segunda-feira, julho 22, 2013

Bastardos Inglórios

Dia 203, Felipe Pereira 189

Inglorious Basterds - 2009
Dir: Quentin Tarantino
Elenco: Brad Pitt, Mélanie Laurent, Eli Roth

Sabe de uma coisa, Utivich? Acho que esta é minha obra prima.

Você já deve ter me visto falar de obras do Tarantino por aqui, sabe que eu dou uma surtada leve, fujo do tema (e do controle), começo a falar coisas sem sentido, me derramo em elogios ao sujeito...
Não vai ser diferente desta vez...

Bastardos Inglórios começa em uma fazenda. O patriarca de uma família de franceses corta lenha no lado de fora de casa enquanto suas filhas estendem roupas no varal. Nesse momento uma comitiva nazista se aproxima em seus veículos luxuosos. O líder deles desce de seu carro acompanhado de seus subalternos. Aproxima-se do patriarca de forma cordial e ameaçadora e o faz uma proposta: ou ele entrega a família de judeus que ele esconde em sua casa ou ele e toda sua família (e os judeus) serão executados ali mesmo.

O homem, relutante, com a consciência nublada, não vê outra opção a não ser entregar a família. Ali dentro os soldados nazistas atiram contra o chão de madeira, em direção ao compartimento sob a casa onde homens, mulheres e crianças se abrigam, matando a todos. Exceto a uma: Shosanna (Mélanie Laurent). Enquanto Shosanna foge, banhada no sangue de sua família, o Coronel Hans Landa (Christoph Waltz) se delicia do desespero da jovem, com um sorriso cativantemente sádico estampado em seu rosto.
-Au revoir, Shosanna!
São as últimas palavras que a jovem ouve do algoz de sua família antes de se embrenhar na floresta e nunca mais ser vista.


Bastardos Inglórios conta a saga de um grupo de judeus durante a Segunda Guerra Mundial que se une para espancar, matar e massacrar da forma mais cruel e sanguinária possível qualquer nazista que decida cruzar seu caminho. Liderados pelo Tenente Aldo Raine (Brad Pitt, genial), os Bastardos, como são chamados, bolam um plano para encurralar e matar o próprio Hitler mesmo que isso envolva sacrificar as próprias vidas e a de seus companheiros. Porém, em seu caminho está ninguém menos que o mais notório e empenhado coronel de Hitler: o alemão Hans Landa, um homem sádico, cínico e extremamente carismático que ama seu trabalho e vive para executá-lo da forma mais competente possível.
Para bater de frente com os nazistas e, de tabela com Landa, Aldo Raine e sua fiel patota de judeus furiosos e vingativos saem pela Europa recrutando soldados dispostos a fazer o sacrifício que for para arrancar o escalpo de um nazista e acabar de uma vez por todas com a guerra (pelo menos daquele lado da guerra). Mesmo que isso signifique recrutar soldados de ambos os lados do campo de batalha, sejam eles judeus ou até mesmo nazistas renegados.


Enquanto isso, longe dos olhos e dos ouvidos dos nazistas, Shosanna planeja por conta própria, ao lado de Marcel (Jacky Ido), seu cumplice e amante que uniu-se à sua luta visto que, caso triunfe, ele só tem a ganhar, uma forma de pôr com as próprias mãos um fim ao domínio nazista sobre a Europa e, de tabela, vingar-se do homem que massacrou sua família como gado. O problema é que Landa chega no pedaço e decide usar o estabelecimento de Shosanna, um cinema do qual ela e Marcel tomam conta, para exibir um filme biográfico sobre um soldado nazista que sozinho vitimou um exército judeu, do alto de uma torre enquanto toda sua companhia havia sido morta. O soldado se chama Fredrick Zoller (Daniel Brühl), ele estrela o filme, chamado Orgulho da Nação, interpretando a si mesmo e, ao ver Shosanna, imediatamente se encanta pela moça.

Bastardos Inglórios tem dezenas de personagens, cada um com sua devida importância, cada um interpretado por um ator fantástico dando o máximo de si, cada um ocupando um segmento específico que interage ou não com todos os outros segmentos, em uma história ousada e intrincada da qual eu poderia escrever pelo menos mais duas postagens se quisesse e pudesse cobrir tudo.


Aqui Tarantino pega o background histórico e o subverte despudoradamente, muda os rumos da guerra, rescreve finais conhecidos, adiciona personagens fictícios mesclando-os a fatos históricos, mata figuras em momentos que a história em si não poderia prever e entrega o filme mais maduro, criativo e alucinado de sua carreira. O que se vê aqui é um outro tipo de diretor, um tipo que mistura referência pop a ficção e realidade, muda a história como se ela fosse escrita por ele mesmo e adiciona a ela uma dose cavalar de humor inteligente e violência bruta e crua.
Bastardos Inglórios é um marco na carreira de Tarantino, fez até mesmo aqueles que torciam-lhe o nariz darem o braço a torcer. É um filme épico, empolgante e envolvente, mas nem por isso leve. É tenso e dramático, cheio de personagens geniais, como Raine, interpretado por Brad Pitt carregando um sotaque caipira e entregando um dos melhores e mais soltos personagens de sua carreira. Mas quem rouba a cena aqui é o até então pouco conhecido Christoph Waltz interpretando o coronel nazista que amarra todos os núcleos da trama e espalha o terror por ela, com sua fala mansa, seu sorriso crocodilesco e seu carisma inacreditável.


O final de Bastardos é explosivo, ousado e criativo, totalmente inesperado... Você fica em choque pela coragem do diretor de chegar e sair deixando um rastro de destruição e chamas por onde passa. Bastardos Inglórios é a história como ela deveria ter acontecido, é o passado vingado pelas mãos e pelos olhos de um dos mais brilhantes diretores da atualidade: Quentin Tarantino.

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PS: Hoje completamos 500 postagens e em breve estaremos fazendo 200 dias. Fique de olho, você não perde por esperar ;)

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