Dia 187 - Game do mês - Assis Oliveira
Minha Postagem de hoje foi escrita a quatro meses passado. Foi ficando para trás porque outras escritas foram surgindo, foi lá no começo quando os criadores do 1PD me convidaram para colaborar com a ideia. Não revisei nada está como original, mas continuo a jogar o game e ele continua interessante.
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Quando Hideo Kojima
percebeu que o seu estúdio, o Kojima Productions, não estava conseguindo lidar
com a produção de Metal Gear Rising, poderia ter procurado qualquer estúdio do
planeta, que seriam poucos aqueles que se recusariam a ficar encarregado de dar
um rumo ao jogo. Metal Gear é uma das séries mais icônicas e mais respeitadas
no mundo dos games, é um privilégio e uma honra poder contribuir para o seu
desenvolvimento, seja até através de um spinoff como Metal Gear Rising:
Revengeance. Kojima poderia ter escolhido outros estúdios, mas não, a sua
primeira escolha foi o Platinum Games, um dos melhores estúdios da atualidade.
A Platinum Games é mestre em fazer jogos de ação, e Metal Gear Rising:
Revengeance só vem provar precisamente isso.
Antes de me aprofundar na
escrita desta análise, quero já responder àqueles que acusam este jogo de não
ser um verdadeiro Metal Gear. Se por um "um verdadeiro Metal Gear"
entendem um Metal Gear como anteriores (principalmente ao nível da
jogabilidade), então a resposta é não. Mas Metal Gear Rising: Revengeance tem
todo o direito de estar inserido no universo de Hideo Kojima, que é tão rico e
com tanto para explorar, que seria um desperdício limitar a série ao enredo
principal. E como tem lugar após os eventos de Metal Gear Solid 4, não corre o
risco de interferir com a história dos games anteriores.
Raiden é a personagem
ideal para um spinoff, tem a sua própria jogabilidade, passado e motivos, para
além de ter aparecido em dois Metal Gear Solid, pelo que os fãs já estão
familiarizados com a personagem. Ter jogado os jogos anteriores da série é sem
dúvida uma vantagem em Metal Gear Rising: Revengeance, pois facilitará uma
melhor compreensão do enredo e porque são feitas referências aos eventos do
passado várias vezes. Os jogadores que não estejam familiarizados com a série
poderão desfrutar dele, mas é um jogo "mais rico" para os fãs de
Metal Gear.
A jogabilidade pode ser
diferente de tudo o que já foi visto em Metal Gear, Revengeance trata-se de um
hack and slash (algo como quebrar e cortar), extremamente rápido, enquanto o ritmo dos Metal Gear Solid é
pautado, mas os temas abordados pela história continuam os mesmos: dilemas
éticos (o que é moralmente correto e o que não é), companhias que lutam pelo
domínio mundial, e seres humanos com o corpo altamente modificado. Mas acima de
tudo, este é um jogo em que ficamos a conhecer Raiden, que se tornou numa
pessoa completamente diferente depois dos eventos de Metal Gear Solid 2.
Raiden é equiparável a um
justiceiro. A sua espada é um meio para proteger os mais fracos, mas ao mesmo,
há um lado negro deste personagem nunca antes visto que é revelado no decorrer
do jogo. Os acontecimentos de Revengeance afetam Raiden ao nível pessoal,
devido ao seu passado conturbado. Ao longo do jogo passa por uma transformação
continua, que para superar o novo inimigo, torna-se mais frio e mais forte, mas
sem nunca abandonar por completo o seu lado justiceiro.
"Metal
Gear Rising: Reveneance Rising é rápido, furioso, vibrante, entusiasmante, tudo
isto graças à jogabilidade."
A jogabilidade é, como já
se esperava, o ponto alto de Revengeance. É neste aspecto que o Platinum Games
brilha e mostra o seu talento, e digo isto sem querer menosprezar os restantes
aspectos. Do princípio ao fim apenas encontrei um incómodo: a câmera. Esta por
vezes pode assumir perspectivas nas quais deixa de ser possível visualizar o
inimigo. O problema pode ser facilmente resolvido com o lock-on, a não ser que
estejam a combater contra múltiplos oponentes.
Metal Gear Rising:
Reveneance Rising é rápido, furioso, vibrante, entusiasmante, tudo isto graças
à jogabilidade, que é precisa e responde imediatamente ao toque nos botões.
Este é um caso em que os 60 fotogramas por segundo fazem toda a diferença, o
jogo nunca seria tão fantástico e fluido sem este fator.
O combate é brutal, Raiden
corta os seus inimigos sem piedade, mas há uma certa elegância, é uma autêntica
dança da morte. O culminar desta dança são os momentos Zan-Datsu, nos quais o
jogador recebe o controle total da espada de Raiden e pode cortar livremente os
oponentes. Esta é uma das mecânicas fundamentais e que permite a Raiden
reenergizar-se, desde que corte o oponente no local certo (assinalado com um
quadrado vermelho) para lhe consumir a coluna vertebral (fonte de energia). Com
uma mecânica tão poderosa como esta, há necessariamente um equilíbrio para não
tornar o jogo demasiado fácil. Apenas poderão usar esta mecânica de imediato
nos inimigos mais fracos, os mais fortes requerem um "amolecimento",
se é que me entendem.
