sexta-feira, maio 24, 2013

Sucker Punch - Mundo Surreal (2011 - Zack Snyder) Ou como dizem, um Alice no País das Metralhadoras, um ode à loucura e ao belo!

Janiê Maia Saintclair 11 Dia 144

Filmes blockbusters não são muito a minha praia de crítica, primeiro porquê eles foram feitos para divertimento, segundo são super produções, e quem sabe em terceiro recebem uma boa aprovação de críticos! Não gosto muito de me arriscar a criticá-los (não sei analisar filmes de ação), quem sabe resenhar bem sobre eles são meus colegas do 01PorDia, mas irei me arriscar! Let’s go! Mas, eis que surge um filme que te chama a atenção de uma forma inusitada, é aquele filme que não será clássico, mas é tão fodátisco, que você precisa escrever sobre ele. Afinal quem admira Spielberg e James Cameron já pode falar sobre isso, ou não!
É o caso de Sucker Punch (Br: Sucker Punch - Mundo Surreal) é um filme de ação, fantasia, drama e steampunk (é um subgênero da ficção científica, ou ficção especulativa, são obras tecnológicas ambientadas no passado, ou num universo paralelo a uma época anterior da história humana, definição melhor na Wikipedia), do conhecido diretor Zack Snyder, que foi lançado em 2011. Protagonizado por Emily Browning, estrelado por Abbie CornishJena Malone, Vanessa HudgensJamie Chung, Carla Gugino, Oscar Isaac, Jon Hamm, Scott Glenn, Gerard Plunkett. Ele é um filme blockbuster, literalmente um arrasa quarteirão, daquelas produções que te deixam de boca aberta, um emaranhado de histórias sem nexo, que por fim tem muito sentido. E já assisti umas quatro vezes, e só agora criei ‘coragem’ para resenhá-lo, acho que é devido aos toques de psicologia e filosofia existentes nele.
Babydoll (Emily Browning), é uma linda adolescente que tinha uma vida normal, até que a morte de sua mãe e uma outra tragédia fazem sua vida desabar. Órfã e solitária, ela é internada em um sanatório, como um plano maligno do Padrasto (Gerard Plunkett) para herdar toda a herança que seria desta. Da cena do sanatório o ambiente muda repentinamente para um bordel chefiado por Blue Jones (Oscar Isaac), onde ele obriga ela e outras garotas a realizarem programas. Ao ensaiar os números artísticos para os ‘clientes’, Madame Vera (Carla Gugino) percebe que Babydoll tem um talento para dança. Esta quando dança entra em transe, um mundo imaginário, ou seja, um mundo surreal. Tudo isso ambientado durante os dias que antecedem a operação de lobotomia (uma das técnicas mais hediondas, era utilizada pela medicina em transtornos mentais), que será realizada em Babydoll.
A válvula de escape para todo este tormento movida pela moça órfã, é seu cérebro, suas fantasias tornam-se uma realidade alternativa. As aventuras de Babydoll são ilusões surreais, a genialidade de sua loucura é incrível. Em cada transe, ela tem uma missão a ser completada, em busca de objetos muito importantes para o seu corajoso plano de fuga, tais tarefas são enviadas por um Sábio (Scott Glenn). Claro, que tudo isso auxiliado pelas outras Sucker’s: Sweet Pea (Abbie Cornish), Rocket (Jena Malone), Blondie (Vanessa Hudgens) e Amber (Jamie Chung), quatro internas que compartilham do desejo de fuga do bordel. Fugir do destino cruel e sem piedade é o que move Babydoll e suas amigas a planejarem de maneira específica cada missão.
Bem, pela sinopse meio complexa, dá para notar que se trata de uma super produção. Zack Snyder já era um diretor que prometia uma carreira brilhante, sua ascensão se deu em 2004 com o filme Madrugada dos Mortos, um remake de A Noite dos Mortos Vivos. Depois deste sucesso, tornou-se queridinho de hollywood após dirigir outros campeões de bilheterias. 300, Watchmen e o tão esperado Man of Steel (o novo Superman). O cara simplesmente se garante e tudo que ele toca até agora virou ouro. Não é um diretor de filmes cult, mas é de outro estilo, ação e fantasia são suas características.


