sábado, maio 30, 2015

Wayward Pines - Estreia





Wayward Pines o drama de mistério que leva o nome de M. Night Shymalan, estreou na FOX. Mas é hora de perguntar: vale o seu tempo?

Faz sentido ser altamente suspeito para qualquer projeto de Shymalan nesse dia e nessa hora, especialmente depois da bomba que foi, Depois da Terra. Eu me pergunto se esse é um dos únicos filmes em que o estúdio deliberadamente escondeu o nome do diretor nas publicidades de pré-lançamento para evitar uma atenção negativa. Também faz sentido temer histórias de mistérios de cidades pequenas que ecoam Twin Peaks, vendo como muitos tentaram emular a amada série de TV de David Lynch, em uma era da televisão quando os mistérios, muitas vezes são sacados antes que a verdade possa vir a luz.

Se você já viu alguma coisa sobre Wayward Pines, você deve saber que é sobre uma cidade onde coisas serias e estranhas estão em andamento. Você também deve saber que o elenco é bem abastecido e que essa temporada é um evento de 10 episódios, uma mini-série, e não uma primeira temporada de outras que virão. Por estas e outras razões talvez ela vala seu tempo.

Qualquer medo, fora da natureza misteriosa da trama, seria equivocado e aqui está o porque:

Shymalan dirigiu o episódio de estreia, mas ele é principalmente o produtor executivo, e só concordou em assinar o projeto, se não se tratasse de personagens mortos, que como observamos na estreia parece uma possibilidade real. (Dedos cruzados pra isso não se tornar uma aldeia esquecida no processo).


O elenco repleto de estrelas inclui Matt Dillon, Carla Gurgino, Terence Howard, Juliette Lewis, Melissa Leo e Hope Davis. E, por ultimo, como a maioria das histórias cuja a premissa original é um mistério intrigante ou altamente desafiante (Lost, Arquivo X, O Mentalista, me vem em mente em primeiro lugar) e que você mal consegue acompanhar, uma vez que o mistério original acaba por ir em muitas direções devido a longevidade da série, Wayward Pines é uma série que vai resolver o seu mistério original em 10 episódios.

Ethan Burker (Matt Dillon), um agente do serviço secreto, é solicitado educadamente a "evacuar" um quarto de hotel que ele não pagou. Não foi pedido para ele "sair", mas "evacuar". Uma palavra que sugere uma emergência ou perigo iminente. Essa troca de dialogo acaba sendo um encapsulamento perfeito do que é profundamente off sobre esse drama sobrenatural, embora, para ser honesto, o fato de que a série seja produzida e particularmente dirigida, nesse episódio de estreia, por M. Night Shymalan possa ser razão suficiente. De fato, a série compartilha uma ladainha dos acentos estilísticos, tanto de narrativas como de imagens, que foram tipificados nos filmes de Shymalan, especialmente após Sinais. Burker, assim como muitos  protagonistas de Shymalan, é um homem inteligente, humildemente preso no aperto de morte de superintendentes tirânicos sem saída geralmente em um reino ligeiramente alienígena.

Neste caso, a cidade americana do título em que Burker se encontra em uma missão para encontrar seus colegas que estão desaparecidos, no caso, sua antiga parceira Kate Hewson (Carla Gugino). Um acidente o tira do seu principal meio de transporte e deixa-o nas garras de Pam (Melissa Leo), uma enfermeira estranhamente assustadora que tenta mantê-lo a qualquer custo no hospital. Como se constata, não é apenas Pam que tenta controla-lo e Burke encontra-se cercado por uma comunidade intensamente obediente onde indiscrições podem ter consequências letais. Desde o inicio, os roteiristas começam provocando o sistema estranho, altamente secreto que corre na cidade e os seres que inventam e implementam esse sistema, quem ou quê que possa ser. Na verdade, toda a série é realmente sobre isso.



O criador da série Chad Hodger e sua tripulação de escritores caíram em uma armadilha familiar de construção de uma trama abertamente sinistra e misteriosa que rouba a série de  qualquer senso de personalidade. Os personagens são eles mesmos o plano de conspiração e não podem parar de nega-lo, ou não o conhecem e estão constantemente tentando descobrir o que está acontecendo. É o que tipifica o relacionamento entre Burke e Pope, o cara de fala macia que é o xerife da cidade (Terence Howard),  o confuso agente secreto e medico da cidade Dr Jenkins (Toby Jones) e Kate Hawson, que ele encontra aparentemente bem casada e inserida completamente na comunidade, mas ainda da dicas que o ambiente bucólico esconde algo muito mais nefasto. Mesmo quando há flashbacks ou cenas para o mundo exterior, as cenas falam menos para os personagens e suas perspectivas distintas do que sobre a premissa ou as histórias complicadas da trama.

Wayward Pines é, em última análise mais sobre a cidade e as forças que a regem do que sobre as pessoas que vivem nela, mas para ser justo, os criadores da série criaram alguns detalhes inteligentes que atraem a atenção; desde as execuções que são ritualizada para um momento catártico de massa, que eles chamam de "reckonings" até os portões/cercas enormes que separam Wyward Pines e o mundo exterior. Que ameaças existem para além desses portões? É tudo muito sedutor e chamativo com a esposa de Burker, Theresa (Shannyn Sossamon) e o o filho, Ben (Charlie Tahan) sendo atraídos para esse absurdo em busca do marido. Há simplesmente muitas bolas narrativas em um malabarismo para tomar qualquer direção ou torção da realidade. O elenco uniformemente talentoso presta um grande serviço e faz deste um negocio assistível mas não há nenhum senso de percepção ou sentimento pessoal em qualquer linha de diálogo ou na forma como a série foi montada. De fato, em termos de visual o crédito vai para Curt Beech com um design de produção elegante e cheio de nuances que cai bem em uma história de mistério.



Em essência, Wayward Pines é Twin Peaks sem David Lynch; um mundo incisivamente estranho com estipulações paranoicas e ocorrências sobrenaturais utilizados para encobrir a superficialidade de seus personagens e da história, em vez de usar o ambiente como uma superfície reflexiva e inventiva para a vida interior dos habitantes da cidade. E seria mais fácil ignorar o envolvimento de Shaymalan com a série, se este não era exatamente o problema dos seus filmes ultimamente, cada um mais exagerado que o último e notável apenas pela premissa inicia de cada um deles. Isso faz certamente de Wayward Pines um negocio bem bacana no conceito, mas em execução a série em si é marcada apenas por seu ar de antecipação sem fim, uma forma de rota pisando o tempo todo em águas dramáticas para atrair mais espectadores para uma torção que não chega nem perto de justificar a quantidade de tempo do que foi construída.



No geral, o primeiro episódio Wayward Pines é um zumbido alto de suspense, mistério, intriga, tudo que se deseja em um drama que vem pra noite na estação de TV. parece que estou vendo uma versão dramática de Simon Pegg do fim do mundo e isso é muito bom para min. Em um mundo de Televisão que é mais arrogância do que músculos nestes dias, Wayward Pines destaca-se por todas as razões certas

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