“— O que faz nas horas
de folga, Montag?
— Muita coisa...
corto a grama...
— E se fosse proibido?
— Ficaria olhando crescer, senhor.
— Você tem futuro.”
— E se fosse proibido?
— Ficaria olhando crescer, senhor.
— Você tem futuro.”
Janiê
Maia 12 Dia 148
Hello guys!!! Venho
há dias tentando encontrar um filme bem ruim para criticar, mas tal tarefa está
sendo difícil! Bem que meu colega Felipe do 01PorDia já me indicou, mas ainda não assisti. Enquanto isso, hoje
vamos debater sobre um filme muito legal, altamente filosófico. Quando entrei
para a faculdade de Filosofia, tive
acesso a aulas de cinema, foi aí que conheci a obra cinematográfica do diretor François Truffaut, o que aumentou ainda
mais minha paixão por cinema e pela sétima arte francesa. E François mostra isso de forma fenomenal.
Adiante falaremos mais sobre o diretor, por hora vamos nos ater a sinopse do
filme Fahrenheit 451.
Fahrenheit
451 é
um filme do
diretor francês François Truffaut, lançado em 1966, é a adaptação da obra literária
homônima do escritor Ray Bradbury. Protagonizado por Oskar Wener e Julie Christie. Num
futuro indeterminado, a sociedade é proibida de praticar qualquer leitura, isso
mesmo, ler é altamente proibido, jornais, revista e livros! Livros são
considerados uma doença, ninguém pode ter livros, guardar ou tocar. Sob o julgo
de um regime totalitário, as pessoas que leem são presas, levadas a um
sanatório do estado e reeducadas, para que nunca mais pensem em livros. Pois
estes são considerados uns deturpadores de mentes, são eles que corrompem as
pessoas para que tenham visões diferentes daquelas que o estado dita. E os
livros? O que fazem com os livros descobertos? Eles são queimados quando um
leitor é flagrado escondendo livros em sua casa!
E
os responsáveis por esta queima são os bombeiros! Contraditório? Pois é, esta é
a magia do filme! Os bombeiros que apagam as chamas, chamados heróis, são tidos
aqui como os heróis invertidos. O estado os têm como os policiais desta
sociedade hipotética, queimam sem dó nem piedade cada livro! Um crime. Não para
eles! As casas deste futuro não queimam, são projetadas contra incêndios, por
isso os bombeiros não apagam o fogo. Eles causam o fogo, e a temperatura da queima
do papel é equivalente a 233 graus Celsius, ou
seja 451 Fahrenheit (é uma escala de temperatura utilizada pelo britânicos e
seus colonos), o ponto exato da combustão deste. Esta é grande sacada, genial ao
meu ver, do título do filme. Bombeiro aqui, literalmente, é o queimador de livros.
Guy
Montag (Oskar Werner) é um destes bombeiros, aspirante a
capitão, casado com uma mulher fetichista, capitalista e fútil (fruto da
ausência de leitura) seguindo os passos de seu pai, a profissão de bombeiro para ele, é a coisa mais
significante que existe. Porém todo esse pensamento muda ao conhecer a sua nova
vizinha Clarisse (Julie Christie), dona de uma mente livre, filosófica e
idealista, ela compartilha com ele suas dúvidas, muitas delas referentes a
questão principal do filme: por que não podemos ler os livros? Ao
ouvir este questionamento inovador, Guy que
nunca pensou nisso, simplesmente começa a se questionar sobre seus ideais, ao
se perguntar se ele estava satisfatoriamente feliz com seu “trabalho”. Durante
uma denúncia, em que uma senhora foi descoberta com uma gigantesca biblioteca
secreta em sua casa, os bombeiros são chamados para prendê-la e queimar os
livros. Guy envolto de dúvidas, lê acidentalmente
o título de um dos livros da biblioteca secreta: O tempo adormeceu sobre o
sol da tarde. Logo em seguida
a dona dos livros denunciada se recusa a deixar a casa que guarda tanto conhecimento,
para não ver seus livros destruídos, a mesma comete suicídio.
Isso deixa o tenente Guy Montag totalmente perturbado, se perguntando por que uma pessoa
se mataria por causa dos livros. Furtando mais e mais livros, ele se vê
fascinado pela leitura, pelo conhecimento que existe neles, logo sua esposa
descobre e o denuncia. Sem saída ele foge, por não querer ficar longe dos livros, daí sua
vizinha Clarisse o leva a comunidade
dos Homens-livro. Um
lugar onde os exilados da sociedade leem uma obra literária e a decoram página
por página (ideia super cool) para que sejam publicadas quando não for mais proibido
ler.
