sexta-feira, julho 12, 2013

Identidade Paranormal (parabéns ao criativo time de traduções esdrúxulas que entregam toda a surpresa)

Dia 193 Felipe Pereira 180

Shelter - 2010
Dir: Måns Mårlind, Björn Stein
Elenco: Julianne Moore, Jonathan Rhys Meyers, Jeffrey DeMunn.

Cara Harding (Juliane Moore) é uma psicóloga forense que trata criminosos violentos, assassinos em série, estupradores, psicopatas como um todo, para decidir se eles devem ou não ser condenados à morte. Sua especialidade é o transtorno dissociativo de personalidade (ou dupla/múltiplas personalidades) e seu último caso, um homem que estuprou e assassinou uma menina de 12 anos alegando não ter controle sobre si, foi diagnosticado perfeitamente são e condenado à injeção letal.
É apenas mais um caso naquele trabalho desgraçado, fica claro que aquele não foi o primeiro nem será o último. Porém aquilo, além do peso dos crimes cometidos pelo paciente, acabam com as forças de Cara. Todas as vezes.
Então ela volta para casa, para a estaca zero, até que seja chamada para avaliar mais um criminoso tão ruim ou pior que o anterior.
Até que, ainda no aeroporto a caminho de casa, Cara recebe uma ligação do pai dizendo que tem um caso especial, um caso que ela precisa ver. Um paciente chamado David Bernburg (Jonathan Rhys Meyers), que ficou paraplégico após um acidente. Sujeito comum: calmo, introvertido, nada de interessante. Então, após uma ligação do pai de Cara, David muda completamente. Se torna Adam: agressivo, invasivo, manipulador... E sem nenhum problema de locomoção. Um caso aparentemente simples de transtorno mental: Adam é o hospedeiro e David é o hóspede.
Aparentemente.


Porém, quando Cara começa a investigar o caso de David/Adam, ela percebe que as coisas talvez não sejam assim tão simples. O que só se complica mais quando um médico amigo de Cara que já havia cuidado do caso de David aparece morto em circunstâncias bizarras.
O que só fica ainda mais complicado quando o caso do sujeito sai da jurisdição psicológica e parte para a o sobrenatural e o cara revela que não tem só duas personalidades...
Mas seis. E contando.


Shelter é um filme de 2010, dirigido pelos suecos Måns Mårlind, Björn Stein (os mesmos filhos da put* de Anjos da Noite 4) que carrega no suspense psicológico (ou psiquiátrico) enquanto pode antes de partir para a loucura ritualística sobrenatural. O primeiro momento, o psicológico, é intrincado e sombrio, causa um desconforto inacreditável, principalmente por parte de Jonathan Rhys Meyers e da mudança de comportamento pelo qual o cara passa a cada mudança de personalidade. O ato de mudar de personalidade também é bastante perturbador. Você se pega pensando numa explicação científica para a mudança do sujeito, percebe o esforço da Dra. Harding em se manter cética e racional (levando em consideração que, para a psicologia, não há casos comprovados de múltiplas personalidades) por conta da profissão, mas, ao mesmo tempo, se vendo em uma situação cada vez mais bizarra na qual fica mais e mais difícil se manter centrada e profissional.
Já no segundo momento, quando o suspense psicológico vai às favas e tudo se torna comprovadamente e irreversivelmente sobrenatural (sem sombra de dúvida, sem abertura para interpretação), você continua meio perturbado e desconfortável, mas agora por que há uma entidade aterrorizante e extremamente crível (ela é embasada em cultura indígena e rituais sinistros) está à solta por aí fazendo vítimas aparentemente aleatórias. Mas, nesse ponto, há um problema que tira um bocado da credibilidade do filme. Eu não sei exatamente o que é, mas há algo nele que me deixou extremamente desconfiado à cerca da qualidade da produção, é algo no roteiro, na forma como a história é contada, na forma como as respostas são dadas, algo que me fez questionar se a obra é realmente boa ou se eu estava sendo enganado.
Certo: cinema é enganação, mas algo aqui vai bem além disso.
Acredito que isso se deva por conta da quantidade de conteúdo que é arremessada para o expectador durante o último ato de Shelter. A quantidade de coisa que é inventada para justificar o comportamento de David/Adam. Até bruxaria é colocada no meio da confusão e, nesse momento, o thriller psicológico dá lugar a uma ação frenética.
Ação muito bem vinda por sinal, apesar de que o desconforto do primeiro e segundo ato se perde um bocado para só ser resgatado na última cena do filme: a mais perturbadora.
O final de Shelter é de explodir cabeças. Não totalmente inesperado, visto que apesar de alguns tropeços, aquela situação foi bem construída em cada detalhe no começo da produção, mas, mesmo assim, surpreende pela coragem.

Além da qualidade técnica e da excelente escolha de elenco. Meyers está assustador e seu personagem é interessantíssimo, e Moore é sempre competente em qualquer coisa que faça. O elenco conta ainda com o ator Jeffrey DeMunn, de The Walking Dead.

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