Dia 44 - felipe P. 42
The Money Pit - 1896
Dir: Richard Benjamin
Elenco: Tom Hanks, Shelley Long, Alexander Godunov
Depois do banho de sangue que foi Django Livre, nada
melhor que um filminho mais leve pra relaxar, certo?
Nem tanto.
Um Dia A Casa Cai é de um humor nada sutil, que beira o
pastelão e você termina de rever se perguntando “como isso passava na sessão da
tarde?”. O filme já começa agredindo, com uma cena de casamento no Rio de
Janeiro entre o pai do protagonista (Tom Hanks) e uma jovem brasileira com um
terço da sua idade. O casamento feito por uma baiana que fala um português extremamente
Calheiros (um recente sinônimo para “cretino”) e visivelmente não tem autoridade
jurídica ou religiosa pra casar ninguém. A cena termina com Tom Hanks acordando
de manhã e perguntando ”não tem leis no Brasil, não existe polícia?”.
É do tipo de exagero que fez dos anos oitenta uma década
tão preciosa para o cinema: nada tinha comprometimento com a realidade naquela
época, do drama ao terror, da ação à comédia, absolutamente nada se comprometia
com absolutamente nada. E por isso esse filme é tão divertido.
A trama gira em torno de um casal (Hanks e Shelley Long)
que compram uma casa incrível de uma viúva malucaça por um preço extremamente
baixo e, obviamente todos que já fizeram compras no Mercado Livre devem saber,
as coisas não são exatamente o que parecem.
Os dois decidem reformar a casa para viver, ou vender,
nem lembro direito e a reforma acaba virando um inferno. A casa cai ao pedaços,
literalmente e em proporções catastróficas.
Nada funciona nela, nem água, nem energia elétrica, nem
gás, qualquer coisa simples vira uma jornada homérica. Pra tomar banho, os dois
precisam pegar água numa fonte em forma de guri que fica mijando no jardim (o
melhor é o jeito de fazer a fonte funcionar), para assar um frango então, nem
se fala.
Fora isso, o filme tem um milhão de cenas memoráveis,
todas de um humor tipicamente oitentista, de uma forma que não se faz mais hoje
em dia (em parte, meio que por opção), mas pode ser visto nas vídeo cacetadas. Mas
disparado, a melhor delas é a cena em que o chão afunda e Hanks fica preso,
atirando aviõezinhos de papel.
Por falar no cara, esse é um dos papéis mais surtados
dele, eu nunca o vi numa atuação tão alucinada de caras e bocas e tiques
nervosos, é sensacional.
É um daqueles filmes que passou tantas vezes na TV que
você simplesmente não dá a mínima, mas depois que ele deixa de ser exibido,
você começa a sentir falta, tipo A História Sem Fim, O Jardim Secreto, Curtindo
a Vida Adoidado, Um morto Muito Louco... Os grandes clássicos da Sessão da
Tarde antes de ela passar a ser administrada por um dono de pet shop que só
exibe filme de bicho.
Aqui fico eu, bem rapidinho hoje, tentando dar um jeito
no visual dessa bagaça. Amanhã teremos algo mais... elaborado.
Abraços a todos e até mais!
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