sexta-feira, março 22, 2013

Tomb Raider - 01PD Games - Por Assis Oliveira




O que é aventura? O que é exploração? Por mais que me surpreenda tenho que explicar isso, mesmo depois de tudo que já passamos jogando games eletrônicos. Aventura é sair do caminho estabelecido. Saber aonde se tem que ir e escolher o caminho contrario, pela sensível razão de que pode fazê-lo. A recompensa vem somente ao descobrir um novo cenário, um novo enigma, um objeto colecionável em forma de vaso antigo; isso é o de menos. Já a verdadeira satisfação para o explorador é fazer a rota das regras.

Existem poucos estúdios que dominem melhor esta arte que a CRYSTAL DINAMICS. E eles não podem ser contra suas próprias raízes. Por muito que agora os jogos se mudam em outros padrões, um sem numero de explosões, e que não importe mais que o salto seja espetacular e que o tenha executado corretamente, o estúdio americano não esqueceu que dominam a formula da aventura desde o seu inicio. Não é estranho que aqui se trate de um “Reboot”, um reinicio da saga Tomb Raider, e sigam inerentes os elementos que a fazem uma grande saga.

Muito se falou sobre se Tomb Raider se inspirava em Uncharted, que por sua vez se inspirou nos antigos Tomb Raider. É certo que sim, porem não tanto quanto pensávamos. Quando Tomb Raider se concentra num caminho estabelecido, as bases já conhecemos: corridas por pontes que se desmancham a nosso pés, saltos no ultimo momento, com uma explosão bem medida a nossa retaguarda, tiros cruzados... Porém Tomb Raider surpreende grandemente ao misturar com sabedoria essas tendências modernas com algo de sabor próprio. Lembram-se quando em The Legend Of Zelda havia uma zona era bloqueada até que conseguisse o boomerang? Ou quando em Soul Reaver não podia escalar certas paredes até confrontar certo inimigo de fase? O planejamento é o mesmo. Lara vai aprendendo à medida que se converte na lenda que será, e nesse caminho iremos aprendendo habilidades novas e recolhendo objetos e armas que nos permitem acessar a mais parte do cenário. Graças ao gancho, por exemplo, poderemos escalar paredes. O arco com corda nos permitirá criar redes de tirolessas. Até mesmo a boa e velha escopeta servirá para romper certas barreiras.

“Pode ser que o jogo em certos momentos abuse do fogo, porém quando se está só tu e uma tocha, é impossível não se sentir-se de todo um explorador. Sair de uma tumba e encontrar um monastério escondido é uma recompensa em si mesmo”.

A premissa não deixa de ser conseguir pequenos objetos colecionáveis documentos que expandem a história ou um objeto para melhorar nossas armas. De todos os segredos, os melhores e quase obrigatórios são as tumbas, e é aqui que Tomb Raider recupera sua essência com pequenos desafios e quebra cabeças baseados em física, os melhores que já tínhamos visto. Ainda que não sejas um colecionador nato, é recomendável que explores toda a ilha em busca desses objetos, pois é aqui que descobres que a essência de Tomb Raider, que fica longe de ser “um tiro e seguir em frente”. Os pequenos desafios em forma de saltos e quebra cabeças se agradecem e de novo, a recompensa, vem pelo puro prazer de explorar.

A história principal pode seguir-se com o mesmo interesse. E nela veremos a forja de Lara como heroína lendária, a base de sofrer os maiores danos que jamais tínhamos visto na história de videogames. Bate-se muito em Lara, e de tantas formas imagináveis que o único resultado possível é sair com mais força em troca. No fundo a história desse Tomb Raider não pode ser repetida, porque nunca mais veremos de novo essa conversão de uma Lara inocente a uma sobrevivente.  Tomb Raider, tenho que dizer, tem de tudo. A linearidade de sempre se mistura magistralmente com as zonas abertas, os tiroteios com o furtivo, os quebra cabeças com as plataformas. A exploração com as impressionantes vistas da ilha do Triangulo do Dragão. As praias com os picos nevados. Os bosques com as selvas tropicais. O real com o sobrenatural. Tudo isso graças aos desenhos de níveis mais originais e inteligentes que temos visto em muito tempo e que inclusive, permite a viagem rápida entre dois pontos para tentar descobrir todos os segredos de cada zona e completa-la 100%. O arco será tua arma favorita se não lhe agrada as armas de fogo, porem em algum momento terá que usá-las. Acabar com teus inimigos na surdina é um algo mais para aqueles que gostam de variar o combate. Saltos e tiroteios. As armas se comportam perfeitamente, mas destaca-se sobretudo o arco, que nos faz sentir-se um predador natural em um meio hostil.


