Dia 187 Felipe Pereira 178
The Ring - 2002
Dir: Gore Verbinski
Elenco: Naomi Watts, Martin Henderson, Brian Cox.
O cinema de horror uma vez ou outra nos libera alguma
pérola. Durante um longo período o que se vê é um interminável mais do mesmo e,
em certo momento, algo chega fazendo estardalhaço. Normalmente esse estardalhaço
é bastante exagerado, assim como em Atividade Paranormal... Mas acontece que, algumas
vezes, raras vezes, escassas mesmo, surge algo de bom no cinema mainstream de
terror.
Dá pra contar nos dedos quantos bons filmes do gênero
foram lançados nos últimos dez anos.
Aproveitando a carona com a estreia de O Cavaleiro
Solitário, falaremos de um dos primeiros trabalhos do diretor Gore Verbinski: O
Chamado.
The Ring, remake do oriental Ringu, começa como qualquer
terror adolescente: duas jovens vendo tv e falando de namorado quando uma delas
põe em pauta um assunto um tanto escabroso: uma fita de vídeo que causa a morte
de quem a assiste em sete dias. A outra fica assustada, diz que viu a tal fita
sete dias atrás quando estava numa casa na montanha com uns amigos, a outra
fica assustada e... enfim, elas falam de namorado de novo até que uma delas, a
que disse ter visto a fita, simplesmente morre.
É quando entra em cena Rachael Keller (Naomi Watts), uma
jovem jornalista e mãe solteira que (mas segundo o Papa Gilberto, não existe
mãe solteira, né?) por acaso, é parente da jovem morta e fica intrigada com a
morte bizarra da garota. Ela começa a interrogar os amigos dela, querendo saber
se ela se envolvia com drogas, aquela coisa toda. Até que um dos amigos dela
deixa escapar sobre a tal fita que mata quem a assiste e, Rachael, jornalista
investigativa e intrometida como ela é, decide ir atrás da matéria. E, num
chalé onde a garota e uns amigos ficaram hospedados, ela encontra e assiste à
tal fita. Quando o vídeo, bizarro pra cacete por sinal, acaba, o telefone toca
e uma voz fantasmagórica diz:
-Sete dias.
Desse momento em diante começa a piração de Rachael. Nos
sete dias que se seguem (há inclusive uma contagem que vai se tornando mais e
mais desesperadora) a vida da jornalista vai se tornando gradualmente um
inferno. O que só vai piorando conforme ela vai investigando a respeito da tal
fita (ela fez umas trocentas cópias), por que a cada momento que se passa tudo
o que ela viu no vídeo parece se transportar para o mundo exterior. Quando, sem
querer ela acaba envolvendo o filho e o ex-namorado (pai do seu filho) é que as
coisas ficam realmente sinistras. Os dois acabam vendo a fita e os dois, além
de Rachael passam por maus bocados. Até que ela descobre como se livrar da
maldição, descobre como salvar a própria vida (e a do filho e a do ex), o que não
é exatamente algo fácil (do ponto de vista moral) de se fazer.
Além disso, a sua investigação acaba levando-a a mexer em
feridas antigas de pessoas perigosas, com esqueletos que há muito estão
empoeirados em armários, com fantasmas do passado... Uma trama assustadora
sobre uma família mais que disfuncional (ainda mais que a sua própria) e que
levará a consequências aterrorizantes.
O Chamado é uma raridade: um terror que atrai pela
qualidade, seja técnica ou narrativa (a bela fotografia, a direção certeira de
Verbinski, o roteiro bem escrito), e não só por sustos gratuitos. Que atrai
pela criatividade (mesmo tratando-se de um remake), pelo elenco cheio de
grandes nomes (além de Naomi Watts, conta também com Brian Cox, Jane Alexander...
tá, nem tantos grandes nomes assim) e uma entidade extremamente bem criada, com
um visual muito característico que acabou por influenciar toda uma geração de obras
(ruins) do gênero.
Além disso, conta com um final corajoso (aberto) e
reflexivo (que parece não chegar nunca, tamanha tensão que o filme assume) que
faz cabeças explodirem tal qual os primeiros trabalhos do Shyamallan.
O que não o livrou de uma continuação medíocre e desnecessária, mas assim é a vida.
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