O diretor afirmou que Sucker Punch é um moderno Alice no País das Maravilhas, com metralhadoras, ação e sangue. O filme é uma mistura de anime, mangás, ação, drama, suspense, psicologia pela loucura da protagonista e filosofia em suas teorias de realidades alternativas. Tudo isso é um ode à loucura!!! A primeira coisa que você irá notar ao assistir ao filme é sua fotografia (sempre noto, apaixonada por photography). É de tirar fôlegooooo, não é exagero, a imagem acima demonstra isso muito bem!
Fiquei tão embasbacada com isso que tive de pesquisar o nome do sujeito responsável por tão belo trabalho. Larry Fong é o cara, não o conhecia, mas seus últimos projetos são ótimos, prova disso é a forma com que usou seu talento em Sucker Punch. Ele usa e abusa das cores pálidas, cinzentas, frias com toques de sinistro quando se trata do mundo surreal de Babydoll. Ao se voltar para o bordel, os tons são coloridos, vivos, alegres (se é que existe isso aqui), combinando com clima cabaret do local. O legal é que esta aquarela cinematográfica que Fong utiliza, faz do espectador um objeto simplório fetichista. Fetiche causado pela beleza do visual, assistimos e ficamos transcendentes, pedindo mais, quero mais cores, quero imagens divinas! Um ode ao belo! A beleza das personagens também conta e muito, isso causa furor para a ala masculina!


Claro que talento para atuar conta, e muito! De todos os atores que estrelam o longa, cito Scott Glenn, o esquisito homem sábio. Um veterano do cinema, com certeza você já viu ele em muitos filmes. Carla Gugino sempre bela, o sotaque sabiamente colocado. Vanessa Hudgens e Jamie Chung são as mais apagadas, não por falta de talento, mas sim pela falta de embasamento de suas histórias pessoais. O que ajuda é a beleza de ambas e o fetiche asiático de Chung. Abbie Cornish e Jena Malone fazem muito seu trabalho, interpretam as irmãs sofridas e rejeitadas, envolvem pela afetividade. 


Mas de todo o elenco, a excelência de atuação fica por conta de Emily Browning! Uma atriz jovem e super talentosa, a escolha de Snyder foi perfeita. A junção de juventude e beleza delicada de Emily caiu como uma luva para sua personagem. Uma boneca de porcelana que luta com samurais, carrega metralhadoras e ainda canta algumas faixas da trilha sonora. A atriz australiana é bem conhecida por seu trabalho em Desventuras em Série, lembram dos irmãos Baudelaire e suas aventuras? Emily atua de forma divina, na forma como entona a voz, como entra em estado de coma imaginário. Perfeita! Jovens atores também tem talentos!
Outro ponto alto do longa é a trilha sonora! É muito showww! Bjork lidera a minha preferência nas músicas. A voz dela suave, ao mesmo tempo que gritante, é muito legal assistir as cenas de ação com uma música tão bem ambientada. Browning também canta, e muito bem se querem saber! Gostei tanto do cd que já está no meu mp3! A trilha é composta por nove músicas, interpretadas por covers, outros atores do longa também cantam. 1. Sweet Dreams / Are Made Of This - Emily Browning – (Eurythmics) 2. Army Of Me (Bjork) 3. White Rabbit (Jefferson Airplane) 4. I Want It All / We Will Rock You Mash-Up (Quenn) 5. Search And Destroy - Skunk Anansie – (The Stooges) 6. Tomorrow Never Knows - Carla Azar – (The Beatles) 7. Where Is My Mind? - Yoav feat. Emily Browning – (Pixies) 8. Asleep - Emily Browning – (The Smiths) 9. Love Is the Drug - Carla Gugino feat. Oscar Isaac / (Roxy Music).

Concluindo, a resenha foi extensa, mas uma crítica resumida acerca de tal filme não seria justo. Tudo em Sucker Punch é literalmente surreal, é um filme devastador em todos os sentidos. Sua estética é fora de série, é bom de se ouvir! Fico aqui na torcida para que ele se torne um clássico das super produções, um filme que me cativou, recomendo! Não é um produto demasiado reflexivo, mas com certeza depois de assisti-lo, você no mínimo vai querer repetir a dose! A dose filosófica fica por conta do elogio a loucura de Babydoll, afinal não são os loucos uns gênios? Mas, na minha opinião, o homem é tanto mais feliz quanto mais numerosas são as suas modalidades de loucura...” (Erasmo de Rotterdam - Elogio a Loucura)


Bjoooss galera! Até a próxima...


Janiê Maia Cunha Saintclair



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