O que é aventura? O que é
exploração? Por mais que me surpreenda tenho que explicar isso, mesmo depois de
tudo que já passamos jogando games eletrônicos. Aventura é sair do caminho estabelecido. Saber aonde se tem que ir e
escolher o caminho contrario, pela sensível razão de que pode fazê-lo. A
recompensa vem somente ao descobrir um novo cenário, um novo enigma, um objeto
colecionável em forma de vaso antigo; isso é o de menos. Já a verdadeira
satisfação para o explorador é fazer a rota das regras.
Existem poucos estúdios que
dominem melhor esta arte que a CRYSTAL
DINAMICS. E eles não podem ser contra suas próprias raízes. Por muito que agora os jogos se mudam em
outros padrões, um sem numero de explosões, e que não importe mais que o salto
seja espetacular e que o tenha executado corretamente, o estúdio americano não
esqueceu que dominam a formula da aventura desde o seu inicio. Não é
estranho que aqui se trate de um “Reboot”, um reinicio da saga Tomb Raider, e
sigam inerentes os elementos que a fazem uma grande saga.
Muito se falou sobre se Tomb Raider
se inspirava em Uncharted, que por
sua vez se inspirou nos antigos Tomb Raider.
É certo que sim, porem não tanto quanto pensávamos. Quando Tomb Raider se
concentra num caminho estabelecido, as bases já conhecemos: corridas por pontes
que se desmancham a nosso pés, saltos no ultimo momento, com uma explosão bem
medida a nossa retaguarda, tiros cruzados... Porém Tomb Raider surpreende
grandemente ao misturar com sabedoria essas tendências modernas com algo de
sabor próprio. Lembram-se quando em The Legend Of Zelda havia uma zona era
bloqueada até que conseguisse o boomerang? Ou quando em Soul Reaver não podia
escalar certas paredes até confrontar certo inimigo de fase? O planejamento é o
mesmo. Lara vai aprendendo à medida que
se converte na lenda que será, e nesse caminho iremos aprendendo habilidades
novas e recolhendo objetos e armas que nos permitem acessar a mais parte do cenário.
Graças ao gancho, por exemplo, poderemos escalar paredes. O arco com corda nos
permitirá criar redes de tirolessas. Até mesmo a boa e velha escopeta servirá
para romper certas barreiras.
“Pode ser que o jogo em certos
momentos abuse do fogo, porém quando se está só tu e uma tocha, é impossível
não se sentir-se de todo um explorador. Sair de uma tumba e encontrar um
monastério escondido é uma recompensa em si mesmo”.
A premissa não deixa de ser
conseguir pequenos objetos colecionáveis documentos que expandem a história ou
um objeto para melhorar nossas armas. De todos os segredos, os melhores e quase
obrigatórios são as tumbas, e é aqui que
Tomb Raider recupera sua essência com pequenos desafios e quebra cabeças
baseados em física, os melhores que já tínhamos visto. Ainda que não sejas um
colecionador nato, é recomendável que explores toda a ilha em busca desses
objetos, pois é aqui que descobres que a essência de Tomb Raider, que fica
longe de ser “um tiro e seguir em frente”. Os pequenos desafios em forma de saltos e quebra cabeças se agradecem e
de novo, a recompensa, vem pelo puro prazer de explorar.
A história principal pode
seguir-se com o mesmo interesse. E nela veremos a forja de Lara como heroína
lendária, a base de sofrer os maiores danos que jamais tínhamos visto na
história de videogames. Bate-se muito em Lara, e de tantas formas imagináveis
que o único resultado possível é sair com mais força em troca. No fundo a
história desse Tomb Raider não pode ser repetida, porque nunca mais veremos de
novo essa conversão de uma Lara inocente a uma sobrevivente. Tomb Raider, tenho que dizer, tem de tudo. A linearidade de sempre se mistura
magistralmente com as zonas abertas, os tiroteios com o furtivo, os quebra
cabeças com as plataformas. A exploração com as impressionantes vistas da ilha
do Triangulo do Dragão. As praias com os picos nevados. Os bosques com as
selvas tropicais. O real com o sobrenatural. Tudo isso graças aos desenhos
de níveis mais originais e inteligentes que temos visto em muito tempo e que
inclusive, permite a viagem rápida entre dois pontos para tentar descobrir
todos os segredos de cada zona e completa-la 100%. O arco será tua arma
favorita se não lhe agrada as armas de fogo, porem em algum momento terá que
usá-las. Acabar com teus inimigos na surdina é um algo mais para aqueles que
gostam de variar o combate. Saltos e tiroteios. As armas se comportam
perfeitamente, mas destaca-se sobretudo o arco, que nos faz sentir-se um
predador natural em um meio hostil.
