The Substance - A Descoberta do LSD

Dia 275

Filme/Documentário: The Substance Albert Hofmann's LSD / A Descoberta do LSD (2011)

Diretor: Martin Witz

Escritor: Martin Witz

Participações: Stanislav Grof, Martin A. Lee, James S. Ketchum e mais

Duração: 90 min

País: Suiça - Alemanha

Em 1943, o ano em que a primeira bomba atômica foi construída, Albert Hofmann descobriu o LSD, uma substância que viria a se tornar uma bomba atômica da mente. Frações de um miligrama é suficiente para transformar a nossa estrutura de tempo e espaço de cabeça para baixo. A história de uma substância - a sua descoberta no laboratório de química Basel, as primeiras experiências por Albert Hofmann em si mesmo, a década de 1950 experimentos dos psiquiatras, os pesquisadores da consciência, os artistas. Poderia ser realmente possível encontrar um caminho para o centro da nossa existência humana, por meio de uma substância química? Espiritualidade no apertar de um botão? Será que os efeitos enigmáticos dessa nova substância irá realmente ajudar-nos a compreender melhor a alma humana? LSD pode ser um instrumento de psiquiatria contemporânea? Da pesquisa cerebral moderna?

Antes de começarmos nossa postagem de hoje, a controvérsia e delicadeza do assunto exige que eu alerte ao leitor antes de tudo, que o que verão nela não se trata de apologia ao consumo irracional de substâncias "ilegais".

Hoffman morreu aos 102 anos e triste com o que aconteceu com sua descoberta

O documentário trata de uma dos mais controversos assuntos da atualidade na sociedade. Assim que ele entra em foco em uma discussão em qualquer instância, os ânimos se acirram e conflitos de opiniões surgem como não se ver parecido em outros debates. Num campo onde impera a informação e desinformação, com larga vantagem para a segunda, ele contribui, num nível histórico, para compreender como se processou no seio da sociedade moderna a criminalização de substâncias  que de modo adequado, poderiam ter se tornado poderosas ferramentas de evolução e compreensão de si mesmo.

As famosas doses de LSD. Menos de 1 micrograma para consumo

O LSD, ou Dietilamida do Acido Lisérgico, um poderoso alucinógeno, foi descoberto casualmente em 1943 pelo químico Suiço Albert Hoffman, seu contato primeiro com a substância se deu de forma acidental, só depois de forma mais segura, ele resolveu administrar em si mesmo uma dosagem. O que se seguiu, segundo ele mesmo descreve no filme, foi uma das mais assustadoras e modificadoras experiências de sua vida, que se iniciou com a total ausência e apagamento de sua individualidade e um sentimento de pertencimento coletivo como nunca havia experimentado antes.

Um dos principais uso imaginados por Hoffman e a equipe do Laboratório Suiço SANDOZ para a nova substância, foi como ferramenta de uso na psiquiatria,  no tratamento e controle de doenças mentais. A distribuição para os profissionais da área foi implementado e os resultados observados foram animadores.

A chegada do LSD nos Estados Unidos se deu durante a guerra fria, pela porta do Exercito e da CIA. A agência de intreligência americana desejava usar a nova substância em suas rotinas de interrogatórios, em experiencias de controle da mente e também para uma engenharia social em larga escala. A CIA teria realizado varias pesquisas e experiencias com LSD, das quais a maioria foi destruída. O LSD teria sido a área central de pesquisa do Projeto MKultra um codinome para um projeto da CIA de controle mental.

Não demorou para que a nova substância ganhasse as ruas da cidades da California, e encontrasse o ambiente perfeito entre a efervescência artistisca e os anseios populares por formas e padrões de vida alternativo. O LSD se mostrou desde o seu principio como um perfeito catalizador de mundos que não encontravam paralelo na realidade, assim o mundo real como conehecemos nunca mais seria o mesmo. Relativamente fácil de ser sintetizada em laboratório, grandes quantidades estava a disposição da população e comercializada legalmente. O filme tem imagens históricas de ruas com mais de 25 mil pessoas em São Francisco sob o efeito do LSD, em momentos de protestos pacíficos. Para toda uma geração de hoje, é algo difícil de acreditar em tais imagens. A maioria as pessoas dessa geração pensam que substancias alucinógenas sempre foram criminalizadas como agora, mas isso é parte de uma corrente que compartilha o mesmo pensamento e a mesma percepção conservadora da época de que potencialmente, estas substâncias poderiam romper com o tecido social. Por certo que o que se romperia era o mundo de controle que eles exercem sobre a população em seus próprio benéfico de poder e politica.

Ouve mesmo uma percepção equivocada dos chamados "gurus lisérgicos", como por exemplo, Timothy Larry. Seu discurso que fez vários seguidores e consumidores do LSD aderirem a um postura de desafio as instituições.

O movimentos de contraculturas encabeçados por vários artista e jovens desejosos de uma nova ordem social logo passaram a ser vistos por instâncias conservadoras da sociedade como um potencial perigo, e ai veio a criminalização.

Hoffman enquanto cientista não concordava com abordagem que os americanos tinham do LSD, tendo ele mesmo recusado o convite de Larry para conhecer seu trabalho no retiro que dirigia em Millbrook, NY. Parecia vislumbrar que como a coisa estava sendo colocada poderia resultar  nas chances do LSD ser encarado como algo ruim para a sociedade, e ele estava certo em seus pensamentos.

As chances de que você cruze com esse filme na televisão aberta e muito remota, ele esteve em exibição o ano passado no GNT, mas eu recomento fortemente em especial para o mais jovens, que procurem este documentário na rede e o assistam. Ele é a prova inconteste de que haviam caminhos alternativos para o uso do LSD que seguramente não resultariam no preconceito e desinformação de hoje.