quarta-feira, julho 10, 2013

Metal Gear Rising: Revengeance. O universo de Metal Gear em expansão.



Dia 187 - Game do mês - Assis Oliveira



Minha Postagem de hoje foi escrita a quatro meses passado. Foi ficando para trás porque outras escritas foram surgindo, foi lá no começo quando os criadores do 1PD me convidaram para colaborar com a ideia. Não revisei nada está como original, mas continuo a jogar o game e ele continua interessante.

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Quando Hideo Kojima percebeu que o seu estúdio, o Kojima Productions, não estava conseguindo lidar com a produção de Metal Gear Rising, poderia ter procurado qualquer estúdio do planeta, que seriam poucos aqueles que se recusariam a ficar encarregado de dar um rumo ao jogo. Metal Gear é uma das séries mais icônicas e mais respeitadas no mundo dos games, é um privilégio e uma honra poder contribuir para o seu desenvolvimento, seja até através de um spinoff como Metal Gear Rising: Revengeance. Kojima poderia ter escolhido outros estúdios, mas não, a sua primeira escolha foi o Platinum Games, um dos melhores estúdios da atualidade. A Platinum Games é mestre em fazer jogos de ação, e Metal Gear Rising: Revengeance só vem provar precisamente isso.

Antes de me aprofundar na escrita desta análise, quero já responder àqueles que acusam este jogo de não ser um verdadeiro Metal Gear. Se por um "um verdadeiro Metal Gear" entendem um Metal Gear como anteriores (principalmente ao nível da jogabilidade), então a resposta é não. Mas Metal Gear Rising: Revengeance tem todo o direito de estar inserido no universo de Hideo Kojima, que é tão rico e com tanto para explorar, que seria um desperdício limitar a série ao enredo principal. E como tem lugar após os eventos de Metal Gear Solid 4, não corre o risco de interferir com a história dos games anteriores.

Raiden é a personagem ideal para um spinoff, tem a sua própria jogabilidade, passado e motivos, para além de ter aparecido em dois Metal Gear Solid, pelo que os fãs já estão familiarizados com a personagem. Ter jogado os jogos anteriores da série é sem dúvida uma vantagem em Metal Gear Rising: Revengeance, pois facilitará uma melhor compreensão do enredo e porque são feitas referências aos eventos do passado várias vezes. Os jogadores que não estejam familiarizados com a série poderão desfrutar dele, mas é um jogo "mais rico" para os fãs de Metal Gear.

A jogabilidade pode ser diferente de tudo o que já foi visto em Metal Gear, Revengeance trata-se de um hack and slash (algo como quebrar e cortar), extremamente rápido, enquanto o ritmo dos Metal Gear Solid é pautado, mas os temas abordados pela história continuam os mesmos: dilemas éticos (o que é moralmente correto e o que não é), companhias que lutam pelo domínio mundial, e seres humanos com o corpo altamente modificado. Mas acima de tudo, este é um jogo em que ficamos a conhecer Raiden, que se tornou numa pessoa completamente diferente depois dos eventos de Metal Gear Solid 2.



Raiden é equiparável a um justiceiro. A sua espada é um meio para proteger os mais fracos, mas ao mesmo, há um lado negro deste personagem nunca antes visto que é revelado no decorrer do jogo. Os acontecimentos de Revengeance afetam Raiden ao nível pessoal, devido ao seu passado conturbado. Ao longo do jogo passa por uma transformação continua, que para superar o novo inimigo, torna-se mais frio e mais forte, mas sem nunca abandonar por completo o seu lado justiceiro.

"Metal Gear Rising: Reveneance Rising é rápido, furioso, vibrante, entusiasmante, tudo isto graças à jogabilidade."

A jogabilidade é, como já se esperava, o ponto alto de Revengeance. É neste aspecto que o Platinum Games brilha e mostra o seu talento, e digo isto sem querer menosprezar os restantes aspectos. Do princípio ao fim apenas encontrei um incómodo: a câmera. Esta por vezes pode assumir perspectivas nas quais deixa de ser possível visualizar o inimigo. O problema pode ser facilmente resolvido com o lock-on, a não ser que estejam a combater contra múltiplos oponentes.

Metal Gear Rising: Reveneance Rising é rápido, furioso, vibrante, entusiasmante, tudo isto graças à jogabilidade, que é precisa e responde imediatamente ao toque nos botões. Este é um caso em que os 60 fotogramas por segundo fazem toda a diferença, o jogo nunca seria tão fantástico e fluido sem este fator.

O combate é brutal, Raiden corta os seus inimigos sem piedade, mas há uma certa elegância, é uma autêntica dança da morte. O culminar desta dança são os momentos Zan-Datsu, nos quais o jogador recebe o controle total da espada de Raiden e pode cortar livremente os oponentes. Esta é uma das mecânicas fundamentais e que permite a Raiden reenergizar-se, desde que corte o oponente no local certo (assinalado com um quadrado vermelho) para lhe consumir a coluna vertebral (fonte de energia). Com uma mecânica tão poderosa como esta, há necessariamente um equilíbrio para não tornar o jogo demasiado fácil. Apenas poderão usar esta mecânica de imediato nos inimigos mais fracos, os mais fortes requerem um "amolecimento", se é que me entendem.


