Penny Dreadful- A 11ª e definitiva razão para você ver esta série assustadora

QUE A VIDA NÃO SEPARE O QUE A MORTE PODE UNIR

Eu já havia escrito por aqui as 10 razões para lhe convencer a ver esta série, mas depois de ver o episódio 7 encontrei a razão definitiva. Nada pode ser mais visceral, aterrador e impressionante que ela. Tudo que ela prenunciava em sua premissa, talvez com a proximidade do final desta temporada, foi jogado em nossa cara sem o menor pudor e sem medo de chocar minimamente a audiência.

Eu já havia dito que a cena do episódio 2 em que o personagem de Evan Green, Vanessa Ives, entra em transe mediúnico, ou algo parecido, durante uma mesa espirita, era digna de um Emmy. Disse ainda que se isso não convencesse a ninguém, o que estaria por vir talvez o fizesse. E eu não estava errado. O último episódio exibido foi totalmente centrado no seu personagem à partir de um estado de possessão, e para aplicar mais dramaticidade e horror ao acontecimento, o que desencadeou o tal estado foi seu relacionamento erótico com Dorian Grey.

O que temos em seguida é o melhor episódio da temporada que de quebra reuniu todo o elenco principal em várias noite de virgília e um conjunto revelações importantes e surpreendentes sobre todos eles.

O tormento da Srta. Ives finalmente se revelou, e ele é o próprio senhor do abismo, duro como um diamante e ela tem vivido apenas o arranhando na tentativa de lhe quebrar. Eva é incrível e transmite de forma absolutamente convincente todo seu sofrimento nessa luta que ela não pode vencer. Há coisas dentro de nós que não podem ser libertas, mas o senhor das trevas deseja como parte de seu plano de destronar, Deus, trazê-los para fora. Primeiro o confronto com seu protetor Mr. Malcom, e ele trás para a cena a sua amada filha Mina, a sua obsessão, a sua eterna culpa que faz de Vanessa apenas um instrumento. Depois o jovem Dr Frankenstein e sua obsessão por vencer a morte, segredos que ele revela apenas para si mesmo com a enigmática frase Mary Shelley em Adonais, "que a vida não separe o que a morte pode unir". Felizmente a mente aberta do jovem médico que sabiamente não acredita em Deus, não encara aquilo como um mero surto psicótico ainda que teorize acertadamente,  que a origem seja psicossexual. Desconfia que um recente contato erótico de Vanessa tenha iniciado o surto.

A maior revelação e surpresa de todas fica por conta do até agora insosso, Ethan Chandler, o americano de quem o roteirista John Logan insistia em nos esconder algo que ficou melhor revelado nesse contexto. Começa com Vanessa querendo saber quem comeu quem nos seu encontro com Dorian Grey e termina com o próprio Chandler possuído revelando a Vanessa que ele deseja governar com ela o mundo que ele instituirá depois da queda de Deus.

A proposito está série se revelou, desde seu principio, muito profana em se tratando dos símbolos religiosos, especialmente os cristãos. Sendo Vanessa católica, ainda que revele que tenha perdido sua fé, quando todos os ânimos chegam ao final, é concesso trazer um padre católico na esperança que este pudesse ajudar. Não poderia ter sido uma pior ideia.

Quem salva o dia é mais uma vez o hesitante(?) Sr Chandler, que resiste aos implorantes pedidos de vanessa e para que a mate, e ao invés disso, proferindo palavras em uma língua que eu não conheço, realiza um exorcismo e expulsa o senhor do abismo para as profundeza. Talvez seja este o seu maior segredo. E eu que pensava que fosse ele o lobisomem da nossa história.

Diálogos do episódio:

- Pelo amor de Deus temos que chamar um padre (Dr. Frankeinstein)

- Não nos insulte. Também poderíamos chamar um feiticeiro ou uma velha cigana. (Chandler).

- Posso te fazer uma pergunta Sr. Chandler? (Vanessa possuída)

- É claro

- Você o fodeu ou ele que te fodeu? O lindo rapaz dos nossos sonhos (sobre a noite com Dorian Grey). O irresistível. Sabe quem eu quero dizer. Ele te fodeu, não foi? Caramba. Você gostou.

- Quero que você seja a mãe do mal. Quero que governe a escuridão comigo. Ao meu lado. Olhando para um mundo negro, queimado e morto. Onde não há mais dor, porque não há mais corações para sentir. teremos comido todos eles, você e eu. E juntos conquistaremos Deus, Derrubaremos ele do seu maldito trono, e governaremos em Seu lugar. Eternamente. (O diabo para vanessa)

"No final do dia só temos as pessoas em quem confiamos" gosto dessa frase de Malcolm Murray