Dia 172. Felipe Pereira 168
Event Horizon - 1997
Dir: Paul W.S. Anderson
Elenco: Laurence Fishburne, Sam Neill, Kathleen Quinlan
Eu não pensei que fosse viver para assistir a um bom filme
do Paul W.S. Anderson, mas esse dia chegou. O visionário diretor por trás de
Resident Evil tem um currículo no mínimo condenável, cheio de adaptações mal
sucedidas de games (Alien Vs Predador, Resident Evil, Mortal Kombat) e uma das
piores adaptações de Os Três Mosqueteiros que o cinema já viu. Aparentemente o
único grande mérito da carreira do sujeito foi ter se casado com a Milla
Jovovich, fato que ele faz questão de esfregar na cara da sociedade em cada uma
das suas super faturadas produções de gosto duvidoso.
É quase como quem diz: “eu posso não ter talento nenhum,
mas eu divido a cama com essa mulher toda noite. Você não.”
Pode ser coincidência, eu duvido que seja, mas o melhor
filme do sujeito (o único bom? Ah, não, Corrida Mortal é... bacaninha) não tem
a Milla Jovovich no elenco. Estou falando de Enigma do Horizonte (Event
Horizon, do longínquo ano de 1997). Uma ficção científica debandada para o
terror que conta a história de um grupo de cientistas que, no ano 2040, projeta
uma nave espacial feita para explorar as fronteiras do sistema solar. A nave na
verdade é parte de um projeto secreto que visa a viagem na velocidade da luz,
algo teoricamente impossível. A boa notícia é que a geringonça cumpre o que
promete. A má notícia é que ela some com toda a tripulação dentro e ninguém
sabe onde ela foi parar.
Quando a nave reaparece, sete anos depois, o Dr. William
Weir (Sam Neil), um dos engenheiros da Event Horizon (a tal nave), reúne uma
equipe de exploradores do espaço para... exploradores do espaço foi foda...
enfim... Para ir até a nave e investigar o que ocorreu a ela e à sua tripulação
e, quem sabe, descobrir onde ela esteve nesses sete longos anos.
O bacana de Event Horizon é que é um filme muito prático,
sem muitos efeitos visuais (ao menos na primeira parte). Anderson usa muito
cenário e muita maquete para mostrar o interior e o exterior da nave que
transporta os caras até a EH. A própria Event é muito bem feitinha, muito
detalhada, ainda que simples. Outro ponto é a quantidade de referência que a
produção faz: de 2001 a perdidos no espaço, se esforçando muito pra fazer uma
homenagem a Alien – O Oitavo Passageiro, que por vezes parece uma cópia safada
mais que uma homenagem. Sem falar que a presença de Sam Neil dá ao filme um ar
involuntário de Jurassic Park nas Estrelas, o que também é bom. O outro nome
conhecido do elenco é o até então nada famoso Laurence Fishburne. Exceto por
ele e Neil todo o resto do elenco é formado por atores genéricos acostumados a
morrer em produções do tipo.
Mas o que houve com a Event, por onde ela esteve e o que
aconteceu com a tripulação? A explicação que o roteiro arranja é absurda e pseudocientífica
até a medula, mas o resultado é assustador. Chega num ponto, no último terço,
em que o filme desembesta a dar susto, manda o roteiro pra casa do cacete e parte
pra agressividade. Perde muito de qualidade técnica nesse terço, mas ganha em
ação e insanidade.
Insanidade, aliás, é a palavra. A tripulação que entra na
Event começa a ver coisas, começa a ouvir e sentir e lembrar de coisas que os assombram.
Segredos escuros, medos irracionais... Chega num ponto em que é visível que
ninguém ali vai sair vivo da nave. E isso só torna as coisas mais assustadoras.
E como sempre cabe mais uma referência, Anderson se vê no direito de
referenciar O Iluminado. Fica meio tosco, meio forçado, mas já tá bem no
finalzinho do filme, já tá tudo meio aloprado, não é tão difícil de engolir.
O resultado final é um bagulho assustador, com momentos
bem cretinos de referência exagerada e um final genérico. Mas, pô, é o PWS
Anderson, fazer um filme bom pra esse cara já é um milagres, querer que ele
fosse mais que isso também é exigir demais.
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