domingo, maio 12, 2013

Diamonds On The Inside - Ben Harper, ou: Os diamantes estão todos lá dentro.

Michel 124, Dia 131.
Uma das capas de disco mais belas que já foram feitas. 

Ben Harper é um artista diferenciado. Ele é um dos raros, já que comanda uma Legião: tem dentro de si uma multidão de vozes e ritmos tão numerosa que possui todos os ritmos. Ele voa do reggae para o blues para o rock para o pop, de música em música visitando todas as dimensões de estilos musicais possíveis e imagináveis - e continua o mesmo.


"Diamonds On The Inside" (2003) é a prova dessas viagens multidimensionais de Harper. Suas vozes aqui beiram a esquizofrenia, passeando sem pena por diferentes estilos. A única coisa que as música tem em comum umas com as outras é a presença de Harper no comando. Ele é o centro, a viga que dá sustentação. Seu violão selvagem, sua voz rouca e um pouco anasalada, a personalidade pacifista, a religiosidade, a maneira singular e ímpar de falar de amor... em outro artista isso seria estranho e talvez até contribuísse para que o álbum sofresse com algum distúrbio de personalidade - Mas Ben mantém seu controle aqui, imprimindo em cada música a sua marca, sua... essência.




A beleza de "Diamonds..." é justamente essa: o que está no interior. Não é uma busca fácil essa, ir fundo em si mesmo, encarar a multiplicidade que existe em si mesmo, mas Harper dá conta do recado com maestria e segurança. Nenhuma das músicas do disco é deslocada, desnecessária ou fora de sequência. Tudo foi pensado, planejado, propositalmente posto ali.

Os diamantes estão todos lá dentro. Em cores e formatos diversos, lapidações várias, algumas pequenas impurezas... mas cada um com um valor inestimável. A música de Ben Harper não pode ser comprada ou vendida: precisa ser dada como presente, e aceita como uma dádiva.


Escutar "Diamonds..." é quase como reencontrar uma fé que se julgava perdida. Fé no amor, na beleza da vida, na esperança, na bondade, na paz... mas ao mesmo tempo, perceber que não se pode encarar estas coisas ingenuamente ou de maneira leviana. Cada conquista tem um preço, e às vezes, precisamos sujar as mãos de sangue para ir profundamente dentro de nosso coração - né, Assis Oliveira?




Um disco feito para escutar durante duras confrontações com si mesmo, ou em situações que exijam um trabalho de cinzelamento espiritual e/ou moral. Você sairá diferente após a audição deste disco - quando descobrir que o tesouro do sonhador não são os sonhos, mas o sonhar.


Boa noite a todos e um bom início de semana.

Um comentário:

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