quinta-feira, dezembro 26, 2013

Sobre Todas as Forças - Cidade Negra - (1994) - Reggae até os ossos.



Reggae é o ritmo que mais aprecio. Assim como o Rock é muito mais do que iê-iê-iê, o reggae é muito mais do que plenk, plenk da guitarra.
O que mais me atraiu primeiramente no reggae foi o suingue do baixo e as maracas com sua sonoridade envolvente. A poesia, a sabedoria, a crítica, o posicionamento político, me fizeram consolidar como fã apaixonado pelo ritmo jamaicano. Artistas como Bob Marley, Alpha Blondy, Tribo de Jah, Natiruts, Chimarruts, Ponto de Equilibrio, Fernandinho, fizeram e fazem muito bem ao meu coração, além de me tornar um cara mais leve, tranquilo e consciente do que sou. Ouvir reggae é quase que uma terapia pra mim. Nenhum ritmo se adequa a tudo, e a qualquer situação na minha vida. 


Conheci o Reggae ouvindo Cidade Negra. Cidade Negra nasceu no Rio de Janeiro na baixada fluminense. Com a saída do primeiro vocalista Ras Bernardo, que saiu para fazer carreira solo, Toni Garrido passou a compor o elenco que já tinha visibilidade. Entretanto não tinha decolado. Ras tinha um posicionamento muito politizado. Toni chegou com influencias soul, muita energia e as letras mais diversificadas. Falava de amor, da situação social do país, da condição do negro, da luta. Mas não deixou o reggae raiz.

Da esquerda pra direita: Bino Farias, Lazão, Toni Garrido

O terceiro disco da Cidade Negra e primeiro com Toni Garrido é Sobre Todas as Coisas, lançado em 1994 e sucesso de público e crítica e não era pra menos: Sonoridade, Ritmo, Visão crítica, Romantismo condensados em um ritmo novo para a grande massa de brasileiros.

Se eu pudesse escolher uma voz pra nascer seria a voz desse cara.

Sobre todas as forças by Francisco Giovanildo Teixeira de Souza on Grooveshark

Mucama, tem participação especial com Gabriel O Pensador. Faz um retrato da empregada doméstica atual comparando-a com as antigas Mucamas - Escravas do Lar, que muitas vezes tornavam-se ou escravas sexuais ou ama-leite. Falando das ilusões sociais do velho pão e circo: Natal e Carnaval onde há erotização dá mulher, principalmente negra, é vendida de forma aparentemente integradora em nossa cultura.
Querem Meu Sangue, essa música é de Jimmy Cliff com versão de Nando Reis, faz um paralelo entre o negro e Jesus Cristo, mas não de Jesus Cristo Salvador e sim um sofredor, gladiado, oprimido, posto em amarras e prometido de morte. Posiciona no entanto o negro como agente ativo de sua história, bravo lutador por seus direitos e incessante buscador de sua vida, vida plenamente. Fazendo inclusive menções, simbólicas da religião cristã, como corpo e sangue.
Downtown, outra participação agora com Shabba Ranks,  é uma suposta viagem ao mundo, cantando reggae, em diversos partes do mundo. Shabba já começa dizendo que o reggae é um jeito universal de comunicação, e termina dizendo a eterna frase de Bob Marley "O reggae quando bate você nunca sente dor, a liberdade e a sapiência são peças chaves para a maior inteligência". 
Luta de Classes, faz uma analogia entre as diversas formas de empregados. Desde o tempo do escravo da babilônia, escravidão negra no Brasil, ideal socialista, até chegar ao atual "colaborador" nas empresas privadas e servidores nas públicas. E mais uma vez, o seu olhar crítico sobre o que dizem para nós e que realmente acontece.
Minha Irmã, música excêntrica, mostrando a religiosidade afro-brasileira.
Doutor, fala da vinda e não adaptação do nordestino nas grandes capitais do sudeste do país, crítica ao modelo de política nacional, de não cuidar da população mais carente.
Onde Você Mora?, marcou minha adolescência. É uma música romântica, dá uma leveza ao disco, e traz uma saudade lascada... Quem não conhece... 
A Sombra da Maldade, outra romântica, o cara querendo queixar a menina pra ficar com ele e tals. Pedindo para ela dá uma chance pro amor.
Casa, fico me perguntando se existe outro lugar onde você se sinta nu como em casa... acho que não. É realmente nosso único lugar no mundo. Maravilha de letra.
Pensamento, que viagem, que criativo!!!! Encerra o cd com chave de ouro, dá aquele incentivo pra seguir em frente, ir contra as adversidades, e ter certeza que "a melhor hora e momento é a gente que faz".

Não tinha outra. Fui muito bem introduzido no reggae. Riquíssimo. Ritmo, letra, melodia(inclusive o reggae brasileiro é reconhecido pela melodia), consciência, positividade, macon... não isso não kkkkk.

Finalzinho de ano e de 01PD. Terei saudades das postagens, mas sei que o consumo de cultura dos caras que fazem essa bagaça estará a todo vapor com ou sem 01PD.

2 comentários:

  1. Um tom de despedida? Não! Continuaremos com essa bargaça, até onde os deuses permitirem

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  2. Não diga adeus tão cedo, jovem Skywalker! Diga até logo :D

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