Dia 208, Felipe Pereira 194

Carriers - 2009
Dir: The Pastor Brothers
Elenco: Lou Taylor Pucci, Chris Pine, Piper Perabo.
Vírus (Carriers) conta como seria o apocalipse zumbi
real, como ele realmente aconteceria se realmente fosse acontecer (eu
particularmente já perdi as esperanças). Na trama o mundo já era, a civilização
humana foi pro saco, as regras da sociedade precisaram ser remodeladas para que
os poucos sobreviventes que restaram possam se manter vivos pelo maior tempo
possível. Nesse mundo desgraçado acompanhamos um grupo de sobreviventes que
viaja num carro com o objetivo de chegar ao litoral: dois irmãos (Chris Pine e
Lou Taylor Pucci) e suas respectivas namoradas (Pipper Perabo e Emily VanCamp).
Os quatro acabaram por se adaptar a isso, essa vida suja, dentro de um carro,
sempre em movimento. Até o dia em que eles se envolvem em um acidente, destroem
o carro e precisam “pegar carona” com um sujeito que encontraram na estrada, um
pai que cruza o país com a filhinha infectada seguindo a frequência de rádio de
um médico que diz ter a cura para o vírus que a menina carrega. Porém, tendo
visto o que o vírus faz com as pessoas e o quão rápido elas ficam infectadas e
param de agir como si mesmas, os quatro tomam uma atitude bastante
questionável: forçam o pai e a menina a ir na parte de trás do carro enquanto
eles guiam, separando-os por um plástico que deve isolá-los da menina.
E concordam em levar o cara e afilha até o ponto
informado pela mensagem, desde que chegando lá eles caiam fora e os quatro
sigam viagem com o carro. É algo bem cretino da parte dos quatro, mas passa a
fazer sentido dentro do contexto.
Vírus, apesar de totalmente linear, não tem um roteiro
clássico, não tem O Conflito final, não tem um clímax propriamente dito. O
filme consiste em acompanhar os personagens indo do ponto A ao ponto B do mapa
e em todas as coisas que encontrarão e situações nas quais se envolverão pelo
caminho. São várias situações, uma mais desgraçada que a outra, que vão
servindo para moldar a personalidade de cada um deles e contar um pouco de suas
histórias.
Aqui os zumbis não correm, não andam, sequer se alimentam
de carne. Eles, após a infecção, começam a deixar de agir como si mesmos,
perdem o controle do próprio corpo, da própria fala, começam a cuspir
confissões duras, começam a jogar pra fora o que, em são consciência, eles
guardavam para si. O termo zumbi provavelmente nem mesmo se empregue
corretamente por aqui. Após isso, ainda vivos, eles caem onde estão e esperam a
morte enquanto seu corpo se decompõe. O problema aqui não é fugir dos mortos,
não é que eles vão te devorar, o problema aqui é possibilidade de perder a vida
de uma forma tão miserável, sem chance de cura, sem poder controlar a si
mesmo...
Além disso os fluidos dos infectados são altamente
contagiosos, qualquer gota de sangue que espirre, qualquer arranhão na pele já
te transforma em um deles e aí é só ladeira abaixo.
Em uma das cenas mais desesperadoras do filme é quando
eles chegam ao local indicado pela mensagem e encontram o tal médico, que
também foi infectado, e o cara decidiu tomar uma decisão para pôr um fim ao
sofrimento de seus pacientes. Essa cena é angustiante, tem uma das reflexões
mais destrutivas da trama e um desdobramento inconsolável.
Vírus é uma reflexão que não chega a uma resolução
agradável. É um filme triste e sem esperança, não chega a ser desesperador, até
para isso é preciso ter alguma esperança. E isso já acabou, junto com a
gasolina e a eletricidade. Mas, mesmo assim, vale a conferida. Seja pela
história, seja pela execução competente, pelos atores excelentes (Chris Pine
diferente de qualquer coisa que já tenha feito) ou pela bela fotografia. Uma
série de situações que caminham para o inevitável.
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