Dia 193 Felipe Pereira 180
Shelter - 2010
Dir: Måns Mårlind, Björn Stein
Elenco: Julianne Moore, Jonathan Rhys Meyers, Jeffrey DeMunn.
Cara Harding (Juliane Moore) é uma psicóloga forense que trata
criminosos violentos, assassinos em série, estupradores, psicopatas como um
todo, para decidir se eles devem ou não ser condenados à morte. Sua
especialidade é o transtorno dissociativo de personalidade (ou dupla/múltiplas personalidades)
e seu último caso, um homem que estuprou e assassinou uma menina de 12 anos
alegando não ter controle sobre si, foi diagnosticado perfeitamente são e condenado
à injeção letal.
É apenas mais um caso naquele trabalho desgraçado, fica
claro que aquele não foi o primeiro nem será o último. Porém aquilo, além do
peso dos crimes cometidos pelo paciente, acabam com as forças de Cara. Todas as
vezes.
Então ela volta para casa, para a estaca zero, até que
seja chamada para avaliar mais um criminoso tão ruim ou pior que o anterior.
Até que, ainda no aeroporto a caminho de casa, Cara
recebe uma ligação do pai dizendo que tem um caso especial, um caso que ela precisa
ver. Um paciente chamado David Bernburg (Jonathan Rhys Meyers), que ficou
paraplégico após um acidente. Sujeito comum: calmo, introvertido, nada de
interessante. Então, após uma ligação do pai de Cara, David muda completamente.
Se torna Adam: agressivo, invasivo, manipulador... E sem nenhum problema de
locomoção. Um caso aparentemente simples de transtorno mental: Adam é o
hospedeiro e David é o hóspede.
Aparentemente.
Porém, quando Cara começa a investigar o caso de
David/Adam, ela percebe que as coisas talvez não sejam assim tão simples. O que
só se complica mais quando um médico amigo de Cara que já havia cuidado do caso
de David aparece morto em circunstâncias bizarras.
O que só fica ainda mais complicado quando o caso do
sujeito sai da jurisdição psicológica e parte para a o sobrenatural e o cara
revela que não tem só duas personalidades...
Mas seis. E contando.
Shelter é um filme de 2010, dirigido pelos suecos Måns
Mårlind, Björn Stein (os mesmos filhos da put* de Anjos da Noite 4) que carrega
no suspense psicológico (ou psiquiátrico) enquanto pode antes de partir para a
loucura ritualística sobrenatural. O primeiro momento, o psicológico, é intrincado
e sombrio, causa um desconforto inacreditável, principalmente por parte de Jonathan
Rhys Meyers e da mudança de comportamento pelo qual o cara passa a cada mudança
de personalidade. O ato de mudar de personalidade também é bastante
perturbador. Você se pega pensando numa explicação científica para a mudança do
sujeito, percebe o esforço da Dra. Harding em se manter cética e racional
(levando em consideração que, para a psicologia, não há casos comprovados de múltiplas
personalidades) por conta da profissão, mas, ao mesmo tempo, se vendo em uma
situação cada vez mais bizarra na qual fica mais e mais difícil se manter
centrada e profissional.
Já no segundo momento, quando o suspense psicológico vai
às favas e tudo se torna comprovadamente e irreversivelmente sobrenatural (sem
sombra de dúvida, sem abertura para interpretação), você continua meio
perturbado e desconfortável, mas agora por que há uma entidade aterrorizante e
extremamente crível (ela é embasada em cultura indígena e rituais sinistros)
está à solta por aí fazendo vítimas aparentemente aleatórias. Mas, nesse ponto,
há um problema que tira um bocado da credibilidade do filme. Eu não sei
exatamente o que é, mas há algo nele que me deixou extremamente desconfiado à
cerca da qualidade da produção, é algo no roteiro, na forma como a história é
contada, na forma como as respostas são dadas, algo que me fez questionar se a
obra é realmente boa ou se eu estava sendo enganado.
Certo: cinema é enganação, mas algo aqui vai bem além
disso.
Acredito que isso se deva por conta da quantidade de
conteúdo que é arremessada para o expectador durante o último ato de Shelter. A
quantidade de coisa que é inventada para justificar o comportamento de
David/Adam. Até bruxaria é colocada no meio da confusão e, nesse momento, o
thriller psicológico dá lugar a uma ação frenética.
Ação muito bem vinda por sinal, apesar de que o
desconforto do primeiro e segundo ato se perde um bocado para só ser resgatado
na última cena do filme: a mais perturbadora.
O final de Shelter é de explodir cabeças. Não totalmente
inesperado, visto que apesar de alguns tropeços, aquela situação foi bem
construída em cada detalhe no começo da produção, mas, mesmo assim, surpreende
pela coragem.
Além da qualidade técnica e da excelente escolha de elenco. Meyers está assustador e seu personagem é interessantíssimo, e Moore é sempre competente em qualquer coisa que faça. O elenco conta ainda com o ator Jeffrey DeMunn, de The Walking Dead.
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