quinta-feira, setembro 18, 2014

22 canções para se ouvir quando se está amando - Versão Nacional - 01Pd Listas



Olá, leitores/escutadores/espectadores/fãs do 01Pd! Vocês são muitos, e nós também somos seus fãs. Na verdade, eu posso dizer que sou apaixonado por vocês que nos visitam.

E falando em paixão... você já sentiu vontade de ter uma playlist pra chamar de sua quando estivesse sofrendo de amores por alguém? E se essa lista fosse feita por músicas nacionais, pérolas da MPB - ou mesmo músicas de artistas não tão conhecidos assim – porém belíssimas em sua urgência de cantar o amor, a paixão, a loucura desenfreada do napalm que vem nas flechas farpadas de Eros, o Loki do panteão grego?

Foi pensando na sua necessidade, 01Pdnauta, que criei esta lista.


Na verdade eu pensei na minha história enquanto amante/poeta, nesses trinta e dois anos em que vivi/sofri/amei, e nas músicas que marcaram meus relacionamentos. Eu sei que música é coisa mui pessoal, e quando as compartilho com vocês, de certa forma, estou mostrando um pouco de minha história.

E que história.

Mas, enfim, não foi para relembrar o passado que viemos aqui, mas para celebrar o amor. Ah, o amor. 


Segue!

1. 50 Receitas – Leoni

Esta, meus amigos, é uma daquelas clássicas obras que você gostaria de ter composto e cantado para aquela mulher a quem você amou. Ela fala da dor da separação, e da tristeza que é saber que você, que ama tanto, vai sofrer pelo simples fato de que, um dia, vai superar a falta que ela te faz. Na verdade, tudo o que você queria era jamais esquecê-la. É o famoso afogar-se na dor.

2. A Medida da Paixão – Lenine

Lenine, o esculpidor de músicas... é incrível como este cara consegue achar as palavras corretas necessárias para descrever, de maneira puramente etérea, o fim de um relacionamento. Nesta canção, pode-se perceber que o amor é inefável e imensurável, transformando qualquer tentativa de defini-lo ou de contê-lo numa necessidade desnecessária e despropositada. Mesmo assim, como todo bom poeta, nada-se contra a corrente da dor enquanto se lamenta a perda do amor que explica, mas que jamais será explicado.

3. A Outra Volta do Parafuso – Pauliho Moska

Paulinho Moska é, para mim, um dos músicos mais completos do cenário musical brasileiro. Sua sensibilidade combinada à inteligência, sua ousadia mesclada à fina ironia, o sutil jogo de palavras transforma sua música num daqueles raros acontecimentos que marcam a vida de uma pessoa. Nesta canção, Moska fala da triste descoberta de saber que a pessoa amada mente, e esta descoberta gera uma reação em cadeia que acaba destruindo a ambos, mas que mata o amante afogando-o num salto cego em direção à desilusão. Não podemos esquecer também que o título da música refere-se à imortal obra de Henry James, livro que leva o mesmo nome.

4. Antes que amanheça – Chico César

Chico César e suas riquezas... ele, que veste palavras como quem usa lentejoulas brilhantes e coloridas, transforma uma noite de amor numa poesia inundada de múltiplos sentidos, tão poderosa quanto o caleidoscópio trovejante do primeiro beijo entre amantes. O peso do desejo na música é tanto que se consegue sentir a presença da ausência da pessoa amada. Uma declaração de amor com a força do silêncio da madrugada. Belíssima, também conhecida na poderosa voz de Mme. Bethânia.

5. Por que brigamos? – Bárbara Eugênia

No Brasil, esta pérola da música ultrarromântica ficou conhecida na voz da eterna Diana – que cantava a versão feita por Rossini Pinto em cima de “I am, I said” de Neil Diamond. Mas aí, a Bárbara Eugênia – linda, com sua voz suave & rouca – fez sua releitura com uma pitada de Rock e... voilà! – canção de amor que questiona, com beleza ímpar, a necessidade das brigas diárias no relacionamento de um casal que se ama. Quem saberá? Eu me digo apenas apaixonado pela Bárbara.

6. Dezembros – Fagner e Zeca Baleiro (e Fausto Nilo)

O que acontece quando se juntam dois dos maiores músicos do Brasil, com a magia do arquiteto das palavras Fausto Nilo? Acontece “Dezembros”, uma das músicas mais lindas da carreira dos três. Bela canção que já foi até tema de novela, pega você pela complexidade e pela intensidade das guitarras, e o vocal entregue por Fagner é digno daqueles de seu início de carreira – quando ele cantava/gritava com suas múltiplas vozes aquilo que transbordava de seu coração. Linda canção de amor em uma cidade.

7. Eu Preciso Dizer Que Te Amo – Cazuza e Bebel Gilberto

A clareza de Cazuza e a doçura de Bebel nos dão essa delícia que define com muita precisão o que é estar na friendzone. “Quem nunca passou por isso que atire a primeira pedra”, dizem aqueles adultos cansados e desiludidos. Se eu tivesse um único conselho para dar ao meu eu mais jovem, seria esse: “Diga a ela que a ama”.