Este é antes de tudo um
jogo de espadachins, e a espada de Raiden
é usada para tudo, inclusive bloquear os ataques. O botão para bloquear é o
mesmo usado para os ataques, com a adição de direcionar o analógico para o
ataque. Pode ser confuso ao começo, como tantos jogos têm um botão dedicado ao
desviar dos ataques, mas a habituação é rápida e a longo prazo é uma mecânica
que recompensa imenso. Bloqueiem o ataque no momento certo e poderão acabar
imediatamente com o inimigo usando o Zan-Datsu. Aprender a bloquear é
fundamental em Revengeance, mas existe a possibilidade de desviar os ataques (X
+ A + direção), que até se revela útil
em alguns ataques não-bloqueáveis.
Metal Gear Rising:
Reveneance é um jogo progressivamente mais difícil. De boss para boss vão
sentir a diferença (e preparem-se para o último boss), havendo cada vez mais a
necessidade de recorrer aos itens para reenergizar Raiden. Para compensar,
Raiden também se torna mais forte com o decorrer do jogo. No final de cada
missão poderão aumentar-lhe a barra vital e energética, bem como melhorar a sua
espada e as armas secundárias que vai adquirindo como um troféu dos bosses
derrotados.
Nem tudo é ação em Revengeance.
Como uma espécie de homenagem a Metal Gear Solid, é possível jogar em modo
stealth. Raiden pode aparecer sorrateiramente por detrás dos inimigos e acabar
com eles com um só golpe. Entre os itens de Raiden estão um barril e uma caixa
de cartão que podem ser usados como esconderijo debaixo dos olhos dos inimigos.
É uma alternativa jogar deste modo, e para alguns até poderá ser uma ajuda, se
encontrarem dificuldade em alguma parte que esteja repleta de inimigos
difíceis.
Agora chegou a parte que
deixará muitos de pé atrás. Revengeance é um jogo curto. Já contabilizando as
cinemáticas, não deve demorar mais que seis horas da primeira vez. Mas este não
é um jogo que se conclui na dificuldade normal e se encosta na prateleira. A
dificuldade normal não faz justiça ao jogo. Revengeance deve ser repetido na
dificuldade difícil, depois muito difícil e por último,
"Revengeance", a dificuldade mais elevada. À medida que escrevo estas
palavras estou ainda na dificuldade difícil. Mal terminei a dificuldade normal,
recomecei de imediato na dificuldade difícil. É um jogo espetacular e
desafiante, e com uma jogabilidade profunda o suficiente para ser repetido
várias vezes. De cada vez que se joga aprende-se algo novo ou fica-se mais
perto de dominar a técnica da espada de Raiden.
As missões VR (Realidade
Virtual) oferecem desafio e longevidade adicional. Estas missões (20 no total),
que são encontradas ao longo do modo estória, podem depois ser selecionadas no
menu do jogo. Ao completarem as missões vão receber pontos adicionais para
personalizar Raiden. Em cada missão poderão obter três classificações: bronze,
prata e ouro. Fiquem avisados desde já que obter ouro não é nada fácil.
"Metal Gear Rising:
Reveneance é outro jogo imperdível da Platinum Games para os fãs do sub-género
hack and slash e um capítulo interessante, mas diferente, na saga de Metal
Gear"
Tecnicamente há várias
razões para ficar impressionado. O jogo corre aos já mencionados 60 fotogramas
por segundo, enquanto em simultâneo é possível cortar livremente qualquer
coisa, seja qualquer objeto ou inimigo. O detalhe dos inimigos é minucioso, mas
é nos bosses e Raiden que se verifica um maior esforço e dedicação do Platinum
Games. O fato de Raiden é esteticamente belo, e não é uma perda de tempo ficar
vários segundos a observar todos os pormenores deliciosos que apresenta. Claro
que ao incutir todo este detalhe nas personagens (semelhante esforço ao do
detalhe das personagens é notável nas animações), houve necessidade de fazer
sacrifícios em outras áreas. Os ambientes são claramente inferiores em detalhe
às personagens, o que cria uma disparidade na qualidade visual, no entanto, o
resultado final está longe de ser desagradável.
Fora as perspectivas menos
favoráveis da câmera e os ambientes básicos, Metal Gear Rising: Reveneance é
outro jogo imperdível da Platinum Games para os fãs do sub-género hack and
slash e um capítulo interessante, mas diferente, na saga de Metal Gear. Quem já
conhece o trabalho da Platinum Games já deve saber o que esperar: uma viagem extasiante
do princípio ao fim sem haver um abrandamento nas doses de ação. Este é um
daqueles jogos pelo qual se anseia e quando finalmente chega às nossas mãos,
cumpre todas as expectativas de forma exemplar. A jogabilidade é quase um
sonho, e a estória curta, mas forte o suficiente, para manter o jogador
agarrado a tela (o carisma de Raiden ajuda nesse ponto), enfim, existem muitos
os motivos para se gostar de Metal Gear Rising: Reveneance e poucos para não se
gostar. Esta é a prova que a combinação Platinum Games mais Hideo Kojima é
frutuosa e que poderá resultar em futuros jogos de elevado calibre.







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