As animações de Lara em todo
momento parecem não ter fim. Desde o sutil gesto de apoiar-se na parede ou
quando tem que proteger o rosto quando há muito vento ou fogo cercando-a,
Sacudir os braços quando estão encharcados ou agachar-se quando há inimigos por
perto. Tudo é tão natural em Tomb Raider que o jogo não necessita nem botão de
cobertura. Se tiver inimigos por perto e cobertura, Lara se agachará. Se há
oportunidade de sigilo, as animações de Lara se comportarão de acordo com a
situação, mudando apenas se for descoberta. Se estiver usando um canto, sairá
da cobertura de forma natural. Se não for cuidadoso o suficiente um inimigo irá
lhe detectar em algum momento, a quantidade de inimigos é assustadora. Algumas zonas estão guardadas por três ou
quatro inimigos, em outras depararemos com exércitos inteiros de oponentes.
Isso às vezes pode soar inverossímil, podemos aceitar que Lara consiga acabar
com três ou quatro inimigos ou um par de lobos, porem quando se apresenta
diante de uma dezena de inimigos armados até os dentes o game rescinde um pouco
da realidade, afinal Lara ainda é uma criança, como seus inimigos e amigos
fazem questão de lembrá-la a todo o momento. Ainda que as mortes não sejam
tão abundantes como nas aventuras de Nathan
Drake (Uncharted), algumas vezes podem resultar excessivas.
Não poderiam faltar os saltos em
momentos extremos com tudo ao seu redor vindo abaixo. Lara sofrerá quedas e
golpes que acabariam com qualquer um, mas ela é uma lenda. Também beira ao
exagero a quantidades de explosões que se produzem em alguns níveis, onde tudo
explode porque os barris vermelhos fazem suas aparições estelares. O bom é que
a Crystal Dinamics sempre consegue equilibrar as coisas entre uma cena guiada
com uma aberta a explorar, para conseguir um time de jogo excelente. Uma
recorrência no mundo dos games atuais, os elementos de RPGs também estão aqui,
pode-se melhorar as habilidades físicas e mentais, e as armas de Lara com os
restos que encontramos pela ilha. Cadáveres, e a fauna da ilha lhe ajudarão
nesse sentido também. Isso é também interessante no que pese abrir
numerosos e úteis movimentos para Lara. Um sistema mais inteligente como visto,
por exemplo, em FAR CRY 3, onde caçar não é um mero passatempo em si mesmo, mas
se torna obrigatório como um único meio para realizar melhorias.
Tomb Raider foi uma experiência.
Não é o jogo mais desafiante que você vai encontrar e até se poderia ter
colocado mais ênfase em um roteiro que dava para mais, tanto na história
pessoal de Lara como no mistério da Rainha do Sol. Porem é um desses títulos
que não se pode deixar de jogá-lo até terminar, te incita a dar uma olhada em
cada lugar da ilha por puro prazer visual e onde tudo que está fazendo é
divertido.
Creio que esta era a altura certo
de relançar Tomb Raider, algo que penso não ser possível na próxima geração que
já se avizinha. De todo modo, já se tem aqui a Lara Croft do futuro.
Sinceramente, este é um titulo
que os aficionados não podem deixar de jogar.
Bela crítica... por alguns momentos me senti dentro do jogo
ResponderExcluirPara não ficar atrás de você com seus perfeitos comentários sobre sistemas operacionasis
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