A memória é uma armadilha muito cruel, ainda mais quando construída sobre os “se”.

8. Figura – Orlando Moraes

A imagem da devoção total ao outro é construída aqui ao ritmo de ondas e brisas pela voz suave de Orlando Moraes. Existe uma música que seja tão perfeita para falar da total anulação de si em favor do outro? Amar assim, diluir-se no ser amado, perder-se na influência deste que passa a ser o Sol e a Lua...

9. Me Dê Motivo – Tim Maia

A desilusão de amar por tempo demais e descobrir que todos aqueles planos eram feitos de pura nuvem... quando se aposta tanto no outro, quando se ama tanto que você já não mais consegue perceber que seu amor não é retribuído com a mesma intensidade – nem com a mesma frequência. Às vezes, perceber que não há mais nada em comum entre os dois, e que alimentar esta relação seria apenas prolongar o sofrimento. Nesses instantes, então, há de se decidir o que fazer: ficar ou partir?

Basta apenas um motivo.

10. Nalgum Lugar – Zeca Baleiro

E o Baleiro ataca novamente! Pega um dos poemas mais lindos que existem, do e. e. cummings, e transforma numa canção belíssima de adoração à pessoa amada, definindo amor com flores e gotas de chuva. É muita sutileza, carinho, suavidade e sensibilidade. É uma daquelas que você jamais gostaria que acabasse, por se ver ali, pequeno, refletido diante da imensidão do sentimento entre duas pessoas de maneira completamente indefinível. Somente a música e a poesia podem atingir as profundidades insuspeitas do ser humano, e tocar o que, na falta de melhor definição, chamamos de amor.

11. O Tempo – Cidadão Instigado

Ah, o que dizer de Cidadão Instigado, uma das bandas mais fantásticas da cena musical daqui, do Ceará? Eu sei o que dizer: são bons. Muito bons.

O Tempo é uma daquelas músicas que falam do fim, da tristeza do após e da tentativa de se apoiar no Pai Tempo para se curar. O problema? Pai Tempo não cura: devora e mata. Então, tudo o que se pode fazer é afogar-se em sofrimento e rezar, com uma esperança frágil, que amanhã seja melhor, e que consigamos, ambos, perdoar e esquecer. Ou nenhuma das coisas.

Sim, o Tempo é um amigo precioso, mas traiçoeiro.

12. O Tempo Não Passou – Celso Fonseca

Sabe aquela noite em que você, sozinho na madrugada, sente aquela saudade absurda de alguém, e pensa em escrever para ela como você está se sentindo e como anda sua vida anos depois? Pois é, eu estava assim quando ouvi a música de Celso Fonseca pela primeira vez. As horas não passavam, e aquela urgência/angústia enchia meu peito com tanta força que, de repente, a chuva na janela chorava por mim. Eu não estava tão longe, mas éramos, então, inacessíveis um ao outro. E por mais feliz que eu parecesse nas fotos, eu ainda sentia falta dela.

Tamo junto, Celso.

13. Os Barcos – Legião Urbana

Essa eu aprendi a tocar no violão nos primeiros dias, e tem um sabor especial para mim. Ela é fluída, doce e raivosa como um amor que se recusa a terminar, e você pode sentir a qualidade de Renato, Dado e Bonfá aqui, a dedicação e a entrega deles quando a música caminha rumo ao seu clímax. Ela vai, num crescente, rumo a uma declaração impossível e a não-aceitação clássica: “E você diz que tudo terminou, mas qualquer um pode ver:/Só terminou pra você.”

Urbana Legio Omnia Vinci!

14. Os Pássaros – Los Hermanos

Porra, segura a força dessa letra do Ruivo, meu irmão, e essa melodia arrastada buscando incerta um futuro cheio de promessas estranhas! Acho que quem vive assim, meio sem entender o acontecimento das coisas, sem perceber o caminho e o jeito como as coisas vão – essa pessoa não sabe ser feliz. Nem sabe se merece ser. No fim? Tudo o que há está aí, e o que se queria mesmo era só fazer de conta que não dá para saber de tudo, fechar os olhos e fazer de conta que tudo não passou de um sonho.

15. Para Onde Irá Essa Noite?

Você sai aquela noite, meio sem saber no que vai dar, só pra ver a galera, bater um papo, tomar uma cerveja... depois de um tempo chega aquela moça com um sorriso de covinhas e um rosto lindo, esculpido em pedras raras, e te conquista com aquele olhar tímido/safado que vai de você até o chão várias vezes. Você se aproxima, os amigos apresentam e, no decorrer da noite, entre nomes e signos e pequenas piadas previsíveis, há uma identificação que termina num beijo e em promessas. A noite passa rápida enquanto carícias vêm e vão, até que a hora dela ir surge e você decide deixa-la em casa – só para descobrir que ela tem outro, e que ficar com você foi só a aventura de uma noite.

