Minha Nova Vida/How I Live Now (2013)

Um filme quase perfeito em suas variações de tom, do lirico ao pavoroso e caminhando devagar para lhe envolver com a história. Evita ser demasiado elaborado ou excessivamente inteligente e é essa simplicidade que o sustenta em assisti-lo até o momento em que a história lhe pega de vez e só o solta no final. Ele já apareceu por aqui pelas mão do Felipe (27/11/2013), não resisti em escrever sobre ele também.

Uma adolescente americana, Daisy (Saoirse Ronan), voa para ficar um tempo com seus primos inglêses desembarcando na paisagem agricola de Hiscksville. Eles vivem num mundo livre na maior parte do tempo, de adultos. Moram em uma velha casa com animais por toda parte, louças por lavar e quando voce sofre de um algum tipo de obsessão compulsiva, modismos alimentares e toma medicamentos, não seria um lugar onde você iria querer estar. Ela tenta se isolar em seu quarto para fugir da alegria dos primos.

Poderia ter sido uma praga, ou zumbis ou até mesmo o monstro Godzila, isso realmente não importa. O que importa é como a vida é afetada depois de eventos como esses, qual é a função da sociedade, como o medo chega até você, como você vai ser afetado? O filme cobre um mundo que pode facilmente torna-se uma realidade, mas espero que em apenas cirsunstâncias exepcionais. No cenario de um agravamento da situação politica mundial, Daisy é forçada a adaptar-se a um mundo que ele nunca imaginou existir. Antes desse mundo sair do controle e sem saber que a jornada que se aproximava era das piores, ela já havia prometido a si mesmo empurrar-se para fora da sua area de conforto e fazer algo mais de sua vida. O filme tem uma notavel qualidade artistica e não apenas pela bela paisagem que é tragicamente esmagada pela eclosão de um  conflito global em massa, mas também na sua descrição da natureza da guerra. Notavelmente o inimigo que não é identificado nenhuma vez (algo que eleva a aflição de quem assiste), além do fato de que eles são "terroristas". As nossas únicas interações com eles - quando estes aparecem - poderiam implicar que eles são um tipo de anarquistas, mas isso é mera especulação. Nada vai além para ser contado do ponto de vista militar, ou o que poderia ser usado para ameaças como essas, mas sim a partir do ponto de vista dos civis, cujas as vida foram dilaceradas.

Assim que uma bomba é lançada longe dali, consegue-se retratar um horror sem rosto para a guerra que é muito mais preocupante do que se tivéssemos todas as respostas de pronto. Nunca estamos completamente certos, por exemplo, de quem lançou a bomba em primeiro lugar, se era uma invasão estrangeira ou de um movimento de dentro ou se são forças do governo que se dividiram. Resta saber quem é o verdadeiro inimigo, mas isso realmente não importa, de qualquer maneira, mesmo que seja uma guerra de "lados", aqueles que estão presos no meio só podem se tornarem vítimas. Uma pilha de corpos com Daisy a andar entre eles é uma cena que ecoa atrocidades da vida real e despeja a realidade à nossa porta. A história é poderosa, desta forma, porque mesmo que seja escrita através de um verniz "pop", ainda toca a condição humana. Nossa heroína não pode esperar para mudar os resultados de imediato, mas sim, em uma dura realidade, tentar só apenas  atravessar um ambiente de cabeça para baixo e ao acaso. Esse é o trabalho do cinema, nos transportar para ambientes diferentes e nos provocar a saber como nos comportariamos. Os elementos mais romantizantes podem revelar demais para alguns. 

Encontrei no desempenho de Saoirse algo estelar, embora senti que seu lado mal-humorado para a personagem tenha sido um pouco desajeitado, ela definitivamente capturou a essência de uma adolescente negligenciada que perde sua mãe, se sente como um infortunio para todos que a cercam, mas cresce ao sentir o amor em toda sua intensidade. George MacKay, por sua vez, faz um adolescente introvertido, mas incrivelmente forte de vontade que pode trazer para fora o melhor em um adolescente americano aparentemente egoísta e mal-humorado de forma brilhante. E não havia nenhuma indicação de que os personagens de Tom Holland e Harley Bird estavam em torno apenas como irritantes personagens de apoio, porque eles realizaram os seus papéis de forma convincente.