Bonfires Of Sao Joao - Forro In The Dark, ou: Numa sala de reboco em Fortaleza ou New York...

Dia 208. Michel 185.

Forró... um gênero musical interessante, constantemente maltratado pelos filhas-da-puta que fazem "música romântica" de péssima qualidade e que são indistinguíveis uns dos outros, rotulando a porcaria final - equivocadamente - como Forró.


Sério: por que outra razão eles ficam dizendo o nome da banda entre os refrões? As vozes são todas iguais, os ritmos e os arranjos, os "vocalistas" jovens com vozes de velho... Péssima música de péssima qualidade, com letras de uma moral duvidosa e escandalosamente vulgares.

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Mas ninguém pode agredir o Forró assim. Há bons exemplos, há os antigos - o Gonzagão; nosso querido Dominguinhos, que nos deixou recentemente - entre outros que não citarei aqui, pois que se sentirão representados por estes dois gigantes.

Aí vem uma turma (de brasileiros) que mora em Nova Iorque (acho superesquisito escrever Nova Iorque, mas não quero soar pedante e escrever New York. Entre parênteses pode, né?), e se juntam para tirar um som. Uma jam session de Forró em NY.

A galera endoidou e pediu mais. Aí veio um produtor conhecido - David Byrne - e chamou a galera para gravar um disco.

E em 2006 é lançado "Bonfires Of Sao Joao", uma pérola marota do Forró. Neste disco, um maravilhoso trabalho de percussão é mesclado com a sonoridade e o ritmo modernos, levando o Forró a novas texturas e densidades. São músicas gostosas, boas de ouvir, boas pra dançar, boas pra ficar sentado curtindo tomando um café ou uma cachaça.

Música de qualidade, que honra a tradição do Forró e ainda inova. Neste álbum contamos ainda com a participação mais que especial de David Byrne - cantando em inglês em "Asa branca" e "I Wish", uma mistura de Forró e mississipi blues -, e Bebel Gilberto - uma versão bilíngue de "Juazeiro", belíssima - e de Miho Hatori - que canta uma versão em japonês (sic) de "Paraíba" - tão diferente quanto bonita.

No geral?

Uma coisa linda. De deixar este velho músico e apreciador de música emocionado.

Vale a pena escutar e conhecer.

Dá vontade sim de dançar forró no escuro agarrado com uma morena com cheiro de flor.

P.S.: Apesar do meu desabafo e da minha revolta lá em cima, respeito quem gosta deste suposto "Forró Universitário". Não se sinta ofendido, isso não foi direcionado a você, querido leitor. Qualquer dia desses eu desço a lenha num disco do Aviões do Forró ou coisa parecida, para tentar contemplar o gênero.

P.S.2: Por incrível que pareça? Eu gosto de Forró. Do verdadeiro.

Abraços.