brooks e todos os envolvidos.
Minha dica de hoje é essa: veja Into The Wild e, se você
ao terminar ainda não estiver com a alma em pedaços, ouça a trilha sonora. E se
estiver, melhor ainda. Ouça assim mesmo.
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