Dia 286
The Skeptic -2009
Dir: Tennyson Bardwell
Elenco: Tim Daly, Tom Arnold, Zoe Saldana
Sabe quando te contam uma piada ruim e você fixa em dúvida
se ela é extremamente inteligente e você não a compreendeu ou se ela é tão
estúpida que chega a ser inacreditável? Essa piada ruim se chama Herança
Paranormal. E eu ainda estou tentando decidir se não entendi ou se é inacreditável.
Como o nome sugere, trata-se de um terror. Um daqueles
pilantras, bem genéricos ao qual você só se submete ao fim de uma noite de um
domingo no qual nada de interessante aconteceu. Quem nunca?
O protagonista é Bryan Becket, interpretado pelo ator Tim
Daly: uma mistura de William Bonner e Michael J. Fox, com o talento do Rob Lowe
e a voz do Superman. O sujeito é um cético ferrenho e o roteiro quer mostrar
isso a todo custo nos primeiros 15 minutos de filme, adicionando à sua
personalidade adorável, além do ceticismo fanático, um cinismo aleatório e a
capacidade de dar uma resposta engraçadinha para qualquer coisa que o digam.
Algo que oscila entre um Castle mal escrito e um House duvidoso.
O que acontece? Vou contar aqui o que eu entendi. Ainda
estou naquele estado de “É isso? Foi isso que tomou os últimos 82 minutos da
minha vida?”. Pois é, dando procedência: o filme começa com a tia do cara sendo
encontrada morta e... Vou abrir um parêntese aqui: Essa aí embaixo é a tia do
cara. Ela aparece por cerca de 3 segundos, não atua no filme, apenas é encontrada
morta da forma como aparece nessa foto.
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O que me fez pensar: “eles pagaram uma
pessoa pra fazer essa careta, um maquiador pra passar pó branco na cara dela e
um cabelereiro para deixar sua peruca com esse aspecto... fabuloso”. Michel
Euclides, reconhece a véia?
Seguindo. A mulher morreu, não tinha parentes, então a
casa sobrou pro sobrinho, o maluco que não acredita em nada. Aí o cara decidiu
se mudar pra casa, deixando a mulher e o filho sozinhos e tirando uma separação
do c*, porque, até 15 minutos atrás, ele e a mulher estavam muito-bem-obrigado,
dormindo de conchinha e tudo.
O cara se muda, a casa é estranha, ele ouve passos e
vozes. Então o amigo engraçaralho/alívio cômico forçado/advogado fracassado
dele chega e diz que a casa na verdade não é dele: a tia deixou-a de herança
para um centro de...
Putz, como é que eu vou dizer isso sem depreciar o filme
mais do que eu já estou fazendo?
A velha deixa a casa para um centro de estudos
paranormais. De herança! Herança Paranormal... ah? Ah? Captou aí a sagacidade
dos tradutores de títulos?
Mas isso não faz diferença, só serve para adicionar um
punhado de personagens sem sentido, entre eles um parapsicólogo genérico e a
Zoe Saldana em seu papel mais absurdo e sem noção. E ridículo. Ela deve ter
perdido uma aposta desgraçada pra ter topado aparecer por 15 minutos em um
filme tão nonsense, pagando de maluca e ainda ter sua cara estampada para a
eternidade no pôster dessa pérola.
Ela literalmente chega, quebra umas cadeiras, tira umas
respostas do c* (o c* é um recurso de roteiro massivamente utilizado em filmes
do gênero) e arranja umas perguntas novas, totalmente sem sentido que só tornam
a experiência mais confusa.
Aí vem baú, boneca, “alguma coisa não me quer aqui”, “alguém
morreu nesse lugar” e, por fim, “é a sua mãe”.
Aí, quando as coisas não estavam nada fáceis para o sujeito,
a mulher dele chega, faz um escândalo sem sentido nenhum, o filho dele grita
feito uma menininha, tipo a Dakota Fanning em Guerra dos Mundos. Sério, eu
deserdava o moleque na hora daquele gritinho, cês não tem noção. Doeu no
ouvido! Eu tirei os fones! E é nesse momento que...
Amanhã é segunda-feira.
Eu sei, não fez sentido, mas eu queria falar sobre a
edição do filme. Porque é desse jeito: a cena mais assustadora da Terra e, do
nada, corta pra uma reunião de escritório ou uma sessão de terapia.
O filme até tem uns sustos interessantes, mas o que assusta mesmo é a edição medonha.
Discussões malucas, diálogos bizarros, personagens que
entram e saem de cena com a mesma relevância do Ralph Fienes em Guerra ao
Terror, sustos broxados, reuniões do nada, muito c* sendo usado para tirar
resoluções fáceis para dúvidas que há cinco minutos atrás simplesmente não
existiam... E no fim de tudo, era um filminho sobre redenção e perdão.
Para essa belíssima porcaria, para esses fantásticos 82
minutos nos quais eu poderia estar... sei lá, fazendo alguma coisa, eu dou... Nada!
Zero lua! Nada! Esse filme é mais sem sentido que o final de Lost e
Homem-Aranha 3 juntos! Nada se encaixa nessa porra!
Ou isso ou é um drama iraniano fantástico e emocionante.
Eu nunca sei diferenciar um do outro.
Nesse caso eu dou cinco luas e ponho meu monóculo.
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