domingo, novembro 23, 2014

Bando de Dois


Uma trama simples, uma ideia foda, um artista monstruoso e toneladas de referências aos clássicos faroestes italianos. Isso é Bando de Dois, o épico nordestino de Danilo Beiruth.
Na história, o cangaceiro Tinhoso é incumbido por uma visão fantasmagórica a vingar/libertar seu bando, que foi dizimado em uma emboscada. E, unindo-se a um outro sobrevivente do grupo, o Caveira de Boi, parte em direção ao responsável pela chacina, que guarda, como troféu, a cabeça dos integrantes do bando.
Bando de Dois faz uma mistura até bem entre o faroeste italiano e o cangaço nordestino, transformando "heróis" em vilões detestáveis e bandidos em anti-heróis carismáticos. Danilo Beiruth, responsável pelo mais recente Astronauta: Magnetar, leva para o papel uma transposição fiel das paisagens desoladas da caatinga, em cenários detalhadíssimos (por vezes, mais detalhados que o necessário) e áridos desertos.
Acompanhamos o tal Bando de Dois em sua vingança sanguinária por quase cem páginas de um preto e branco absolutamente lindo. É difícil até comentar o quanto Beiruth desenha bem, chega a ser redundante. A arte do cara é assustadora, tudo é detalhado, tudo é tratado com esmero, cada lugar, animal e ser humano é único, nada é genérico. Cada personagem é extremamente expressivo e suas expressões fazem com que, ao ler cada balão, o leitor atribua a eles uma voz, uma personalidade. E cada um deles é um típico cowboy durão e machão dos filmes do Sérgio Leone. É como ver um filme do Clint Eastwood situado na caatinga.


E conforme vai se aproximando de seu clímax, Bando vai se tornando cada vez mais dinâmico e mais urgente, cada vez mais sangrento e acelerado. Além de divertido pra caramba!

Quando a HQ acaba, fica aquela vontade de ver mais aventuras daqueles dois, talvez um prequel com o bando todo ou uma sequência com as futuras aventuras deles.


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