sábado, junho 22, 2013

Watchmen, Parte I - Os Tempos Estão Mudando

Dia 169 - Felipe Pereira 165
"and I'll look down and whisper 'No'."
Watchmen - 2009
Dir: Zack Snyder
Elenco: Jackie Earle Haley, Patrick Wilson, Carla Gugino | See full cast and crew


É de conhecimento público que uma boa parte dos fãs de Watchmen não é muito fã da adaptação feita para os cinemas pelo santo Zack Snider. Para falar a verdade, uma bela porcentagem dos fãs da HQ execra a adaptação para o cinema alegando as mais absurdas justificativas. E eu simplesmente não compreendia a razão para algumas dessas pessoas agirem dessa maneira, cheguei a entrar em discussões calorosas em comunidades e fóruns com o objetivo de defender a adaptação. Eu sou apaixonado pelo filme, acho uma das coisas mais bacanas do cinema de herói já feito até agora. Ou ao menos eu achava assim.
Eu não vi Watchmen no cinema, na época do lançamento do filme eu era menor de idade e, acreditem se quiser, os cinemas brasileiros são muito rigorosos nesse sentido. E eu que tinha apenas 17 anos, baixava minha cabeça pra tudo (CAMILAAAA! UOU!!! CAMILAAA).
Boa parte das pessoas não sabe, mas no Brasil, se um filme pega a classificação indicativa de 18 anos, se você tiver 17 anos, 11 meses e 29 dias, você não entra no cinema nem com acompanhante. 18 é 18 e não tem conversa, não tem jeitinho brasileiro.
Watchmen pegou a classificação mais alta por aqui, nada mais justo e adequado, eu compreendo e aceito essa decisão. A obra máxima (?) de Allan Moore não merecia menos.
Eu baixei um piratão na internet (são torrent) assim que o filme vazou. Me julguem.

E eu achei o bagulho espetacular, uma das coisas mais bonitas e respeitosas que já vi na vida. Ainda assim havia os mimizentos que reprovaram a adaptação. EU NUNCA COMPREENDI ESSA GENTE!
Até que eu vi a versão de cinema de Watchmen...
Acontece que a versão que eu havia assistido, a piratona, era a versão do diretor, que milagrosamente vazou na web antes da versão de cinema. E ela tinha 3 horas e dez de duração, era um bagulho quase infinito, nunca chegaria aos cinemas. A versão de cinema tem duas horas e quarenta, como é de se imaginar, não dá para condensar os 12 volumes da obra de Moore em um tempo tão “curto”, muita coisa se perde, muita coisa precisa ser cortada, algumas ficam flutuando sem sentido pela projeção...
Claro que muito do que se alegava era infundado e exagerado, mas... A versão de cinema de Watchmen é muito pobre e, acredite se quiser, 30 minutos a mais fazem muita diferença.

E, se quiser um conselho, você que não curtiu o filme: veja a versão de 3 horas e dez. Há também uma versão ultimate uncuted bad motherfucker, mas essa é só pros fãs mais alucinados, pois beira as quatro horas de duração.
Watchmen conta como seria o mundo se super heróis existissem de verdade. O objetivo é dar realismo às coisas, mas sem tirar o elemento fantástico delas. Especular como os EUA reagiriam a um sujeito azul, pelado e gigante, com super poderes e capaz de vaporizar toda espécie viva na Terra com um estalar de dedos.

Neste mundo um grupo de pessoas, grande parte delas sem poder nenhum, se une para combater o crime sob a alcunha de The Minutemen. E eles agem das mais diversas formas para fazer isso, cada um deles tem uma índole bastante distinta. Há do mais heroico (o Coruja) ao mais... duvidoso (O Comediante). O tempo passa, esses heróis envelhecem e novos tomam seu lugar nas ruas, os Minutemen ganham uma nova formação, ganha novos membros, alguns se aposentam e escrevem livros de memórias, outros simplesmente se aposentam e vivem suas vidas no anonimato enquanto os novos heróis defendem as ruas...

O interessante é que, com heróis nas ruas, as ruas ganham vilões.
São vilões pé de chinelo, certo, mas grande parte dos heróis também não é lá grande coisa.
Até que ele surge: Dr Manhattan (não necessariamente nessa ordem). Um cara normal que sofre um acidente de trabalho num laboratório de pesquisas e tem seu corpo completamente desintegrado a nível atômico. E ele aprende a se reestruturar, ele se reconstrói em forma de...
Deus. Um cara que tem total consciência sobre si e sobre o universo, percebe que é capaz de fazer e pensar qualquer coisa, que tem conhecimento infinito e universal. Um sujeito azul que, simplesmente, percebe que calças são superestimadas e passa a andar pelado por aí sacudindo seu bingulinho azul na cara das pessoas.
.Os novos Minutemen são formados por Comediante, Espectral, Dr Manhattan, Ozymandias, Coruja e Rorschach.

Da direita para a esquerda: Comediante, Espectral, Dr Manhattan, Ozymandias, Coruja e Rorschach.
Até o momento em que o governo e o povo ficam um tanto... sobressaltados quando se dão conta de que Deus é americano e no momento em que bem entender, ele pode decidir que a humanidade já viveu por tempo suficiente e que sua existência não é mais necessária.
Essa é a parte fantástica (de “fantasia”) de Watchmen. A parte que foge do que entendemos como “real”. O “real” aqui representado não é o que compreendemos como o que existe e o que não existe, é o que aconteceria se nós percebêssemos que o que não deveria existir está por aí, andando pelado pelas ruas e nos protegendo. E uma lei é criada para que este e qualquer outro denominado “super” se recolha a sua residência e nunca mais venha a colocar uma máscara ou uma capa em nome do povo.

E os novos Minutemen se fragmentam, cada um vai para seu lado. Um deles vira um morador comum de subúrbio, um vira uma figura pública influente, Manhattan continua suas atividades como cientista, Rorschach continua sua carreira de “herói”, O Comediante vira um matador de aluguel...
Até o momento em que O Comediante é assassinado dentro de casa e Rorschach, por conta própria, dá início a uma investigação que começa a cutucar em feridas profundas. Rorschach é outro sujeito que merece umas linhas. Antes da Lei Keene, que proibia atividades heroicas em solo americano, Rorschach já era um cara... desequilibrado, sem amarras sociais que o prendessem muito ao título de herói. Era um cara explosivo, que levava o termo “justiça” ao pé da letra, não acreditava em justiça lenta, ia lá e abria a cabeça de molestadores de crianças com um machado, um sujeito violento mesmo. Quando a lei foi lançada e todos os heróis se recolheram, ele continuou na atividade, passando a ser oficialmente um fora da lei caçado pela polícia.
Quando o Comediante morre, ele inicia uma investigação que acaba trazendo à tona alguns podres que já começavam a ser esquecidos. O Comediante é outro sujeito que merece uma descrição mais detalhada, por que o cara é... Intenso.
Ele é morto na primeira cena do filme, um sujeito invade a casa dele e o espanca até ficar sem forças para, no final, o atirar da janela do trocentésimo andar do prédio node mora. Ele era um escroto, sem limites e sem escrúpulos. Era outro que não fazia muito para merecer o título de herói, um sujeito sujo, sem moral. Assassino de mulheres, estuprador, homicida... Mas ele tinha um a ideologia e andava com os caras bonzinhos, as pessoas o aceitavam enquanto ele estivesse fazendo algo por elas, enquanto ele estivesse na rua espancando bandidos e não desse um tiro num cidadão americano. Um herói fascista para um povo fascista.


Um comentário:

  1. Não lembro mesmo de outro filme de super-heróis mais realista do que esse!

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