domingo, novembro 10, 2013

11 Obras de sexologia que irão explodir sua mente (com ciência)

Dia 314

Sexologia como um campo das ciências e das ciências sociais - engloba estudos biológicos rigorosos de reprodução e resposta sexual, assim como de Psicologia e a História. Não era assim até o século XIX, foi à partir dele que os cientistas começaram a se referir a si mesmos como "sexólogos". Daquele momento em diante, houve uma literatura rica e diversificada dedicada ao sexo. Aqui estão onze obras de sexologia que mudaram a história, soprou com ares novos as mentes das pessoas, ou são simplesmente fascinante.

Embalado pelo poder fascinante da série Master of Sex, que inclusive resultou em um dos livros de nossa lista, resolvi pesquisar algumas obras consideradas importantes para o conhecimento do comportamento sexual humano. É evidente que essa lista é meramente pessoal e baseada na importância delas para o conhecimento da sexualidade humana. Algumas nem cheguei a lê-las, por que nem foram traduzidas para o português, mas são todas obras de referência.



1 - Psychopathia Sexualis, de Richard Von Kraftt-Ebing. Publicado em 1886, este livro foi a tentativa do psiquiatra Alemão Krafft-Ebing em categorizar todas as formas de sexualidade "desviante" que ocorreram em sua prática médica. Esta escrito como uma série de estudos de caso, com amplas citações de pacientes do médico descrevendo tudo, desde o fetichismo com borracha e incesto, o que chamamos hoje de BDSM e homossexualidade. Este livro ajudou a definir o campo da sexologia, e, ironicamente, tornou possível para os chamados casos desviantes (como homossexuais, por exemplo) para encontrar mais aceitação nas décadas seguintes. (Wikipédia)





2 - Memórias de um Sexólogo, de Ludwing Lenz. Publicado em meados dos anos 1940, o livro de Lenz, é um livro de memórias fascinantes de seu trabalho no inicio do século XX como um sexólogo, tratando todos os casos de transexuais que desejam mudar de sexo e prostitutas que seguiam soldados nos campos de batalha durante a Primeira Guerra Mundial. Suas descrições da medicina sexual precoce são de arrepiasr os cabelos (por pouco não se tornou moda na época, a implantação de testículos de coelhos em homens para aumentar-lhes o vigor), mas as sua descrições de seus pacientes são compassivas. Ao contrario de Kraftt-Ebing, Lens nunca julga ou  condena os casos "desviantes", mas tenta ajudá-los a permanecerem saudáveis e encontrar o seu caminho em um mundo onde o casamento gay e modas fetichistas eram apenas um sonho futurista. (Medical Sex)


3 - Comportamento sexual do Macho Humano, de Alfred Kinsey. Kinsey começou sua carreira como entomólogo que estudou e categorizou espécies de vespas, e quando ele decidiu abruptamente lançar seu olhar sobre a sexualidade, ele trouxe sua sensibilidade de phylogenista com ele. Como Kraftt-Ebing, o que ele também desejava era categorizar o comportamento sexual humano, no entanto, se comprometeu a fazer o mesmo, narrando tudo, socialmente aceitável ou não, sem julgamento. O resultado foi um tomo maciço da década de 1940, com em centenas de entrevistas anônimas com homens. O livro foi um grande e insano sucesso que ajudou a popularizar a ideia de que "um em cada 10 homens" tiveram experiências homossexuais (este foi, provavelmente, o viés de seleção, já que segundos seus críticos, Kinsey havia entrevistado um número desproporcional de homens em bares gays de Nova York). Mas também revelou ao mundo o quão comum era o sexo oral, assim como o sexo pré-marital.


4 - Resposta Sexual Humana, William Master e Virginia Johnson. Publicado na década de 1960, este livro explorou o os aspectos fisiológicos do sexo, e popularizou a ideia do "ciclo de resposta sexual". Os pesquisadores tinham colocados inúmeros voluntários em uma maquina que media a taxa média de batimentos cardíacos, a resposta galvânica da pele e as contrações musculares, enquanto as pessoas se masturbavam e atingiam o orgasmo. Como resultado, Master e Johnson foram capazes de caracterizar os quatro estagio da excitação e do orgasmos, que são: excitação, platô, orgasmo e resolução, cada um dos quais com sintomas fisiológicos característicos. Estranhamente este livro se encontra fora de catalogo em quase todos os países onde foi publicado, inclusive no Brasil.

