P.25 Dia 276
Imagine
um dia terrível, começa ruim desde o momento que você acorda! É um daqueles
dias que faz você relembrar os mais péssimos acontecimentos de sua vida para te
deixar mais furioso.
Tudo vem à tona em sua mente, vozes, lembranças, laços quebrados, daí você nota que a culpa não é sua. Então de quem é a culpa? Da sociedade, talvez, o homem nasce bom e a sociedade o corrompe? Talvez também! Por mais que lá fora esteja superensolarado, para uma linda manhã, tudo ocorre contra você, o levando a um ponto de ruptura, e todo o ódio que contemos dentro da gente para não machucar ninguém acaba saindo. Então você se lembra: foda-se tudo e todos, ninguém me segura.
Tudo vem à tona em sua mente, vozes, lembranças, laços quebrados, daí você nota que a culpa não é sua. Então de quem é a culpa? Da sociedade, talvez, o homem nasce bom e a sociedade o corrompe? Talvez também! Por mais que lá fora esteja superensolarado, para uma linda manhã, tudo ocorre contra você, o levando a um ponto de ruptura, e todo o ódio que contemos dentro da gente para não machucar ninguém acaba saindo. Então você se lembra: foda-se tudo e todos, ninguém me segura.
Olá
querido leitor, depois de muito tempo sem dar as faces por aqui! I’m back!
Agora com força total, problemas técnicos e afins! Creio que vocês devem está
se perguntando o que significa aquela introdução tão raivosa? Significa que o
filme em questão os deixará no mínimo revoltados, não com o movie e sim com o sistema, com o estado,
com toda essa esfera política e urbana que nos envolve. Um Dia de Fúria (Falling Down) é um filme de produções americana e
francesa do ano de 1993, é um suspense e drama. Dirigido por Joel Schumacher e estrelado por Michael Douglas, Robert Duvall e Barbara
Hershey.
William Foster
é um homem comum, trabalhador, pai de família, todo santo dia sai de manhãzinha
para trabalhar. Mas neste dia ele sentiu algo de diferente, já começa
terrivelmente mal, afinal ele sente que está furioso, mas aquela fúria é
diferente, sobretudo bastante perigosa para todos. As primeiras cenas do filme
se concentram em mostrar o nosso protagonista, William sentado pacientemente em seu carro, transpirando
generosamente, suor de ódio e impaciência, esperando um longo engarrafamento se
dissipar para seguir com sua vidinha miserável a seu ver. As feições dele são
de dá pena, os dentes serrados mostrados nos primeiros segundos de filme já nos
expõe o que devemos esperar, a ruptura total de um ser humano diante dos
outros.
William em
seu carro, mãos ao volante, suado, um calor terrível lá fora e um mosquitinho o
incomodando; de roupa social, seu charme não condiz com seu real estado de
espírito. Ele assiste obrigatoriamente as outras pessoas nos seus carros e o
comportamento de cada uma, algumas normais, outras esquisitas, e mais algumas
beirando a bizarrice. Além disso, há o som das buzinas e rádios, as reclamações
que não levam a nada, e ainda tem o carro a sua frente com uma garotinha o
observando. Se a narrativa nos deixa perturbados, imagine ele; então William toma uma decisão, simplesmente
abandona o carro no túnel diante das reclamações dos outros motoristas e sai
andando no sol, na poeira e tudo que é desgraça ocorre.
William Foster não
está com raiva por causa do engarrafamento, ele está perturbado emocionalmente,
perdeu o emprego, acabou de se divorciar e mora com a mãe porque sua situação
financeira não permite lhe comprar uma casa nova. Para piorar ele não admite
que seu casamento acabou e sua ex-mulher o proibiu de ver a filha. Tentando
relaxar ele se dirige a uma lojinha para comprar uma soda, o dono da loja é um
oriental mal educado que vende suas mercadorias a preços absurdos e a soda é
uma das coisas caras que deixam William revoltados.
Não suportando a exploração financeira e a tamanha grosseria do dono, ele toma
para si um taco de baseball e detona a loja e surra o oriental. Eu achei a cena
de uma genialidade impagável, merecida surra! A partir daí ele ver que não tem
nada a perder e exala a fúria em todos que passam por seu caminho, começamos a
acompanhar um cara massacrado que inverteu os papéis.
