Dia 137 - Felipe Pereira 129
A Good Day to Die Hard - 2013
Dir: John Moore
Elenco: Bruce Willis, Jai Courtney, Sebastian Koch
O 5º Duro de Matar começa bem. Tem todo o clima de um bom
exemplara da franquia, os doze primeiros minutos tem a cara de um Duro de Matar
de boa qualidade, na verdade, enquanto há apenas conflito, o filme tem um nível
de tensão excelente, toda aquela sensação de que algo vai dar errado e John
McClane vai precisar tirar os sapatos mais uma vez. O problema é quando começa
a ação. O diretor simplesmente não sabe lidar com ação.
Eu sempre tenho a impressão de que quando todo mundo fala
mal de um filme muito fervorosamente nem sempre o filme é tão ruim, na maioria
das vezes é um equívoco generalizado iniciado por alguém influente no ramo de
falar mal de bons filmes.
Não é o caso.
DdM5 começa com um sujeito qualquer entrando
numa boate e atirando num cara qualquer. Panorâmica de Moscou, Bruce Willis
atirando, policial genérico entrega relatório, papinho furado, climinha
desconfortável, panorâmica de Moscou, Bruce Willis na Rússia. Bang Bang, boom,
crash, “estou de férias”, booom, corre, corre, “sou um péssimo pai”, Bang bang,
“estou velho”, Moscou, caras tristes, Moscou de novo, tiros...
É o negócio mais sem ritmo do mundo, um roteiro furado
com uma sucessão de coisas acontecendo aleatoriamente e nada que as ligue entre
si. É só ação, só tiroteio, uma trilha sonora deslocada e atuações econômicas
(para não dizer genéricas).
O lance é que John não vê seu filho há alguns anos e
descobre que o moleque tá preso na Rússia, acusado de assassinato. Ele vai pra
lá fazer nada a respeito, por que não há nada que se possa fazer sobre isso. É
a Rússia, porra! O que ele ia fazer? Eis que o sujeito que entra na boate e
atira num qualquer é o filho de McClane que faz parte de uma conspiração
qualquer, essas coisas aí. Mas na verdade, sendo filho de quem ele é, tudo se
trata de um plano mirabolante pra qualquer coisa e ele vai escapar e destruir
coisas e matar pessoas.
E ele é um espião.
O que mais incomoda em DdM5 é que Bruce
Willis, o astro da franquia é completamente deixado de lado, um mero
coadjuvante, uma versão piorada do que aconteceu em Indiana Jones 4. E pior, o
cara que escolheram para ser seu filho e roubar a cena que deveria ser dele é
um ator terrivelmente qualquer nota, um sósia ainda menos carismático do Sam
Worthington, um cara chato com o qual não rola empatia alguma. Pior, rola
antipatia, você simplesmente não se importa com o sujeito.
O caminho que a trama leva? Quem se importa? O que
importa é a ação, John andando de carro por cima de carros com pessoas dentro (?),
tiros e mais tiros, armas vindas de lugar nenhum e ação descontrolada. Não nos
esqueçamos das piadinhas sem graça, dos acidentes de carro sem consequências e
do vilão que só surge quando o roteiro precisa dele. E John McClane se tornou
um católico fervoroso, importante pontuar isso.
Talvez A Good Day To Die Hard não seja tão ruim quanto
está sendo pregado, mas ele, é sem sombra de dúvidas, um equívoco muito grande.
No Mínimo. Primeiro de tudo, o que mais tem sido alardeado por todo mundo, o
personagem interpretado por Bruce Willis não é John McClane. É outro cara. Um
cara bacana e tudo, mas não MccLane, A Lenda. Depois disso o roteiro é um
problema, a edição é um problema, a direção não é. Até por que para ser um
problema é necessário que houvesse o contraponto de uma solução e, aqui, nesse
caso, não há. A direção é um caso perdido. Até agora não entendo a necessidade
de mostrar uma panorâmica de Moscou a cada transição de cenário. E não são
poucas.
Problemas e mais problemas, mas há alguma qualidade? Sim!
Todas desconexas e automaticamente anuladas por problemas maiores que elas. Uma
delas é a fotografia, belíssima! Outra? Ação. Pra quem curte, o filme é um
prato cheio. As cenas de ação são lindas, as explosões são extremamente bonitas
de se ver, extremamente bem executadas. Algumas cenas são incompreensíveis, mas
são incríveis. A edição de som é meio abafada, dá uma sensação de acústica
ruim, mas o som dos tiros impressiona. Os efeitos especiais são outro ponto
forte, tem uma cena na qual pai e filho atravessam um prédio de baixo pra cima
em queda livre enquanto O MUNDO EXPLODE AO REDOR DELES e isso é fodabagarai! De
onde veio o prédio? Não sei, um segundo atrás ele não estava ali. Lei da
gravidade? Pra que? Tempo? O que é isso? A moça no helicóptero vê o tempo
passar numa velocidade, John vê em outra, o filho dele nem vê, os olhos dele
são meio apertadinhos, parece que ele tem síndrome de down, o expectador vê em
câmera lenta e é uma cena espetacular, a Cesar o que é de Cesar.
Sinceramente? Se não se chamasse Duro de Matar o filme
seria divertido. Ação inverossímil, tiros, pancadaria, Bruce Willis é sempre
bom de se ver em tela, mas... Cara, se eu fosse um adolescente de 14 anos e
jogasse Call Of Dutty, teria achado isso o máximo. Mas eu não sou. Admito, vi o
primeiro Duro de Matar um dia desses, faz só uns 3 anos, vi o 4 antes de ver
qualquer um dos outros e gosto pra cacete de todos eles... Mas isso aqui não é
Duro de Matar, é de matar, é duro de ver, mas não é isso que se espera de um
filme da franquia.
Vá por mim, veja esse troço, satisfaça sua curiosidade
mórbida. Esse é um bom dia pra morrer? Só se for pra série morrer. E,
sinceramente? Eu não sei se quero mais filmes com esse nome. Os 4 primeiros
estão de bom tamanho.
Hmmm...
ResponderExcluirAssim como o 1pd me deu vontade de ver alguns filmes, me fez perder a (já pouca) de assistir esse.
Uma pena, sempre curti os Duro de Matar.
Pois é, eu também. Mas assista mesmo assim, vai que tu enxerga o filme de outro jeito e pensa diferente. É sempre bom tirar as próprias conclusões.
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