5 - My Secret Graden, Nancy Friday. Friday publicou este trabalho no inicio de 1980, resultou de centenas de entrevistas com mulheres sobre suas fantasia sexuais - que aparecem basicamente inédita neste livro. Meio erotismo, meio sexologia, o livro foi uma celebração da imaginação sexual feminina e teria feito corar Kraftt-Ebing. Ele também ajudou a aumentar a consciência para o fato de que as fantasias são algo normal, e só porque você fantasiar sobre algo não significa que você deseja fazê-lo.









6 - The Mating Mind (A mente do acasalamento), Geoffrey Miller. No final do século passado, algumas das obras mais interessantes da sexologia são mais bem compreendidas com a psicologia evolutiva. Neste livro,  o psicologo evolucionista Geoffrey Miller explora a ideia de que a seleção sexual entreseres humanos foi impulsionado pelo desejo dos nossos antepassados para pessoas que possuíam uma inteligencia inovadora. Em outras palavras, os seres humanos ficaram mais inteligentes. Não só é uma tese provocante e divertida, mas é basicamente uma teoria da evolução que postula os geeks são resultados da seleção natural.






7 - The Ethical Lust (A Ética da Luxuria), Dossie Easton e Janet Hardy. Publicado em 1990, este bestseller underground dos terapeutas Easton e Hardy oferece aos leitores conselhos uteis saudáveis psicologicamente falando, que incentivam as pessoas a buscarem e confiarem em relacionamentos amorosos e sexuais com mais de uma pessoa ao mesmo tempo. Ele ajudou a popularizar o termo "poliamor" para relações com múltiplos parceiros, captando décadas de equívocos sobre a não-monogamia e mostrando que nem todas essas relações eram destrutivas - em vez disso, elas podem ser tão saudáveis quanto as relações monogâmicas tradicionais e certamente mais honestas.





8 - O Mito da Monogamia, David Barash e Judith Lipton. Neste livro, os autores que são psicólogos, uma outra perspectiva sobres as questões abordada em a Ética da Luxuria explorando o fato de que de monogâmicos os animais são algo comparado a nada. Eles desenvolvem a ideia de que há uma diferença entre a monogamia social (aquela que preconiza um único parceiro ao longo da vida) e da monogamia sexual (exclusividade sexual) e utilizam resultados de testes genéticos para revelar que muitos animais são socialmente monogâmicos e quase nenhum são o seu contrario, sexualmente monógamos, incluindo ai, os seres humanos.







9 - The Science of Orgasm, por barry Komisaruk, Carlos Beyer-Flores e Baverly Whipple. Assim com Master e Johnson, Komisaruk e seus colegas queriam saber mais sobre os processos biológicos subjacentes ao orgasmo. Então eles encontraram um grupo único de indivíduos que podiam ter orgasmos dentro de maquinas de ressonância magnética e descobriram o que o orgasmo faz para o cérebro. Isso pode ter sido o inicio do longo caminho para ajudar mulheres que tem dificuldade com orgasmo, e talvez, leve a um resultado um dia, para uma versão feminina do Viagra.









10 -  Evolution's Rainbow (Arco-Íris da Evolução), Joan Roughgarden. A autora especialista em biologia da evolução, foi um dos primeiros cientistas a reunir vários estudos sobre a diversidade sexual na natureza - a partir de peixes que mudam de sexo, de espécies hermafroditas e animais homossexuais - e explicar por que esse tipo de diversidade pode ter evoluído. Ela sugere que a diversidade sexual é completamente natural, e que a homossexualidade e a transsexualidade nos humanos está longe de ser a ideia de Krafft-Ebing, de categorias "desviantes. Na verdade, é parte do que faz de nós e muitas outras espécies de sucesso na natureza.






11 - Sex at Dawn, Christopher Ryan e Cacilda Jetha. Os autores oferecem uma visão alternativa sobre a história da cultura humana, descrevendo como vários parceiros e matriarcado são tão cruciais para o desenvolvimento psicológicos precoce dos seres humanos, como o patriarcado e a monogamia  são. No processo, eles carregam no projeto de muitos sexólogos contemporâneos de Easton e Hardy a Roughgarden, que é o de estabelecer que o que nós pensamos como naturais relativos as relações sexuais hoje não são nada. Desde seus primórdios, a sexualidade humana é muito mais complicada e fluida do que o pensamento heterossexual  o casamento, e o homem-provedor padrão poderia sugerir.