As animações de Lara em todo momento parecem não ter fim. Desde o sutil gesto de apoiar-se na parede ou quando tem que proteger o rosto quando há muito vento ou fogo cercando-a, Sacudir os braços quando estão encharcados ou agachar-se quando há inimigos por perto. Tudo é tão natural em Tomb Raider que o jogo não necessita nem botão de cobertura. Se tiver inimigos por perto e cobertura, Lara se agachará. Se há oportunidade de sigilo, as animações de Lara se comportarão de acordo com a situação, mudando apenas se for descoberta. Se estiver usando um canto, sairá da cobertura de forma natural. Se não for cuidadoso o suficiente um inimigo irá lhe detectar em algum momento, a quantidade de inimigos é assustadora. Algumas zonas estão guardadas por três ou quatro inimigos, em outras depararemos com exércitos inteiros de oponentes. Isso às vezes pode soar inverossímil, podemos aceitar que Lara consiga acabar com três ou quatro inimigos ou um par de lobos, porem quando se apresenta diante de uma dezena de inimigos armados até os dentes o game rescinde um pouco da realidade, afinal Lara ainda é uma criança, como seus inimigos e amigos fazem questão de lembrá-la a todo o momento. Ainda que as mortes não sejam tão abundantes como nas aventuras de Nathan Drake (Uncharted), algumas vezes podem resultar excessivas.

Não poderiam faltar os saltos em momentos extremos com tudo ao seu redor vindo abaixo. Lara sofrerá quedas e golpes que acabariam com qualquer um, mas ela é uma lenda. Também beira ao exagero a quantidades de explosões que se produzem em alguns níveis, onde tudo explode porque os barris vermelhos fazem suas aparições estelares. O bom é que a Crystal Dinamics sempre consegue equilibrar as coisas entre uma cena guiada com uma aberta a explorar, para conseguir um time de jogo excelente. Uma recorrência no mundo dos games atuais, os elementos de RPGs também estão aqui, pode-se melhorar as habilidades físicas e mentais, e as armas de Lara com os restos que encontramos pela ilha. Cadáveres, e a fauna da ilha lhe ajudarão nesse sentido também. Isso é também interessante no que pese abrir numerosos e úteis movimentos para Lara. Um sistema mais inteligente como visto, por exemplo, em FAR CRY 3, onde caçar não é um mero passatempo em si mesmo, mas se torna obrigatório como um único meio para realizar melhorias.


Tomb Raider foi uma experiência. Não é o jogo mais desafiante que você vai encontrar e até se poderia ter colocado mais ênfase em um roteiro que dava para mais, tanto na história pessoal de Lara como no mistério da Rainha do Sol. Porem é um desses títulos que não se pode deixar de jogá-lo até terminar, te incita a dar uma olhada em cada lugar da ilha por puro prazer visual e onde tudo que está fazendo é divertido.


Creio que esta era a altura certo de relançar Tomb Raider, algo que penso não ser possível na próxima geração que já se avizinha. De todo modo, já se tem aqui a Lara Croft do futuro.

Sinceramente, este é um titulo que os aficionados não podem deixar de jogar.


2 comentários:

  1. Bela crítica... por alguns momentos me senti dentro do jogo

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    1. Para não ficar atrás de você com seus perfeitos comentários sobre sistemas operacionasis

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