Dia 135 - Felipe Pereira 128
The Hunger Games - 2012
Dir: Gary Ross
Elenco: Jennifer Lawrence, Stanley Tucci, Josh Hutcherson, Liam Hemsworth
O que eu vou dizer a seguir é complicado e comprometedor:
eu gostei de Jogos Vorazes. Me julguem, me condenem...
Vi esse troço no cinema, curti, achei bacana, mas pouco
falei sobre. Fiquei até com um pouco de vergonha de confessar que...
Gostei de Jogos Vorazes.
E nesse momento mais de um terço da nossa audiência nos abandonou...
Não só isso, não só gostei como me vi torcendo por Katniss Everdeen. Eu sei, soa indigno, mas é a vida. E o pior de tudo, não é um
daqueles filmes ruins que eu falo bem pela diversão, é algo que realmente tem
uma boa dose de qualidade. A história é aquela coisa: futuro distópico, mundo
dividido, de um lado gente extremamente rica, do outro gente miserável que tem
que dar a vida por um prato de comida. Literalmente. Do lado dos miseráveis
está Katniss Everdeen, uma jovem que sustenta a família, mãe e irmã, com o que consegue
arrecadar com sua caçada diária nas florestas do distrito no qual vive. O lugar
é o fim do mundo, esquecido até pelo diabo, as pessoas vivem em casas
decrepitas no meio do nada.
Naquele ano acontece mais uma edição dos Jogos Vorazes,
uma competição sádica no qual jovens de idades destoantes são postos para
brigar até a morte em uma caçada humana sanguinária. Vários deles, até que
sobre apenas um.
Por que isso? Para o entretenimento de poderosos que usam
os jogos como pretexto de tradição cultural, como forma de agradecer por
qualquer coisa aí. Na verdade é só uma matança que diverte os poderosos e distrai
o público faminto.
Antes disso, antes da matança, há toda uma preparação,
todo um treinamento, toda uma burocracia, coisa que toma a primeira metade
inteira do filme, serve para elevar a tensão do expectador (ou dispersar a
atenção do mesmo). Depois disso, depois de quase uma hora de bastidores da
matança, o sacrifício humano se inicia.
No começo o que há é uma carnificina, todos são colocados
no mesmo lugar com o objetivo de pegar suprimentos e armas, estrategicamente
depositados para fazê-los entrar em atrito direto. Os mais novos, meninos e
meninas de dez, no máximo onze anos, são as primeiras vítimas. Sem piedade os
maiores os arrancam do jogo.
As regras vão sendo explicadas, mas nenhuma delas serve
para regular o banho de sangue, apenas para dar uma sensação de ordem, a
sensação de que tudo está sob controle. Alianças vão sendo formadas, mas por
trás todos sabem que elas serão quebradas na primeira oportunidade. Quem não
tem sede de sangue sangra primeiro, quem não luta morre ou se esconde. E um a
um os corpos vão ao chão.
No fim das contas é um negócio totalmente desleal, alguns
dos competidores, os voluntários, são treinados desde pequenos para o combate,
desde cedo são ensinados a matar sem piedade, soldados feitos para vencer a
guerra, só sabem matar. Quando aquilo acabar eles não serão nada, então que ao
menos tenham seu momento de glória.
A trama é envolvente, os personagens são interessantes e
o elenco é bem escalado. Só por isso já vale uma conferida. Há suas falhas,
suas forçadas de barra, seu final meio covarde, uma irregularidade de ritmo que
incomoda bastante... Mas há qualidade. Há a intriga, o romance forçado e mercadológico aqui é totalmente proposital e serve, de uma forma meio política, ao desenvolvimento da trama. E sem falar dela, a protagonista, Katniss Everdeen não é uma donzela em perigo, ela reage, ela ataca, foge e se esconde, mas não fica à espera do seu macho para ditar seus movimentos, ela é forte quando precisa e até cruel em certo momento. É um deleite, Jennifer Lawrence é uma atriz que veio pra ficar e pra mostrar que dá pra estrlar uma franquia adolescente de sucesso tendo talento.
Jogos Vorazes não é um filme perfeito, tampouco um
filmaço, mas faz algo que as adaptações de séries literárias feitas atualmente
não fazem: te deixam com vontade de conhecer mais daquele mundo pós apocalíptico.
Eu sai do cinema com vontade de ler todos os livros. O que não aconteceu, na
verdade a vontade não durou uns quinze minutos, mas ela existiu.
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Felipe, fiquei com vontade de assistir agora. Você conseguiu. Parabéns pela análise: feita na hora certa.
ResponderExcluirBom. Para min o lance errado com esse filme partiu da tradução do titulo do filme, JOGOS DA FOME, a tradução literal, seria mais adequada. No mais é uma distopia bem próxima. Espetacularizar uma competição para servir ao proposito de distração. Parece algo que já conhecemos. E sim, eu assisti.
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