Dia 138 - Felipe Pereira 130
Death Proof - 2007
Dir: Quentin Tarantino
Elenco: Kurt Russell, Zoe Bell, Rosario Dawson
Demorei pra cacete pra ver Death Proof. Primeiro por que
quase não chegou ao cinema no Brasil, depois por que é o Tarantino que tem
menos cara de Tarantino e isso nunca me atraiu muito. Ao menos era o que eu
achava até ver.
Eu adoro esse filme, acho uma obra de arte, um trabalho
de mestre! Só vim descobrir um dia desses da polemica que o rodeia, de um ódio
que ele causa em certa parte dos fãs do Tarantas. Negócio meio absurdo, tem uma
galera que odeia esse filme com todas as forças.
Eu acho genial de um jeito meio doente, meio perturbado, é
o que há de mais irregular na carreira do sujeito e, pra mim, é onde está
grande parte do charme dessa produção.
A outra parte do charme está em suas voluptuosas
protagonistas...
Death Proof é parte de um trabalho do tarantas com Robert
Rodriguez, um negócio chamado Grindhouse, que busca homenagear o antigo e o
clássico cinema B. Filmes com um orçamento baixíssimo e atores decadentes,
feitos com recursos limitados e gosto duvidoso.
A primeira parte desse projeto se chama Planeta Terror,
dirigido por Rodriguez, conta a história de um apocalipse zumbi tóxico e se
passa no mesmo mundo que À Prova de Morte. Até divide alguns personagens com
este.
Mas hoje falaremos de À Prova de Morte.
A história acompanha um grupo de mulheres que vaga tranquilamente
de carro pelas estradas dos EUA, parando em bares, trocando ideias, cuspindo
referências à cultura pop naquelas cenas sensacionais dos filmes do Taranta nas
quais nada acontece, apenas um grupo de pessoas tendo uma conversa da qual você
gostaria demais de participar... E tudo vai bem, elas são aquelas amigas pra
valer, que falam o que querem na cara da outra, choram juntas, aquela coisa
toda... É quase um Cães de Aluguel feminino, é algo extremamente prazeroso de
se ver, é quase uma hora nessa brincadeira e eu, pelo menos, vejo isso um
milhão de vezes sem me entediar. Até que elas conhecem Stuntman Mike (Kurt Russell),
um sujeito misterioso com um ar de perigo, meio escroto, causa arrepios, fala e
age como um psicopata incontrolável. Elas o conhecem num bar, o sujeito diz que
é dublê em filmes, que dirige um carro no qual não se pode morrer enquanto se
estiver dentro, fala um monte de maluquice e perturba demais as mulheres. A
primeira parte do filme acompanha esse núcleo de mulheres lidando com Mike, se
passa quase que inteiramente nesse bar (cujo atendente é ninguém menos que o
próprio Tarantino) e, em certo ponto rola uma das cenas mais sensuais e
libidinosas de todos os tempos (que eu cheguei a ver). Protagonizada por Vanessa
Ferlito, é uma cena de dança indescritível. Só vendo mesmo.
Mas, eis a grande surpresa: mesmo depois de acompanhar aquelas
mulheres por quase uma hora de filme, aos 51 minutos de projeção, o balde de
água fria... Aquelas não são as protagonistas do longa. Ainda não. Isso por que
nesse ponto, aos 51 minutos exatamente, o tal Mike em seu carro à prova de
morte passa por cima do carro das moças e acaba com a vida de cada uma delas de
uma forma quase gore. Taranta faz questão de mostrar cuidadosamente cada uma
delas, voltando a mesma cena três vezes e mudando o foco do massacre. Uma delas
voa pelo vidro, outra tem a cara arrancada, outra tem a perna arrancada, o
Dublê entra em coma, fica destruído... Uma zona. A cena acaba e você tá
catatônico, é um negócio totalmente inesperado.
Porém é somente na segunda parte que conheceremos nossas
protagonistas quando Mike, já recuperado do “acidente” encontra na estrada
outro grupo de mulheres. Dessa vez são quatro e, entre elas, está Mary
Elizabeth Winstead, a musa nerd.
O fato é que esse grupo não é tão... como posso dizer
isso sem soar extremamente machista? Interessante quanto o anterior, mas,
porém, no entanto, todavia... As mulheres são loucas de pedra. O plano delas é,
baseado num filme de carros dos anos oitenta, realizar uma manobra insana que
consiste em amarrar uma delas sobre o capô do carro e atingir o máximo de
velocidade possível com ela amarrada lá. O problema?
O problema é que Stuntman Mike está à solta e, no exato
momento em que elas estão realizando a proeza, o sujeito dá início a uma
perseguição maluca contra as moças, o que, aparentemente, as levaria ao mesmo
destino das três anteriores.
O que Mike não imaginava é que elas fossem tão loucas e
maníacas quanto ele e, não demora, o caçador vira a caça...
Death Proof é, no fim das contas, o menos Tarantino dos
tarantinos. É maluco (mais que de costume), meio sem ritmo, não tem exatamente
o que se pode chamar de um clímax e tem essa virada maluca na metade que dá
meio que uma cortada de barato, maaaasss... É um puta dum filmaço, cara. É
divertido e doente como nada que você viu na vida. É voluptuoso e sensual, tem
uma trilha sonora impecável, diálogos excelentes e um vilão psicótico de
primeira.
Sem falar na cena da dança, né?
E não deixemos de mencionar essa cena:
Por tudo isso...
-
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por comentar no 01Pd! Seja bem vindo e volte sempre!