quarta-feira, junho 25, 2014

Anna (2014)

UM JOGO DE GATO E RATO ONDE PARECE QUE O RATO É QUE ESTÁ NO COMANDO


Se as paisagens oníricas surreais que deram vida a Inception nas telas tivessem ocorrido nas profundas, escuras e duvidosos recessos da mente de um adolescente perturbado, ele ficaria muito parecido com Anna. É tão confuso como um quarto de adolescente e repleto de todo tipo de desordem violenta que onera desnecessariamente um enredo.

Esse thriller psicológico é sobre um chamado detetive de memórias, John Washington (Mark Strong, emulando Guy Ritchie ou um Jason Statham, mas com mais alma e menos carrancudo), que pode visualizar remotamente flashs de memórias de seus investigados e brilhantemente deduzir detalhes sobre seus casos. Mas ele tem estado fora do jogo depois de sofrer um acidente vascular cerebral durante uma sessão que deu errado. E ainda tem o luto vivido por ele por causa do suicídio da esposa.

Depois de uma pausa de dois anos e as finanças esgotadas, ele concorda em entrar na mente de Anna (Taissa Farmiga, uma presença formidável que parece uma versão "mini-me" da sua mãe Vera Farmiga), uma adolescente de 16 anos que é ao mesmo tempo talentosa e assombrada. Trancada em uma quarto superior de uma mansão imponente como uma princesa Disney, ela é mantida sob vigilância constante. Embarca em uma greve de fome, depois de corta-se a si mesma e ainda estar envolvida, possivelmente, em atos questionáveis em sua escola. A missão de John: Identificar se há algum trauma na raiz do seu comportamento ou se Anna é uma sociopata potencialmente perigosa que precisa ser reclusa em alguma instituição.

Naturalmente há mais nas entranhas do enredo. A família de Anna é rica e poderosa, seu padastro (seu pai morreu antes de Anna nascer), duvida de sua intensão e parece estar tendo um caso com a empregada (que, por alguma razão, usa um uniforme de empregada francesa que parece ter saído de catalogo hallowen). Se Anna sair de cena o padastro passaria a controlar a herança de Anna, enquanto sua mãe cuida de afogar as decepções em profundas doses de álcool.

Nas sessões de viagens nas memórias de Anna, vemos algumas possíveis pistas, incluindo imagens de Anna trancada em um armário, ferida e segurando um abridor de cartas gotejante de sangue. Mas o mais preocupante é a descoberta de John, depois de fazer algumas pesquisas no mundo real, e descobre que um professor de suas escola teria feito fotos inapropriadas de Anna e uma colega de quarto que acusa-a de ataca-la sem razão.

A graça salvadora do filme é o ar fresco, calmo e sereno que Strong e Farmiga mantem enquanto ele luta para descobrir a verdade. Sim, este é um jogo de gato perseguindo o rato, uma batalha de vontades que nos leva a pensar que talvez o roedor possa estar no comando. Os dois atores, que possuem cada um uma presença magnética, fazem tudo de maneira intrigante na forma como desafiam um ao outro.

Mesmo assim, é difícil de acreditar no tempo excessivamente longo que John leva para questionar os motivos de Anna, mesmo depois que a assistência o faz, apesar de todos os sentimentos simpáticos que ele possa manter por ela, como uma colega em se tratando de vitimas de uma psique danificada. Para um detetive supostamente um às em questões sobre o inconsciente ele mantem uma estranha insuspeita, especialmente quando Anna o faz perceber que gostaria mais dele do que devia.

Ainda mais decepcionante, em vez de todos os efeitos que são verdadeiramente especial dadas as oportunidades visuais ofertas dessa premissa, o diretor espanhol Jorge Dorado inclina-se fortemente a repetir certos símbolos temáticos mais e mais, presumivelmente fornecendo pistas, ou talvez pistas falsas em vez de apenas se provar confuso. Há tempestades de água de chuva, o mar, água de torneira transbordando de banheiras e lavatórios, chuveiros, pisos inundados; escadas, especialmente uma em espiral enorme na casa de Anna. Os salpicos de cor vermelha se materializam nos lábios, rosas, sangue, tapetes e esboços de Anna. E relógios, juntamente com um metrômetro com tiques nervosos e nádegas. Mas mesmo com esse truques, como cortes rápidos, figuras sombrias, sons e imagens distorcidas, nada realmente fica sob a pele.

"Eu não sou uma sociopata", afirma Anna. "Sou apenas inteligente o suficiente para pensar como uma" O filme poderia se comportar assim também.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por comentar no 01Pd! Seja bem vindo e volte sempre!