O
simples proletário demente enfrenta uma gangue que tenta matá-lo mas não
consegue, acabam mortos, William rouba
a sacola de armas e inicia sua saga de uma um dia de fúria. Com acontecimentos tão
incomuns, o policial Martin persegue
William que está aterrorizando as
ruas, em um dia nada bom para ele também, pois sendo sua aposentadoria próxima,
é o último dia de trabalho como policial. Ele não fere inocentes, criancinhas,
apenas quer castigar as pessoas que considera culpadas por ter chegado a tal
ponto. Uma das minhas cenas preferidas é quando ele pára em uma lanchonete, uma
clara referência ao McDonald’s, e crítica todo o sistema da franquia, sabe o hambúrguer que agente vê na foto,
grande e bonito, dá uma fome e você pede, quando eles trazem você vê a
realidade, totalmente diferente da foto, uma propaganda enganosa. É dessa
forma que ele satiriza o capitalismo fast-food.
Um Dia de Fúria é
um filme que possui beleza na maioria de suas proporções, a direção de Joel Shumacher é célebre, claro que sua
filmografia possui pérolas e fracassos merecidos, mas aqui soube dirigir magistralmente,
e compôs um clássico. A fotografia é bem inteligente, toda a película é
trabalhada nos tons vermelho e laranja, a raiva, a fúria e o sangue pulsante
são inspirações claras. O roteiro todo é composto por diálogos bem ferozes,
frases de efeito que grudam na sua cabeça e diversas formas de crítica a uma
sociedade consumista. Nosso protagonista Michael
Douglas faz jus a sua fama de ator completo, o cara se garante, a forma
como ele coloca a raiva em suas caras e bocas é simplesmente magnífico. É uma
daquelas atuações que você imita em frente ao espelho, você fica preparado para
um dia de colapso.
O
ritmo acelerado da vida urbana, a selva de pedra, a falta de uma certa natureza
no ambiente transformam o homem, o simples cidadão comum, em uma peça operante
que faz a engrenagem política e econômica girar. A chegada da modernidade, com
sua manufatura, sua revolução industrial transformou a vida social em uma
simples escalada para um nível social melhor, afinal nosso protagonista encara
muito bem isso, quando tudo e todos o olham como um cifrão. Um Dia de Fúria é uma crítica bastante
sagaz e inteligente ao ritmo frenético da urbanidade, como uma pessoa que nunca
enfrentou ou buscou violência, encontra nesta a saída para toda a sua frustração.
Assim ocorre com William, podemos
notar que quando se tem uma arma na mão nos sentimos deuses, conseguimos o que
queremos, temos a vida do outro aqui, é como dá um slow motion na velocidade diária. A revolta dele é clara, como
aquele que não tem nada a perder ele não mais se importa em matar, roubar e
ameaçar a vida de outrem.
Creio
que um filme de 1993 nunca pareceu tão atual a meu ver ao que condiz a
modernidade desenfreada e sem nexo algum. Nexo até tem, quem nunca enfrentou um
dia de fúria, claro que não vamos sair matando por aí, mas há sempre aquele dia
em que as pequenas coisas deveriam está no lugar correto como num ritual, mas simplesmente desandam. Considero William
um anti-herói, ele não é aquele que salva vidas, faz bondades, mas é aquele
cara que mata um lojista nazista porque odeia a ideia de preconceito de todas
as formas concebíveis. É aquele cara que não se encaixa na mais alta esfera
econômica por que é um desempregado.
Na
forma que a humanidade está caminhando muitos William’s já surgiram e sumiram por aí. Muitos entram em escolas e
matam colegas, outros assaltam bancos, outros são marginalizados pela
sociedade, outros simplesmente estão no poder com o colarinho branco. De toda
forma, Falling Down é uma crítica
pungente e poderosa, digna de uma análise minuciosa; afinal um homem com a vida
pessoal e profissional sem rumos tem todo o direito de ter um colapso
emocional. A aceleração de nosso ritmo nos tornam estressados, apenas assistam
e repitam a cena do engarrafamento, quando você estiver num desses, observe
tudo e pense: estamos enlouquecendo e nos degenerando, principalmente porquê não
sou economicamente viável!
Bjooosss!
Até a próxima!
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