Dia 206, Felipe Pereira 191
Tremors - 1990
Dir: Ron Underwood
Elenco: Kevin Bacon, Fred Ward, Finn Carter
O Ataque dos Vermes Malditos é um daqueles clááássicos
imortalizado pelas Sessão da Tarde e pelo Cinema em Casa. Um daqueles filmes
que você via incessantemente e não se cansava. Aquela produção bacana que, na
sua memória, é a coisa mais espetacular da história das sessões de cinema
matinais no conforto da sua casa e, anos depois, quando você tem a infeliz
ideia de revisitar, percebe que ela é, na verdade, uma tiração de sarro
infinita!
A história acompanha um grupo de moradores da cidade
interiorana de Perfection, nos cafundós dos EUA. Uma daquelas cidades que
dariam por si só um perfeito cenário de faroeste trash, daqueles que com um
tiro o sujeito mata 12 caras. Um cenário, por sinal, tão convincente quanto o
do filme do Thor. Em Perfection vive um bando de rednecks daqueles que saem
armados de espingarda pra comprar pão, usam aquelas botas de couro e aqueles
cintos enormes, chapéu de vaqueiro e sotaque carregado. E as coisas são
tranquilas naquele fim de mundo do início dos anos 90, as 14 pessoas que vivem
naquele pulgueiro vivem em perfeita harmonia, naquela comunidade saudável...
Até que uma universitária de sismologia recém chegada à
cidade percebe um padrão bizarro nas leituras do solo, uma vibração anormal
para os padrões locais, uma vibe sinistra.
Normal, aquele não é o tipo de lugar no qual coisas acontecem,
se você olhar pro lado pode até ver uma bola de feno rolando por aí. Porém,
inesperadamente algo surge do chão, uma ameaça aterrorizante, uma coisa
absurdamente impossível, um ser pré-histórico que vive sob a terra sai de sua
toca e ameaça todos os 14 moradores do lugar: um verme gigantesco (não tão
gigantesco quanto os de Duna, mas ainda assim gigantesco) emerge à superfície,
isola a cidade de forma que ninguém seja capaz de entrar, sair ou se comunicar
com o mundo exterior. E começa a fazer vítimas.
É quando entram em cena nossos heróis, Valentine (Kevin
Bacon) e Earl (Fred Ward) que se unem à universitária, Rhonda (Finn Carter)
para descobrir uma forma de combater a perigosa criatura. É quando eles
descobrem que não há uma, mas pelo menos quatro delas cavucando o solo de
Perfection e que as criaturas estão dispostas a tocar o terror na população.
Tremors é um filme bem resolvido: é trash mesmo apara
a época na qual foi lançado, abraça a ideia do trash e tira proveito disso de
uma forma que acaba por torna-lo clássico. Há pelo menos duas cenas memoráveis
na produção. Em uma delas uma menininha brinca com um pula-pula enquanto escuta
música em seu walkman Sony amarelo (quem nunca?) no exato momento em que um dos
vermes se aproxima ameaçadoramente para devorá-la. Na outra um grupo de
sobreviventes improvisa uma fuga desesperada sobre uma cadeia de pedras usando
pedaços de madeira para enganar os monstros (que sentem as vibrações no solo, o
que os torna uma espécie de tubarões da areia) e salvar as próprias vidas.
Ambas as cenas são de uma tensão inacreditável para o nível de galhofa da
produção, as duas causam uma sensação relativamente desesperadoras, se for
levado em conta as condições nas quais o filme se encontra atualmente.
Vermes Malditos sobrevive com dignidade ao tempo (23 anos
não fazem bem a filme nenhum). Se na sua memória afetiva você tem um filme
épico e assustador, fique com sua memória afetiva, não reveja essa bagaça. Mas
se você está, como eu, disposto a curtir uma trasheira inacreditavelmente divertida,
vá com tudo! Tremors é divertido tanto pela trama curiosa quanto pelo humor que
foi se desenvolvendo (nem sempre voluntariamente) ao longo desses 23 anos.
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