Fahrenheit
451
foi primeiro filme que assisti dele, é um filme tão inteligente, ao sintetizar
um tema bastante importante de forma inovadora. 1966 era uma ano de avanços
super tecnológicos no cinema, teatro e tv. Todavia, ao mesmo tempo que havia um
avanço significativo nesta área, o número de livros lidos diminuía, o hábito da
leitura foi se perdendo com o tempo, assim como ir ao cinema ou apreciar uma
peça teatral ficou careta! Infelizmente
a televisão tomou conta do público, os anos 60 constituíram essa fase, a
transição do conhecimento para alienação. Enquanto o socialismo ainda lutava
para manter-se firme, o capitalismo dava indícios de que ele conseguiria
alcançar seus objetivos. E conseguiu afinal, a começar pelo marketing sedutor da televisão, compre
cremes, livros não; assista novelas, livros não; aliene-se, livros te
esclarecem, então nem pensar nisso! Pode parecer chocante para muitos mais é a
pura realidade.
François
Truffaut ocupa meu top 10 diretores, é aquele cara que tem
uma ideia inovadora e transpõe para a tela. E a mesma reflexão que ele tem ao idealizar
o filme é altamente sensível ao assistirmos suas obras. Truffaut é um dos caras fundadores da Nouvelle Vague, é o cinema feito para transgredir com
os cânones do cinema comercial, aqui o foco principal é a lógica psicológica
dos personagens. É a máxima do expressionismo cinematográfico francês!
Considerado como uma das pessoas mais influentes do século XX, o diretor era
conhecido por seu charme simplista, contrapondo com seus filmes tão críticos no
enfoque de história de pessoas comuns e fatos banais. Que na conotação deste
ganhava uma forte ambientação, exemplo disso é La Femme d'à Côté (A Mulher do
Lado), outra obra prima com direito a atuação de
Gérard Depardieu. Truffaut
felizmente influenciou grandes diretores, um deles é meu querido Martin Scorsese, Tarantino entre
outros.
Primeiro filme
colorido do diretor e único na língua inglesa, ele acertou em cheio, o filme
não contém efeitos especiais incríveis, eram os anos 60. Os efeitos eram
chocantes à época, mas a cor dos cenários, figurinos, objetos, tudo bem
futurista. O vermelho é uma delas, do carro de bombeiros bem exótico a uma capa
de livro de Sartre. Os recortes de
câmera sem previsão é um charme à parte, bem típico da nouvelle vague, assim como o comportamento as vezes diferente dos
personagens. As várias referências a Guerra Fria que o diretor expõe nas cenas
são bem interessantes, não mais que uma aula de história.
Fahrenheit
451 é
um filme que contém uma crítica devastadora, se naquela época Truffaut já imaginava uma sociedade
alienada, altamente consumista e fetichista, imagina o que ele pensaria hoje!
Quer dizer, nem é preciso imaginar, para notar até que ponto chegamos. A
cultura de massa tomou conta de tudo, de igrejas de esquinas que usam dízimos como
ponto de lucro a uma revista Playboy
vendendo mais que O Hobbit. Sorry Tolkien, estamos enburrecendo
– minha palavra nova! Acho que a grande mágica do filme é isto, estamos
ficando cada vez mais burros!
Burrice
quando ouvimos roda de discussão sobre a novela, assistiu o último capítulo?!
Burrice quando um país prefere um estádio de futebol de milhões a uma escola na
casa dos milhares. E burrice quando deixamos de apreciar os livros, seja o
livro que for, afinal ninguém começa a ler por Macunaíma, grande Mário de Andrade!!!
Começamos a ler os livros básicos, para posteriormente admirar uma alta
literatura, Robert Frost que o diga!
O diálogo acima
é protagonizado pelo tenente Guy Montag,
engraçado à primeira vista, crítico na segunda. Mostra o ponto fulminante
de como a alienação bate a nossa porta, se não podemos fazer isto, vamos apenas
observar, assistir. Creio que este pensamento é o norteador do parasitismo
humano. Uma crítica sagaz e atual, mesmo quarenta e seis anos depois do
lançamento do filme, é o grande presente. Recomendo por tudo isto que falei,
citei, critiquei, desculpe pelo tons de exagero, mal dos filósofos! Não é um
filme para quem tem miolos de pote, é um filme sem frescura, meio bruto, meio
sensível, mas altamente original! “Apenas deveríamos ler os livros que nos picam e
que nos mordem. Se o livro que lemos não nos desperta como um murro no crânio,
para que lê-lo?” (Franz Kafka) P.s: naquele canal de vídeos tem o filme
completo.
Bjooooosss!!! Até mais!
Janiê Maia Cunha
Saintclair
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