A História Intima do Orgasmo, Jonhatan Margolis. Nossa lista vai terminar com com doze livros, ainda que a lista original seja apenas de onze. por uma simples razão, o autor não é um sexólogo, mas um jornalista, pesquisador, colaborador do The Guardian, Finacial Times e Times, que publicou este livro em 2004. É um livro curioso que analisa a visão do orgasmo como seu próprio autor diz: 
"Apesar da sua importância como ícone em quase todas as culturas e países do mundo, nunca se produziu uma tese definitiva sobre o orgasmo - sobre o pouco que se conhece da sua história altamente secreta, da sua biologia, da sua antropologia, psicologia, tecnologia e sociologia, sobre o seu papel cultural e à sua literatura. Por esta razão escrevi esse livro, além de gostar muito de orgasmo." Algumas citações, para dar o tom do livro.

Das vantagens do orgasmo:

“Diz-se que o orgasmo tem as mesmas vantagens mentais e físicas que uma corrida de oito quilômetros  graças ao incremento do ritmo cardíaco equivalente a um intenso exercício aeróbico. (…) Aparentemente, os orgasmos melhoram a respiração,  a circulação, o sistema cardiovascular, a força, a flexibilidade e a massa muscular. Diz-se também que produzem um brilho no olhar, no rosto e nos cabelos, além de aliviarem os sintomas de perturbações menstruais, osteoporose e artrite. Os orgasmos podem até ajudar a perder peso, uma vez que a adrenalina libertada durante o orgasmo reduz a glucose responsável pela acumulação de gorduras.”

Das mulheres pretensamente insaciáveis e multi-orgásticas, citando Donald Symons:

“A mulher sexualmente insaciável encontra-se principalmente, se não mesmo exclusivamente, na ideologia feminista, nas esperanças dos rapazes e nos receios dos homens”.

Das ideias puritanas sobre o “excesso” de atividade sexual:

“(Sylvester) Graham Kellos (o americano dos flocos de aveia) acreditava (…) que a masturbação reduzia a esperança e vida e conduzia à insanidade mental, e que os casais com excesso de atividade sexual seriam atacados de ‘languidez, lassidão, distensão muscular, debilidade e obesidade gerais, depressão de espíritos, perda de apetite, indigestão, desmaios e inanição, susceptibilidades acrescidas da pele e dos pulmões a todas as alterações atmosféricas, debilidade circulatória, calafrios, dores de cabeça, melancolia, hipocondria, histeria, debilidades de todos os sentidos, estrabismo, perda de visão, debilidade respiratória, tosse convulsa, redução pulmonar, perturbações hepáticas e renais, dificuldades urinárias, perturbações dos órgãos genitais, doenças da coluna, perda de memória, epilepsia, insanidade mental, apoplexia, abortos, partos prematuros, debilidade extrema, predisposições mórbidas e uma morte precoce dos filhos”.

Não era nada exagerado, este Graham,não?

Da obsessão anti-masturbações dos puritanos:

“O Treatment of Masturbation, de 1900, da autoria do Dr. Sturgis, incentivou o uso de uma espécie de cinto de castidade masculino: ‘puxa-se o prepúcio bem para a frente, introduz-se o indicador esquerdo profundamente até à base da glande e, do exterior, perfurando a pele e a membrana mucosa, insere-se um alfinete de segurança revestido a níquel, atravessando horizontalmente em um centímetro até encontrar o dedo indicador do outro lado. Finalmente, coloca-se outro alfinete, pelo lado oposto do prepúcio, que se ajusta ao anterior. Qualquer tentativa de ereção provocará um dor intensa que tem um efeito dissuasor da masturbação.”

Simpático, este Dr. Sturgis!…

Para além de estas e muitas outras curiosidades históricas, o livro dedica muitas páginas ao orgasmo feminino que, finalmente, parece liberto do estigma de Freud, que considerava o orgasmo clitoridiano como imaturo, só aceitando o orgasmo vaginal, com penetração – coisa que, muito provavelmente, nem sequer existe.


Apesar de, por vezes, o livro me parecer um pouco confuso (será da tradução?), não deixou de ser uma leitura agradável e, em alguns passos, esclarecedora.

E o cinema, o que poderia nos dizer sobre o tema e sobre a vida de alguns dos homens e mulheres que dedicaram a vida a "desentrincheirar" este que é um dos mais curiosos temas humanos. Pensando nisso vou tentar trazer por aqui, alguns filmes que abordam a vida desses maravilhosos pesquisadores em breve. Até a próxima.



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