Você volta para casa triste, tenso e cansado, puto por ter se iludido por aqueles olhos. Os vidros abertos deixam o ar frio e seco da noite entrar como um tapa e tenta despertar, mas só consegue pensar nela. Ainda que ela tenha dito que adorou te conhecer e que, um dia, ainda pode dar certo, você sabe, com toda a certeza, que nunca será como foi hoje à noite.

Tudo isso acompanhado por um arranjo meio eletrônico e riffs de guitarra, cantado pela voz sincera e nordestina de Lucas. É simplesmente uma das músicas mais fantásticas de todos os tempos.

16. Por Tudo O Que For – Lobão


Um músico maldito? Sim, para alguns. Para a maioria, apenas maldito. Para mim? Um músico. Um puta músico.

“Por Tudo O Que For” é aquela que você canta quando seu amor vai embora e você sabe que a culpa foi toda sua, só sua. Celebrar a solidão e a dor da ausência, imaginá-la voltando pela manhã, sonhar com as pazes e com as promessas e o perdão...

“Sim, o erro é só meu”, pensa você enquanto a madrugada se estica sem fim diante da tua dor.

17. Quase Um Segundo – Paralamas Do Sucesso

Herbert Viana sussurra e pergunta “Quais são as cores/e as coisas/pra te prender?”. Assim como em “Figura”, de Orlando Moraes, aqui o amante se desdobra em mil formas, tamanhos e texturas pra tentar eternizar-se na lembrança de sua amada. Cada respiração, cada gesto, cada pensamento deste camaleão humano são para agradar a bela dona do coração dele, que se deita no chão para que ela prossiga sempre que necessário.

“Será que você ainda pensa em mim?”, pergunta o Ego.

18. Seu Olhar – Seu Jorge

É inegável que Seu Jorge tem algo de diferente. Sim, ele pode ser um cara estranho e fazer rimas impossíveis, mas o cara fez a trilha sonora de Steve Zissou com versões em português de sucessos do Bowie, meu! Ele pode ser estranho. Deixa o cara.

Esta eu estava em Natal, sozinho numa rede à noite bebendo vodca quando a ouvi pela primeira vez. Não tenho muito o que falar dela, só curtir a lembrança e a saudade boa que ela me trouxe.

(Sorri aqui agora. Hehehe.)

19. Sua Estupidez – Gal Costa

Ah, as brigas de um casal, e a mania besta de achar que estamos certos e que o outro está errado... por que não aprendemos, simplesmente, a ceder quando estamos certos e a reconhecer quando estamos errados? Qual o problema com nosso egoísmo, que nos cega junto com a rotina e nos impede de ver que o amor é maior que as pequenas coisas? Por que não aproveitar o “estar junto” para, em vez de discutir, apenas ficar juntos, fazendo planos bobos e rindo das besteiras do passado?

Uma das mais lindas do Erasmo/Roberto, e inigualável na voz da Garota Gal. Amo amo amo amo.

20. Sábado Morto – Erasmo Carlos (e Los Hermanos)

Erasmo e Amarante (e o resto do Los Hermanos) fazem uma releitura deste clássico do Tremendão. E esta nova versão é tão linda que dá vontade de chorar. Novamente o tema do amante que deseja sumir na amada, porém definido no tempo – um sábado morto. Tempo, espaço e existência dedicados àquela que doa sentido.

21. Tua – Maria Bethânia

Claro que minha Deusa não poderia ficar de fora. E nessa canção, a amante se doa ao amado com tudo o que tem, com força e plenitude – e aqui, talvez, caiba uma reflexão: o homem se entrega à mulher e permanece um indivíduo; a mulher se entrega ao homem e se transforma numa nova pessoa. Não seria então a mulher, realmente, a suprema música/poesia para definir a espécie humana?

Bethânia cantando diz que sim, e eu, seduzido, sou levado a concordar com ela.

22. Não Vá Embora - Marisa Monte

É quando acaba aquela busca desesperada por encontrar alguém que você nunca imaginou existir – apenas sonhava. E realizar este sonho é, ao mesmo tempo, a expressão suprema de desejo e a manifestação do egoísmo por estar ao lado daquela pessoa que te completa. Eu vivi essa música no Pão Music (Alguém lembra? Alguém?) na Praia de Iracema. Fantástica, uma das melhores da Marisa, naquele que eu considero seu melhor disco.

*        *       *

É claro que esta não é uma lista definitiva, e é óbvio que não falei dos temas com a pretensão de esgotá-los. Também não tenho a arrogância de pensar que com estas músicas serás capaz de amar ou de lembrar de um amor, mas... quem sabe? Bateu aquela vontade de “roer”, de sofrer, de mordiscar o cortezinho do lábio, de cutucar o dente dolorido... por que não ouvir a lista que o Michel, AKA Ladrão de Almas, preparou para você com tanto carinho? Vai me fazer sentir muito lisonjeado passar esse tempo com você. Faz de conta, amigo ou amiga, que estamos, juntos, conversando sobre nossos passados e lembrando, com nostalgia, do tempo em que podíamos amar e sofrer por amor sem cinismo e amargura.

Abraços deste que fica por aqui. Boa viagem.

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