domingo, setembro 14, 2014
Bom de Briga - Paul Pope
Quem é Paul Pope? Eu ainda não sei exatamente, mas o cara fez uma das coisas mais fodas do mundo com o Batman em sua HQ Batman – Ano 100, então, hoje em dia, eu leio qualquer coisa que ele fizer. Tanto que quando Battling Boy, seu trabalho mais atual, foi anunciado eu fiquei meio elétrico querendo ver. Quando foi anunciado que a HQ chegaria no Brasil, eu quase explodi. Os quase dois anos de espera serviram pra dar uma esfriada nas expectativas mas...
Então finalmente BB chega ao Brasil sob o nome de “Bom de Briga”. O que não é de todo horrível, visto que foi possível aproveitar a fonte e a identidade visual da capa, além das iniciais “BB”. E isso meio que traduz a ingenuidade e o carisma do protagonista, então... Foi uma boa escolha de título.
Eis que tenho a HQ em mãos, devidamente lida e relida e... Caramba, que negócio ~peculiar~ e ~interessante~.
Esperar algo convencional de Pope é meio que um disparate, a mente do cara funciona em uma frequência diferente, a imaginação dele vai a lugares incomuns, as mãos dele fazem coisas alucinadas e belas... Só de abrir Battling Boy em qualquer página aleatória, você é imediatamente bombardeado por cores impossíveis, desenhos mirabolantes absolutamente estilizados que imediatamente remetem a Pope e apenas a Pope.
A história acompanha uma cidade chamada Arcopolis, que é dominada por monstros. Os monstros são quem impõe as regras no lugar, raptando e sequestrando as pessoas, obrigando-as a viver sob um rígido toque de recolher. E as pessoas veem como seu único salvador um herói chamado Haggard West. Haggard é basicamente o Batman, um ricaço que dedica sua vida a lutar contra o crime.
Até que os monstros triunfam e Haggard é assassinado, jogando Arcopolis em uma espiral de caos e violência, completamente à mercê daquelas criaturas.
Em outra dimensão/universo/plano, conhecemos uma espécie de Olimpo, uma cidade/fortaleza que vaga no espaço, habitada por pessoas e seres fantásticos e poderosíssimos. E naquele lugar conhecemos Bom de Briga, um jovem semideus que acaba de completar 13 anos e será enviado, junto com seu pai, a Arcopolis como uma forma de rito de passagem.
E é aqui que começa (e não termina) nossa história.
Bom de Briga é assim: incomum, inesperada e absolutamente viciante. Tem toda uma cara de quadrinho alternativo (o que não deixa de ser uma verdade), mas tem como objetivo (além de contar uma história muito bem contada e de tocar uma pancadaria muito bem tocada) prestar uma homenagem aos já consagrados quadrinhos de herói (não há como negar uma pitada de Superman em battling Boy. Muito menos uma referência ainda menos sutil a Thor).
Quando você começa a ler e a história principal engata pra valer, é impossível parar de ler e as mais de 200 páginas vão, simplesmente passando, deixando a sensação de “quero mais” e o gosto amargo de uma história incompleta.
Apesar do final quebrado (a HQ foi lançada em duas partes), o decorrer da história é compensador. Pope faz algo admirável: cria um mundo maluco, que transita entre nosso mundo e seu próprio e psicodélico mundo de fantasia, um universo com suas próprias regras. Isso gera uma experiência tão imersiva que, salvo alguns momentos, o autor sequer precisa se dar ao trabalho de explicar seus elementos mais incomuns.
Daí pra frente, tudo o que Pope faz é adicionar novos elementos à sua recém criada mitologia e, voilà, nasce o que vem sendo descrito como “um herói para a nova geração”.
Bom de Briga é basicamente isso: um herói para uma geração frenética e levemente esquizofrênica, mas com os valores (ou pelo menos o ensinamento deles) dos grandes astros da era de ouro dos quadrinhos.
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