Dia 143 - Felipe Pereira 138
Warm Bodies - 2013
Dir: Jonathan Levine
Elenco: Nicholas Hoult, Teresa Palmer, Analeigh Tipton
Eu gostaria muito de escrever um daqueles textos no qual
eu falo mal pra caramba de um filme muito ruim hoje... De verdade, eu adoro
falar mal de coisa ruim. E eu fui ver Meu Namorado é Um Zumbi com esse intuito:
falar mal. Mas não vai rolar. Sabe por que? Por que não é um filme ruim. Não é
um filme muito bom também, é bem mediano. Mas não é ruim.
Para falar a verdade os primeiros 30 minutos dele são até
bem divertidos.
Essa é a história de R (Nicholas Hoult), um zumbi com
dilemas morais que conta sobre si em primeira pessoa, coisa bem nada a ver. Ele
conta que não lembra muito sobre a própria vida desde que ele morreu. Ele
viv... passa seus dias em um aeroporto cheio de zumbis, alguns recentes, outros
bem decrépitos. Os mais recentes até se comunicam entre si, por meio de
grunhidos e gestos, até arriscam algumas palavras. Os mais decrépitos,
esqueletos com pele, só matam e comem tudo o que aparece. R até explica que a
diferença entre os dois tipos é que o primeiro faz exatamente a mesma coisa,
mas se sente mal por isso.
A morte segue desse jeito, é a rotina do aeroporto:
vagar, grunhir e sair pra caçar. E é numa dessas caçadas que R conhece Julie
(Teresa Palmer, um clone da Kristen Stweart), uma garota durona que massacra o
bando inteiro de R enquanto esse devora o namorado dela. Ele a vê matando todos
os desmortos e não tem dúvida: aquela é a mulher da sua morte (meu texto vai
ser cheio desses clichês).
E ele sequestra ela, ela desenvolve um estágio mais
avançado de síndrome de Estocolmo, por que sem razão nenhuma ela vai na dele, e
os dois passam um tempo juntos no avião cheio de bugigangas onde R vive.
Até que os zumbis mais mortos percebem a deles, começam a
caçá-los dentro do aeroporto e eles precisam fugir.
Os humanos formaram uma comunidade pós apocalíptica e construíram
uma muralha monstruosa em torno da cidade onde vivem para se proteger dos
zumbis e tudo corre bem lá dentro, exceto que invariavelmente um pequeno grupo
de pessoas precisa ir do lado de fora buscar suprimentos e, nessa ida, o grupo
de Julie é quase que inteiramente vitimado pelo grupo do zumbi protagonista,
inclusive seu namorado Perry (que não é o ornitorrinco, mas é o irmão do James
Franco, o monocelhíco Dave Franco) que é pessoalmente estripado por R, que
devora seu cérebro e absorve suas memórias (f*da-se a lógica!) e acaba se
apaixonando ainda mais pela garota.
MNéUZ é um negócio meio zoado: é baseado num romance
adolescente entre uma garota e um zumbi que foi escrito por um coveiro, sendo
que o livro é sério e o filme é uma paródia da seriedade do livro, nada é muito
sério aqui, os minutos iniciais até arrancam umas boas risadas, a narração em
off do protagonista é cheia de pequenas sacadas inteligentes, piadinhas óbvias
e cretinas. A segunda parte do filme se concentra no romance, dá uma mudada
meio brusca, fica bem chatinho, a atenção se dispersa, fica mais comercial,
menos trash, beirando o ruim.
Um dos problemas mais graves de Warm Bodies é seu roteiro
contraditório que não se decide dentro da própria mitologia. Tem falhas, furos grandes,
“nós não falamos nada, só umas palavras” e do nada os zumbis formam sentenças
completas, as coisas acontecem muito rápida e bruscamente e o segundo ato foca
demais no romance, deixando o humor de lado...
Sem falar que a suspensão de descrença deve ser jogada
fora, por que a menina do nada vira uma donzela em perigo, os humanos são todos
incrivelmente estúpidos (mas isso é meio que crível) e o diretor fica o tempo
todo brigando pra dar algum conteúdo àquela zona enquanto o estúdio só parece
querer ganhar grana em cima do produto, gera um conflito visível entre as duas
partes...
O diretor, Jonathan Levine, por sinal tirou leite de
pedra aqui!
O elenco não se esforça demais em momento algum e olha
que o John Malcovich é o pai da garota, mas ele nem surta, tá meio apático para
um militar linha dura, dava pra trabalhar melhor isso aê, produção...
Conforme R vai se apaixonando mais pela garota ele vai
revivendo e contaminando os outros mortos que vão ficando mais humanos e, mais
uma vez, nada faz sentido nessa porra!
Mas quem se importa, o filme é uma zona!
Como eu disse antes, Warm Bodies não ofende ninguém, não aboiola
o mito do zumbi, não agride e não agrada extremamente, é um trabalho, dentro do
proposto, até bastante razoável, passa rápido e diverte em certos pontos.
Pontos altos: fotografia e trilha sonora (tanto a pop
quanto a score do Marco Beltrami são excelentes).
Pontos baixos: Teresa Palmer (muito ruim, muito Bella), efeitos
especiais (o que diabos são aqueles bonies? Que bagulho tosco, parecem anões
zumbis!) e uma certa apatia do filme que incomoda, é meio paradão demais.
No geral? Divertido, zumbi nunca enjoa, passa um tempinho
na boa.
Vá sem grandes expectativas e tente curtir, não muda
vidas, mas não mata ninguém :)
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