terça-feira, agosto 26, 2014

Manh(A)ttan - Episódio 4

06 de Agosto de 1945 - 08:15 Hora do Pacifico. Um dia para a humanidade não esquecer




Não é sempre que eu escrevo duas vezes ou mais sobre uma série em exibição, mas Manhattan merece essa distinção devido o muito que ainda há para se saber sobre o Projeto Manhattan. Mesmo sendo uma obra de ficção, muito se compreende do aspecto histórico e do resultado desse projeto que moldou o mundo e várias gerações de pessoas.

Uma das coisas que eu não sabia, e que me levou de volta a sua história, era a existência de mais de uma equipe de cientistas envolvidos no projeto da Bomba A. Depois o meu irmão Michel me informou que não apenas uma, mas varias outras equipes que corriam para chegar a ela. O que me fez pensar:  Então havia mais de uma configuração da bomba envolvida e em discussão? E quais seriam estas outras configurações então? 

Além do nome mais conhecido envolvido no projeto, Robert Oppenheimer, a série foca em duas equipes lideradas por dois cientistas diferentes: O Dr Okley, o pensamento que prevalece e é concesso entre o militares e o Dr Frank Winter, que luta obsessivamente para ser ouvido em suas teorias e por meios melhores para viabilizar sua pesquisa. Mas no que ambas teorias equipes são diferentes?

Desenho de arma nuclear

Desenhos de armas nucleares são arranjos e combinações de natureza física, química e de engenharia que permitem que o pacote de uma arma nuclear exploda. Ha três tipos básicos de desenhos. Em todos, a energia explosiva de engenhos ativados é derivada essencialmente de fissão nuclear, não de fusão. Então, quando falamos de uma explosão nuclear, estamos errado. ponto? Sim. Armas de fissão puras foram as primeiras armas nucleares construídas e foram as únicas, até o momento, a serem usadas em tempos de guerra. O material ativo é urânio (U-235) ou plutônio (Pu-239), montado explosivamente numa massa crítica de reação em cadeia por um de dois métodos:


  • Montagem balística, na qual uma massa de urânio é disparada contra um alvo no extremo, similar a um disparo de uma arma de fogo comum, similar ao disparo de uma bala pelo cano de uma arma (plutônio pode ser, teoricamente, usado nesse desenho; no entanto provou-se impraticável. Apenas por essa razão, talvez por enquanto, não temos armas portáteis, tipo pistolas e fuzis, disparando cargas nucleares).
  • Montagem implosiva, no qual a massa de um dos materiais referidos (U-235, Pu-239, ou uma combinação de ambos) é rodeada por uma carga explosiva modelada que comprime a massa, resultando em criticidade).

Então, o que cada um dos grupos de cientistas defendem, é um desenho ou outro. O Dr. Winter, podemos dizer, defende o segundo modelo de desenho. Sentimos Winter, com toda a sua preocupação, não apenas de parar uma guerra, mas antes de tudo, de conter o máximo possível o seu aspecto catastrófico. Por isso todos os dias ele escreve em um quadro negro, para todos os cientistas envolvido em sua visão de projeto, o numero de pessoas mortas naquela guerra. Ele claramente sabe, ou pelo menos intui a consequências catastróficas para o mundo, que advirão do uso do recurso nuclear aplicado como defende a equipe de Dr. Okley, que é a visão dominante, e como sabemos agora, sera a que vai prevalecer. Em resumo,a bomba de Winter teria um efeito controlado, e portanto mais contido no seus aspecto do horror que causaria a humanidade. Claro que não é isso que se pretendia. O que se queria era assustar e mandar uma mensagem para o mundo. A mensagem era: Estão vendo o que podemos fazer caso vocês se mentam a besta daqui pra frente.

sabemos agora qual a premissa da série, mas isso não é apenas o encantador e atraente nela, eu diria mesmo que o mais atraente é exatamente o que não coloca a bomba em foco. O interessante também, como uma sub-narrativa, é a vida de todos que habitam aquela cidade - se podemos chamar assim -, de loucos e paranoicos. Cercadas de segredos, com os militares podendo entrar em suas casas a qualquer hora em busca de atividades de espionagem. São as mulheres dos físicos, muito ocupados em marcar territórios. Com tanta coisa para se ver e se preocupar na amplidão do universo, como cuidar da necessidades básicas de suas mulheres. Elas são deixadas para trás e todas se viram como podem. Um dos passatempos prediletos delas, enquanto se refrescam do calor do deserto dos alamos, é assistir os soldados de dorsos nus a lavar seus automóveis. Atividade para qual elas mesmos convidam os soldados apenas para aprecia-los. Os comentários que elas fazem nesse momento, são explicativos de como ela se encontram carentes. É uma série focada no aspecto humano de se viver sobre controle e confinamento, mas o que aflora aqui, não são os aspectos sombrios perseguidos por Stephen King por exemplo, quando resolve confinar pessoas como fez em Under The Dome. O que temos aqui são pessoas, e em especial as mulheres, cuidando das mulheres num muindo essencialmente masculino e cheio de segredos não compartilhado para elas.

Manhattan deve muito a outra serie, Mad Men, especificamente na forma como ela trabalha para manter um ambiente contemporâneo, apesar da definição do período, e como ela faz da vida doméstica tão importante quanto a vida do trabalho. A diferença, claro, é a aposta: Quando Sterling Cooper, o homem do marketing de Mad Men, não ganha o cliente, isso não afeta o destino da civilização ocidental.
A serie mantem os dedos em uma linha delicada ao brincar com a realidade versus ficção (enquanto algumas figuras históricas, como o já citado Oppenheimer, fazem aparições, o resto do elenco principal fazem personagem que misturam realidade e ficção). Mas tem a seu favor a relativa ignorância americana e do mundo à época e do lugar representado, Sam Shaw, que trabalhou como jornalista antes de se mudar para TV, foi o roteirista para a primeira temporada de Masters of Sex, outro drama de época investigando um pouco outra conhecida área da história americana, e alguns mix dessas experiências dá a audiências um certo nível essencial de credibilidade.

Será que Manhattan fica perto de casa, enfatizando o drama doméstico colocado para fora e permeando toda a série? Será que as implicações globais do Projeto Manhattan consumirão essa narrativa? Encontrar o equilíbrio certo entre esses elementos é o que vai garantir que este inicio forte, leve a uma primeira temporada sólida. Quanto a realidade, já sabemos o que aconteceu depois do 06 de agosto de 1945.

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