Este é antes de tudo um jogo de espadachins, e a espada de Raiden é usada para tudo, inclusive bloquear os ataques. O botão para bloquear é o mesmo usado para os ataques, com a adição de direcionar o analógico para o ataque. Pode ser confuso ao começo, como tantos jogos têm um botão dedicado ao desviar dos ataques, mas a habituação é rápida e a longo prazo é uma mecânica que recompensa imenso. Bloqueiem o ataque no momento certo e poderão acabar imediatamente com o inimigo usando o Zan-Datsu. Aprender a bloquear é fundamental em Revengeance, mas existe a possibilidade de desviar os ataques (X + A + direção), que  até se revela útil em alguns ataques não-bloqueáveis.

Metal Gear Rising: Reveneance é um jogo progressivamente mais difícil. De boss para boss vão sentir a diferença (e preparem-se para o último boss), havendo cada vez mais a necessidade de recorrer aos itens para reenergizar Raiden. Para compensar, Raiden também se torna mais forte com o decorrer do jogo. No final de cada missão poderão aumentar-lhe a barra vital e energética, bem como melhorar a sua espada e as armas secundárias que vai adquirindo como um troféu dos bosses derrotados.

Nem tudo é ação em Revengeance. Como uma espécie de homenagem a Metal Gear Solid, é possível jogar em modo stealth. Raiden pode aparecer sorrateiramente por detrás dos inimigos e acabar com eles com um só golpe. Entre os itens de Raiden estão um barril e uma caixa de cartão que podem ser usados como esconderijo debaixo dos olhos dos inimigos. É uma alternativa jogar deste modo, e para alguns até poderá ser uma ajuda, se encontrarem dificuldade em alguma parte que esteja repleta de inimigos difíceis.

Agora chegou a parte que deixará muitos de pé atrás. Revengeance é um jogo curto. Já contabilizando as cinemáticas, não deve demorar mais que seis horas da primeira vez. Mas este não é um jogo que se conclui na dificuldade normal e se encosta na prateleira. A dificuldade normal não faz justiça ao jogo. Revengeance deve ser repetido na dificuldade difícil, depois muito difícil e por último, "Revengeance", a dificuldade mais elevada. À medida que escrevo estas palavras estou ainda na dificuldade difícil. Mal terminei a dificuldade normal, recomecei de imediato na dificuldade difícil. É um jogo espetacular e desafiante, e com uma jogabilidade profunda o suficiente para ser repetido várias vezes. De cada vez que se joga aprende-se algo novo ou fica-se mais perto de dominar a técnica da espada de Raiden.


As missões VR (Realidade Virtual) oferecem desafio e longevidade adicional. Estas missões (20 no total), que são encontradas ao longo do modo estória, podem depois ser selecionadas no menu do jogo. Ao completarem as missões vão receber pontos adicionais para personalizar Raiden. Em cada missão poderão obter três classificações: bronze, prata e ouro. Fiquem avisados desde já que obter ouro não é nada fácil.
"Metal Gear Rising: Reveneance é outro jogo imperdível da Platinum Games para os fãs do sub-género hack and slash e um capítulo interessante, mas diferente, na saga de Metal Gear"

Tecnicamente há várias razões para ficar impressionado. O jogo corre aos já mencionados 60 fotogramas por segundo, enquanto em simultâneo é possível cortar livremente qualquer coisa, seja qualquer objeto ou inimigo. O detalhe dos inimigos é minucioso, mas é nos bosses e Raiden que se verifica um maior esforço e dedicação do Platinum Games. O fato de Raiden é esteticamente belo, e não é uma perda de tempo ficar vários segundos a observar todos os pormenores deliciosos que apresenta. Claro que ao incutir todo este detalhe nas personagens (semelhante esforço ao do detalhe das personagens é notável nas animações), houve necessidade de fazer sacrifícios em outras áreas. Os ambientes são claramente inferiores em detalhe às personagens, o que cria uma disparidade na qualidade visual, no entanto, o resultado final está longe de ser desagradável.


Fora as perspectivas menos favoráveis da câmera e os ambientes básicos, Metal Gear Rising: Reveneance é outro jogo imperdível da Platinum Games para os fãs do sub-género hack and slash e um capítulo interessante, mas diferente, na saga de Metal Gear. Quem já conhece o trabalho da Platinum Games já deve saber o que esperar: uma viagem extasiante do princípio ao fim sem haver um abrandamento nas doses de ação. Este é um daqueles jogos pelo qual se anseia e quando finalmente chega às nossas mãos, cumpre todas as expectativas de forma exemplar. A jogabilidade é quase um sonho, e a estória curta, mas forte o suficiente, para manter o jogador agarrado a tela (o carisma de Raiden ajuda nesse ponto), enfim, existem muitos os motivos para se gostar de Metal Gear Rising: Reveneance e poucos para não se gostar. Esta é a prova que a combinação Platinum Games mais Hideo Kojima é frutuosa e que poderá resultar em futuros jogos de elevado calibre.





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