Michel 122, Dia 128.
Sombrio e obscuro, mas cheio de sutilezas, feminino e noturno - assim se revela o Depeche Mode em seu sétimo disco de estúdio, "Violator" (1990). Este é considerado o maior êxito do DM, o disco mais bem produzido - e um dos mais vendidos.
Particularmente, um dos meus preferidos.
Um sentimento de não pertencer, mas de também não se entregar à angústia crescente. É lutar e render-se ao mesmo tempo, negar e aceitar, dualizar a percepção do mundo em masculino e feminino, mas nunca de maneira simplória e pobre.
Encarar a escuridão do mundo através de meus olhos. Ver o mundo em meus olhos. Projetar meu olhar no mundo e fazê-lo crescer ou fenecer de acordo com a minha ação.
Fugir das pessoas em busca do tão sonhado silêncio, da tão desejada noite vazia, abandonar-se em exílio lamentando os mal-entendidos e conflitos necessários e desnecessários... perceber que temos tudo aquilo que precisamos em nossas mãos, e que recorrer às palavras apenas nos conduz a situações irreversíveis...
Subir em direção ao céu, abraçar a fria solidão, sentar-se no topo da montanha e contemplar a pequenez do mundo e das pessoas...
Aproveitar o silêncio.
Ouvir "Violator" faz surgir a questão da necessidade de se viver junto, de se estar próximo, do quanto se pode entrar na vida do outro sem perder a si mesmo. Poder e fraqueza mesclam-se na busca da felicidade desenfreada a qualquer custo.
De que adianta lutar quando se sabe que nosso destino é a morte, e que até lá há apenas sofrimento e dor?
E as palavras quebram o silêncio com violência.
Ter fé, manter-se limpo, acreditar na bondade inerente ao ser humano, aspirar a uma vida superior e querer que as pessoas se tornem melhores é uma utopia fadada ao fracasso. Nossa essência negra nos afasta da luz com tal virulência que trememos à simples menção da salvação.
Não queremos voltar ao Éden, pois lá não é mais nosso lugar.
A perfeição se esconde de nós com vergonha da originalidade de nossa transgressão.
Agora, o silêncio enquanto aguardamos pelo chamado da noite. Alguns dormem, outros fingem que usam a escuridão enquanto são usados por ela. Ingenuidade e poder: uma mistura que matou aos maiores reis e cientistas, devastou reinos e governos, destruiu casamentos e laços.
Não foi por querer que eu me tornei quem sou - mas minha alma quis assim, e meu corpo também. Memórias, âncoras, correntes, portões, prisões, camas, aceitação, passividade, permissão, acomodação.
Morte.
Boa noite a todos, não importa como seja a noite.
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