terça-feira, janeiro 07, 2014

Carrie: filme e livro

Dia 07 Anos II

Filme: Carrie / Carrie a Estranha (2013) - IMDb 6,2
Diretor: Kimberly Peirce
Roteiro: Lawrence D. Cohen, Roberto Aguirre-Sacasa
Elenco: Chloë Grace Moretz, Julianne Moore, Gabriella Wilde


A releitura do clássico best-seller de horror de Stephen King sobre Carrie White, uma garota tímida proscrita por seus pares e protegido por sua mãe radicalmente religiosa, que desencadeia o terror telecinético em sua pequena cidade depois de ser pressionada demais em seu baile de formatura. (Sinopse).

O FILME

O remake do original de Brian De Palmer de 1976, era um dos filmes de 2013 que eu aguardava com ansiedade pra ver, fã que sou do primeiro romance do mestre King e do filme que se tornou um clássico de horror. Acompanhei as noticias sobre ele e devo dizer que passou longe do prometido. O clássico continua um clássico intocável. Por que o temos para a direção de Kimberly Peirce, é uma atualização completamente estéril que pode servir apenas para a nova audiência que eventualmente ele possa vir a ter. Remake's cinematográficos são sempre coisas arriscadas de se fazer, em especial quando envolvem obras icônicas, que nesse caso são tanto o livro como o filme original. Tire os poderes telecinéticos, a mãe louca-religiosa e um balde de sangue de porco na cabeça e no mais, tudo é uma atualização gráfica da história original que era sobre uma colegial que não se encaixa na vida em que vive. A Carrie White de Sissy Spacek do original, parece mesmo que nunca pertenceu a nenhuma panelinha da escola julgando pelo seu distanciamento e a permanente expressão aturdida. Sua beleza espontânea foi transformada por Brian numa pária, enquanto Chloe Grace Moretz não tem qualquer problema em perder a sua carranca natural, e ela até é mais bonita do que a maioria da outras garotas da sua escola. Por isso não funciona muito bem quando a namorada do cara mais popular e desejado da escola convence o mesmo a levar Carrie ao baile em seu lugar para compensa-la depois da brincadeira de mau gosto que fizeram sobre sua primeira menstruação. Cenas bobas que fazem fronteira com o famigerado Crepúsculo  é o que se segue com o bonitão se julgando cara mais sortudo do mundo por ter para si as duas mais bonitas garotas da escola. Mas Carrie tem uma carga de problemas sem tamanho em casa, na forma da mãe louca Margareth White... sem comparação com a mãe original, Julianne Moore tomando para si o papel antes vivido por Piper Laurie. Julianne tenta ser melhor e consegue com seus cabelos longos e assustador e uma disposição gelada para reprimir a filha de suas tentativas de se enturmar na escola. Carrie usa suas habilidades telecinéticas para manipular facilmente os objetos em seu redor como uma jovem Jedi ou um aluno de Hogwarts, até um ponto que faz você esquecer que ela é uma garota problemática que não consegue controlar seus poderes sinistros.



Em uma cena com seus livros escolares fazendo-os flutuar alegremente pelo quarto, você acha que ela descobriu uma maneira rápida de terminar com as tarefas, ou talvez, um substituto de  enchimento de tempo por não ter uma conta no Facebook ou no Twitter. E então quando chegarmos a inevitável e apocalíptico baile de formatura, quando Carrie vai a cidade com sua infernal e letal vingança, você vai saber que todo este remake ocorreu apenas para se testemunhar um grupo de jovens sendo coreograficamente abatidos com cuidadosos efeitos gerados por computador...  Se for esse o caso, a caluniada sequencia dos anos 90, Rage:Carrie 2 já cobriu esse terreno, sendo assim completamente desnecessário uma refilmagem.



O LIVRO

Carrie (publicado em língua portuguesa como Carrie, a Estranha) foi o primeiro romance do mestre Stephen King em 1974. King tem comentado até hoje que acha esse livro "cru" e "com um surpreendente poder de machucar e horrorizar". É um dos livros mais banidos das escolas estadunidenses (posso imaginar por que) e também o filme original, foi banido na Finlândia. Foi adaptado peça primeira vez para o cinema por Brian de Palma, em 1976, estrelado por Sissy Spacek, como Carrie. Em 1999, veio a sequencia dele, chamado The Rage: Carrie 2.

O livro usa documentos ficcionais, como extratos de livros, noticias e outras transcrições, apenas para deixar mais real a história de Carrie White, uma garota adolescente de Chamberlain, no Maine. A mãe de Carrie, Margareth White, uma cristã doentiamente fundamentalista, tem uma vingativa e estranha personalidade, e no passar dos anos, educou a jovem Carrie com uma varinha de aço e fazendo ameaças de condenação. O comportamento abusivo mental e emocional de Margareth, ocasionalmente também se transforma em abuso psíquico. Carrie não está muito a vontade na escola, por ter se fechado em seu próprio mundo, em consequência das zombarias por parte de seus malvados colegas. No começo do livro ela tem seu primeiro momento em que é vitima de uma grosseira piada. Carrie não sabe o que é menstruação, sua mãe obviamente nunca falou com ela sobre isso. De volta da educação física ela entra em pânico no banheiro ao perceber seu sangue e seus colegas aproveitam para zombar com Carrie lhe jogando vários tampões e absorventes.

Ficando apenas por aqui para não estragar o prazer de ler o livro ou ver ambos os filmes (sem pensarmos na ignóbil sequencia), resta dizer que o ponto alto da história, a vingança de Carrie depois dos eventos fatídicos do baile é bem mais elaborada no romance. Ponto em que nem o filme original e o remake fazem jus a escrita de King, que aliás, estava aqui apenas exercitando sua visão particular sobre o Bulling. Já a partir desse King sempre colocou em alguns do seus romances sua percepção do quanto algumas crianças poderiam ser cruéis.

Vale a pena dizer que King escreveu o livro e acabou por não gostar do resultado, portanto jogou direto no lixo. Sua esposa encontrou por acaso o manuscrito no lixo, leu e adorou Foi ela quem convenceu King a leva-lo a um editor que decidiu publica-lo. O Romance foi um enorme sucesso e alçou King da pobreza e obscuridade a riqueza e fama. Irônico não?

A série humorística Todo Mundo Odeia o Chris fez uma piada com o livro em um episódio intitulado todo mundo odeia o baile. Nele Chris convida uma garota chamada Carrie para o baile , mas ela desmancha o convite e os dois brigam. O narrador Chris Rock diz: "Depois eu vou fazer o pior: jogar um balde de sangue em cima dela!" (Wikipédia).

O clássico também já foi adaptado para um musical, na Broadway, em 1988. Será que King assistiu?




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